POLUENTES
VERBAIS E
QUALIDADE DO AR
Tereza Halliday
– Artesã de
Textos
A
Campanha da
Fraternidade
2011, lançada
pela CNBB, tem
como tema
“Fraternidade e
a Vida no
Planeta”. Somos
exortados pelos
líderes
católicos a
praticar ações
em prol do meio
ambiente e agir
a partir de
pequenos gestos
no seio da
família.
Mensagem
transreligiosa,
pois
fraternidade é
valor universal
a cultivar pela
própria
sobrevivência do
planeta.
Consciência
ecológica
também. E nela,
o cuidado em não
poluir terra,
água e ar.
Esses elementos
precisam estar
limpos para
promover a vida.
Entre os
poluentes que
envenenam o ar
que respiramos
se encontram as
palavras
carregadas de
ódio, desdém,
sarcasmo,
zombaria, usadas
como moeda
corrente nas
interações
quotidianas. Não
se trata de
fazer a apologia
do discurso
politicamente
correto, com
suas boas
intenções ou
hipocrisia, seus
exageros e
disfunções. A
apologia aqui é
outra: evitar
que o lixo
verbal contamine
o ambiente vital
das pessoas.
Trata-se de
atentar para a
má qualidade do
ar que se
respira numa
casa,
escritório,
escola, caserna
ou fábrica,
quando moléculas
de negatividade
se espalham
pelos sons e
significados de
palavras
poluidoras e
patogênicas:
xingações,
menoscabos,
ironias
agressivas,
críticas
destrutivas. Não
passam de vômito
de emoções
negativas que
devem ser
excretadas na
privada, jamais
em espaço usado
por terceiros.
Disse um
filósofo que
palavras
pronunciadas
para depreciar
ou agredir
alguém fazem mal
a pelo menos
três pessoas:
quem as
pronunciou, quem
foi descrito com
maldade e quem
ouviu a
descrição. Se os
ouvintes forem
numerosos então
o mal se
multiplica
Observem o
quanto o ar onde
circulam
palavras
positivas de
gentileza,
encorajamento,
crítica
construtiva com
vocabulário
respeitoso,
torna-se
propício à
criatividade, ao
alto astral, à
produtividade,
ao bem estar. O
ar que
respiramos pode
ser saudável ou
insalubre
conforme a
qualidade das
palavras que
nele circulam.
Palavras
tóxicas, ar
venenoso.
Palavras
nutritivas,
meio-ambiente
sadio. Cuidados
com a qualidade
ambiental
incluem, pois,
evitar a
contaminação do
ar por palavras
poluentes e
letais. De
quebra, a
fraternidade
passa a fazer
parte do clima.
(Diário de
Pernambuco,
28/03/2011,
p.A-11) |