Para melhor
explicar tudo
isso lembrei-me
do verbete –
forró –por
mim escrito para
o Dicionário da
Música
Brasileira (S.
Paulo:
Art-Editora1998)
que passo para
vocês: FORRÓ -
Abreviatura de
forrobodó
e
forrobodança
de uso comum na
imprensa
pernambucana da
segunda metade
do século XIX
para designar o
local onde
acontecia
determinado
baile popular. O
vernáculo é bem
brasileiro nada
tendo a ver com
for
all como
querem alguns
descobridores de
anglicismos. O
seu uso
tornou-se comum
na imprensa do
Recife –
América
Ilustrada nº
25/ 1882e
Mephistopheles
nº 15/1883
–sendo
classificado por
Rodrigues de
Carvalho, in
Cancioneiro do
Norte
(Fortaleza
1903)como
“bailes da
canalha” e por
Pereira da
Costa, in
Vocabulário
Pernambucano
(1908)como
“divertimento,
pagodeira,
festança”. Com o
uso continuado,
o vocábulo
forrobodó passou
a ser utilizado
em sua segunda
acepção –
forrobodança
–assim definida
na A Lanceta
nº 121 / 1913:
“... é um baile
mais
aristocrático do
que o Chorão do
Rio de Janeiro,
obrigado a
violão, sanfona,
reco-reco e
aguardente.
Nele tomam
parte indivíduos
de baixa esfera
social, a ralé
[...] A
sociedade que
toma parte no
nosso
forrobodança é
mesclada, há de
tudo. Várias
vezes
verificam-se
turras e banzés
sem que haja
morte ou
ferimentos. Fica
sempre tudo
muito camarada,
muito bem, muito
obrigado” (A
dança da moda).
A imagem
diferente nos é
pintada por
Zédantas (José
de Souza Dantas
Filho)in
Forró do
Mané Vito,
gravado por Luiz
Gonzaga em
novembro de 1949
(RCA
80.0668B)ainda
Zédantas,
Forró em Caruaru,
gravado por
Jackson do
Pandeiro em
1955, Edgar
Ferreira, in
Forró em
Limoeiro, também
gravado por
Jackson do
Pandeiro
(Copacabana nº
5155) e,
novamenteZédantas,
in Forró de
Zé Antão, também
gravado por Luiz
Gonzaga em 1962
(RCA BBL 1175B).
No final dos
anos 50, com a
construção de
Brasília, foram
transferidos
para o Planalto
Central dezenas
de milhares de
nordestinos que,
a exemplo do que
já vinha
acontecendo no
Rio de Janeiro e
São Paulo,
vieram
estabelecer os
seus bailes
populares com o
título de
forró,
geralmente
antecedendo ao
nome do
proprietário: “o
forró de Zé do
Baile toca o ano
todo/ toca o ano
todo...”.
Nos nossos
dias, no
forró, a
exemplo do
baião nos
anos cinqüenta,
existe lugar
para todos os
ritmos rurais do
Nordeste e até
de outras
regiões. Sob o
seu rótulo,
vamos encontrar
o xote, o rojão,
a marcha de roda
e a marcha
junina (ambas
oriundas da
marcha popular
portuguesa), o
xenhennhém, a
toada, o samba
rural, o xaxado,
o coco, a
mazurca, a
rancheira e o
próprio baião;
como também
ritmos
alienígenas como
o merengue
que aparece
travestido de
lambada e
quadrilha.