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UM
NOVO DESPERTAR
A crise
de depressão por que
quase toda a gente passa
em algum momento, embora
pouco se goste de falar
dela, é o tema de Um
Novo Despertar,
terceira película
dirigida pela atriz
Jodie Foster e
protagonizada por Mel
Gibson, que alcançou
repercussão, no meio da
crítica internacional,
após ser lançada, fora
do concurso, no Festival
de Cannes deste ano.
O
roteiro, do estreante
Kylle Killen, narra a
história de Walter Black
(Mel Gibson), que,
temeroso de refletir
sobre acontecimentos do
passado, não trazidos à
tona, se deprime a ponto
de perder a esperança e
o gosto pela vida.
Separado da família, no
isolamento do quarto de
um hotel, ele encontra
nova razão para viver no
fantoche de um castor
que, desde então, assume
o papel de seu
porta-voz.
É por
essa tática de
sobrevivência que Walter
se reaproxima da
família. A esposa,
Meredith (Jodie Foster),
compreensiva, paciente,
aceita a interferência
do castor no diálogo com
o marido, esperançosa de
que isso resulte na
recuperação da
tranquilidade familiar.
O filho mais novo, Henry
(Riley Thomas Stewart),
por exemplo, que já
reclamava pela falta do
pai, acha a nova
situação bastante
divertida.
A maior
rejeição com que Walter
vai se defrontar é a do
filho mais velho, Porter
(Anton Yelchin), um
adolescente, rebelde,
que lhe diz: Quando
criança, eu queria ser
como você. Agora que
cresci, eu quero ser
qualquer um. Menos
você!... Por sinal,
boa parte do argumento
do filme gira em torno
do difícil
relacionamento entre
ambos – pai e filho -,
de tendências
depressivas.
É sob
esse aspecto que o
roteiro de Killen, que
tem estrutura calcada em
várias películas
recentes, falha por não
criar a expressão visual
que a complexidade do
assunto estaria a
exigir. Tudo é
esquemático e
superficial. Além disso,
Jodie Foster quis
evitar, no que fez bem,
o escapismo do tom de
comédia, que não lhe
agrada. Preferiu dar
cores fortes – embora
haja momentos de humor –
aos dramas familiares,
já que Porter se envolve
com uma colega, Norah
(Jennifer Lawrence), que
enfrenta em casa
problema semelhante ao
dele pela perda do
irmão.
A
linguagem de Foster,
límpida e objetiva,
exige que a música
comente a ação. Eis a
razão pela qual a trilha
sonora de Marcelo Zarvos,
de muito bom gosto,
ganha expressividade
para sustentar o ritmo
da narrativa,
principalmente quando
usa, num arranjo
especial, um tema de
Astor Piazzola (tangonuevo),
que, em determinadas
sequências, tem um
significado preciso.
Como atriz – lançada em
Taxi Driver -
,Foster sabe dar
destaque à atuação de
seus intérpretes. Por
isso, ela diz: - Não
há melhor diretor que um
ator.
Ela
evidentemente não está
se referindo, por essas
palavras, apenas ao
próprio trabalho, mas
também ao de Mel Gibson,
como ator e diretor, a
quem encarregou de
personificar Walter
Black, num momento em
que ele, em sua vida
particular, enfrenta
grandes problemas,
maiores talvez do que os
da personagem. No
intróito, ele aparece,
como Black, absorto em
cismas, submerso numa
piscina, de braços
abertos como os de
Cristo. Logo em seguida,
um narrador fala do
isolamento a que se
entregou Black, fechado
num quarto de hotel.
Gibson dá encarnação
corporal exata ao papel,
sem maquiagem,
explorando de forma
precisa o olhar e
forçando bastante o
sotaque australiano. Com
essas características,
ele molda uma figura que
se poderia dizer
requintada em termos de
criação artística.
Como
atriz, Jodie Foster atua
discretamente na
interpretação de
Meredith, que, para ela,
não apresenta traços
difíceis de serem
acessados. Na verdade, a
personagem representa a
própria diretora em
cena, pois, com a volta
do marido, ela deseja
que tudo funcione, como
na película, em perfeita
harmonia. Ao seu lado,
estão dois atores jovens
de muito talento:
Jennifer Lawrence,
indicada ao Oscar por
sua notável atuação em
Inverno na Alma,
como Norah e Anton
Yelchin, ( Star Trek),
como Porter.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA
TÉCNICA
UM NOVO
DESPERTAR
THE
BEAVER
EUA/ 2011
Duração –
92 minutos
Direção –
Jodie Foster
Roteiro –
Kyle Killen
Produção
–Steve Golin e Keith
Redmon
Fotografia – Hagen
Bogdanski
Trilha
Sonora –Marcelo Zarvos
Edição –
Lynzee Klingman
Elenco –
Mel Gibson (Walter
Black), Jodie Foster
(Meredith), Anton
Yelchin (Porter),
Jennifer Lawrence
(Norah), Riley Thomas
Stewart (Henry) |
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