JOGO DE PODER
O rumoroso
caso da revelação da
identidade secreta de
uma agente da CIA -
Central Intelligence
Agency - por
funcionários da Casa
Branca do governo Bush
dá argumento a Jogo
de Poder, de Doug
Liman, que faz uma
histórica e até certo
ponto bem-sucedida
narrativa dos fatos,
ocorridos em 2003,
baseando-se em dois
livros Fair Game,
deValerie Plame, e
Política da Verdade,
de Joe Wilson.
O roteiro, de Jez e John
Butterworth, bem
estruturado, retrata a
vida, posta em perigo,
do casal Joseph C.Wilson
(Sean Penn), diplomata,
e Valerie Plame (Naomi
Watts), ex-agente da
CIA, que, de uma hora
para outra, se viu
envolvido num escândalo
político de proporções
absurdas. Tudo porque
Joe Wilson, como é
conhecido, que
desempenhou missão
diplomática no Iraque,
tido como herói por
George W. Bush, deixou
bem claro - em
memorável artigo What
I Din´t Find in Africa
(O Que Eu Não
Encontrei na África),
publicado pelo The
New York Times -,
que o presidente
manipulou informações
para justificar a
invasão do país.
O jornal The
Washington Post, -
cujo repórter Robert
Novak foi o autor da
insidiosa revelação -
criticou o filme,
selecionado para
concorrer aos prêmios do
Festival de Cannes, por
apresentar diversas
distorções dos
acontecimentos. A
principal delas seria a
alegação de que Plame
estaria, ao ser
identificada pelos
burocratas do governo –
mais especificamente um
colaborador do
ex-vice-presidente Dick
Cheney, chamado Lewis
Libby -, reunindo um
grupo de cientistas
iraquianos, liderado por
Hamed (Khaled El
Nabawy), para abandonar
o país às vésperas do
ataque americano a
Bagdá, o que, segundo o
jornal, não seria
verdade.
De fato, a película
parece incensar muito,
de início, as funções
desempenhadas por Plame
nas investigações,
determinadas pela CIA,
sobre a provável
existência de um arsenal
nuclear iraquiano. Para
isso, Doug Liman usa
linguagem um tanto
evasiva, com excessiva
movimentação de câmara,
manuseada por ele
próprio, sem fazer, por
outro lado, abordagem
mais precisa de como se
dera a atuação de Joe
Wilson na embaixada em
Bagdá (1988 a 1991) e,
em sua missão a Níger
(2002), a fim de
verificar a procedência
das informações sobre a
expedição ao Iraque de
tubos de alumínio para
conectar o reator, do
que resultara sua firme
convicção de tudo não
passar de puro embuste,
ou de fantasia.
De qualquer forma,
porém, Liman, que tem a
seu crédito A
Identidade Bourne -
não os filmes
posteriores - , realiza
um trabalho correto, sem
ser, em nenhum momento,
empolgante, como o de
Paul Greengrass, em
Zona Verde, um
documento magnífico
sobre a guerra do
Iraque. Isso porque
ele relega as
implicações políticas do
caso, como a liberação
por Bush, usando o seu
poder de clemência, de
Libby, o falastrão,
condenado a dois anos
de prisão e ao pagamento
de multa de 250 mil
dólares. Vale, sob esse
aspecto da impunidade,
observar a irônica
insinuação feita por Joe
Wilson a um taxista,
quando este tenta
estabelecer um paralelo
entre a “democracia” de
seu país, Serra Leoa, e
a dos EUA.
A direção de Liman se
apoia nas
interpretações de Naomi
Watts e de Sean Penn,
que, pela terceira vez,
atuam juntos. Os dois
atores estão muito bem
na reconstituição do
conflito verdade versus
mentira, que põe em
perigo a vida conjugal.
Watts, que, aos 41 anos,
experimenta os melhores
momentos de sua
carreira, sublinha a
mutação na fisionomia de
Plame, causada pelo
abalado ânimo
profissional, a qual
ela procura evitar a
todo custo que afete a
estabilidade doméstica.
Quando ela vai em visita
aos pais Sam Plame (Sam
Shepard) e Diana (Brooke
Smith), a atriz
britânica mostra como a
personagem faz reflexão
sobre os caminhos que
daí por diante terá a
seguir em defesa de seu
lar. Sean Penn, por sua
vez, mais gordo e
envelhecido, empresta a
Joe Wilson a exata
máscara fisionômica de
quem se sente como se
fora peça descartada no
jogo.
REYNALDO DOMINGOS
FERREIRA
ROTEIRO, Brasília,
Revista
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com
www.politicaparapoliticos.com.br
www.cafenapolitica.com.br
FICHA TÉCNICA
JOGO DE PODER
FAIR GAME
EUA / 2010
Duração – 108 minutos
Direção – Doug Liman
Roteiro – Jez e John
Butterworth, baseado nos
livros Fair Game:
My Life as a Spy, My
Betrayal by the White
House, de Valerie
Plame, e Politica da
Verdade, de Joe
Wilson
Produção – Jerry Zucker,
Janet Zucker, Jez
Butterworth, Doug Liman
Fotografia – Doug Liman
e Robert Baumgarten
Trilha Sonora – John
Powell
Edição –Christopher
Tellefsen
Elenco – Naomi Watts
(Valerie Plame), Sean
Penn ( Joe Wilson), Sam
Shepard (Sam Plame),
Brooke Smith (Diane),
Khaled El Nabawy (Hamed),
Ty Burrell (Fred), Noah
Emmerich (Bill), Bruce
McGill (Jim Pavitt).
De: aureo Cesar do Valle
Data: 12 de março de
2011 09:46
Para: Theresa Catharina
de Goes Campos
Minha querida amiga, vou
ver este filme. O tema
interessa-me muitíssimo.
Abs. ACCv