Theresa Catharina de Góes Campos

 
PARQUE DONA LINDU
 
Tereza Halliday – Artesã de Textos
 
Na divergência entre prefeito e moradores do bairro de Boa Viagem quanto à maneira de construir certo espaço público à beira mar, estive entre os que usaram a camiseta  “Queremos o Parque Verde”.  Continuo querendo, agora que o Parque Dona Lindu é fato consumado e plantaram um pingo de árvores e gramado na sobra de terreno que o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer permitiu. Quero o parque muito bem tratado, sem deteriorações do playground, nem desleixos de manutenção. Afinal, a dinheirama empregada na obra saiu do meu bolso também, como pagadora de IPTU e outros impostos.
 
Vistas do rés do chão, as edificações concebidas por Niemeyer, continuam a parecer duas caixas d´água. Quem conheceu a maquete percebe que foram projetadas para serem vistas da janela de um avião. Aí, sim, mostram alguma beleza. Cá de baixo, são feias, mas seu uso as redime. Tanto como teatro com palco interno e externo, como espaço de exposições, têm atraído cidadãos de várias classes sociais e levado experiências de beleza a gente que não teria acesso a certos espetáculos e obras artísticas.  Uma utilidade adicional seria instalar coletores solares nos cocurutos das ditas edificações para iluminação do parque movida a energia solar.
 
Dá gosto contemplar aqueles rostos embevecidos ou espantados, diante de esculturas e quadros, ou como plateia de música sinfônica, música popular e teatro. Dá gosto ver playground, quadra de esportes e alameda em pleno uso, por frequentadores abonados e “Gente humilde”, como cantou Chico Buarque. Falta disciplinar o uso da calçada para skates – um perigo para os transeuntes.
 
Já entrou para o anedotário político o ato de bajulação explícita, batizando o espaço com o nome da mãe do então Presidente Lula e promovendo duas inaugurações para dois prefeitos brilharem. Não obstante, Dona Lindu com sua ruma de filhos na escultura de Abelardo da Hora, personifica dignamente os sofridos migrantes nordestinos.. Fato consumado, o parque é nosso. Zelemos por ele e cobremos da prefeitura uma manutenção impecável. Filho parido, tem de cuidar dele para sempre.
(Diário de Pernambuco, 9/5/2011, p.A-11)
 
Tereza Lúcia Halliday, Ph.D.
Artesã de Textos
 

Jornalismo com ética e solidariedade.