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								 UM 
								LUGAR QUALQUER 
								Em 
								seu novo filme, Um Lugar Qualquer, Sofia 
								Coppola usa linguagem mais sóbria do que em seus 
								trabalhos anteriores para expor, quase sem 
								dramaturgia, o tédio que toma conta da vida de 
								um ator medíocre - bem posicionado, porém, como 
								ídolo do cinema por sua aparência física -, que 
								disso se conscientiza ao conviver por alguns 
								dias com a filha de onze anos. 
								O 
								roteiro, escrito pela própria Sofia, com poucos 
								diálogos, traça o perfil de Johnny Marco 
								(Stephen Dorff), acidentado com fratura em um 
								dos braços durante uma filmagem. Ele se 
								recupera, hospedado no luxuoso Chateau Marmont 
								Hotel, em Los Angeles, assediado por mulheres e 
								cercado de todas as mordomias. 
								Com 
								uma Ferrari à disposição, Johnny sai à noite, 
								completamente desconectado com a vida real, à 
								procura de bebidas, de garotas e das drogas mais 
								em voga. Em uma das festas que vai, após receber 
								tapinhas nas costas de amigos, é indagado por um 
								deles sobre o seu método de composição de 
								personagem, ao que responde, com naturalidade, 
								não ter nenhum, mas apenas um bom agente. 
								No 
								dia seguinte, ele não fica à vontade, posando 
								para um fotógrafo (Christopher James Taylor), ao 
								lado de Rebecca (Michelle Monaghan), sua 
								parceira na película a ser lançada, pois dela 
								recebe indelicadezas, apesar dos sorrisos 
								forçados que ambos exibem para o registro 
								fotográfico. Um primeiro baque ele sofre, logo 
								depois, quando, num teste de maquiagem, verifica 
								como ficaria o seu rosto marcado pelo 
								envelhecimento. 
								E 
								quase ao mesmo tempo, Johnny recebe telefonema 
								da ex-mulher, pedindo-lhe que leve a filha, Cleo 
								(Elle Fanning), à aula de ballet em pista de 
								gelo. Ele se entusiasma ao ver a desenvoltura de 
								Cleo sem saber que ela já vinha estudando 
								patinação desde há algum tempo.  
								Ao 
								regressar, recebe comunicado de que deverá 
								viajar à Itália a fim de promover o seu filme e, 
								de imediato, a ex-mulher lhe fala pelo telefone 
								que não quer mais ficar com a filha durante um 
								certo prazo. Encarrega-o de encaminhá-la a uma 
								colônia de férias, situada num campo perto de 
								Las Vegas. Como não tem tempo para isso, ele 
								decide levá-la antes à Itália. É durante essa 
								viagem, que Cleo lhe expõe suas mágoas: - 
								A minha mãe não quer mais 
								ficar comigo e você nunca está por perto!... 
								Por 
								conter perceptíveis elementos autobiográficos, a 
								narrativa de Sofia, apesar de não ter o charme 
								da de Encontros e Desencontros (2003), de 
								temática semelhante, assume tom melancólico, 
								poético, que a identifica com o estilo europeu, 
								talvez com o barroquismo de Wim Wenders – 
								observem-se as cenas de estradas ao começo e ao 
								final da película -, razão pela qual, ao que se 
								acredita, conquistou o Leão de Ouro de Veneza no 
								ano passado. 
								
								Sofia é cáustica na sua crítica aos meios de 
								comunicação social, particularmente quando 
								investe contra os programas televisivos de 
								auditório - no caso, os da Itália -, templos de 
								sagração das chamadas “celebridades artísticas”, 
								ocas, vazias, as quais, como Johnny, nada têm a 
								oferecer ao público que, inebriado, assiste às 
								suas instantâneas aparições. Note-se a breve 
								participação de Benício Del Toro, como uma 
								dessas “celebridades”.  
								Dos 
								atores Stephen Dorff e Elle Fanning, que 
								interpretam pai e filha, Sofia exige atuação 
								discreta ao exato tom de sua linha de direção. 
								Dorff (Inimigos Públicos) ganha ótima 
								oportunidade, assim, de realizar uma composição 
								ao seu estilo. Ele usa uma só máscara cambiável 
								– do nojo à alegria - e a voz macia para com as 
								diversas mulheres que encontra até o momento em 
								que, ao telefone, despreza o artificial, a fim 
								de confessar, em lágrimas, a uma delas a 
								terrível impressão que, pela primeira vez, tem 
								de si mesmo. E cai na depressão. Fanning, como 
								Cleo, (alter ego de Sofia), é a própria 
								delicadeza em pessoa, quando dança, chora ou 
								repreende o pai, apenas com o olhar, como o faz 
								no luxuoso hotel italiano. 
								
								 
								REYNALDO DOMINGOS FERREIRA 
								ROTEIRO, Brasília, Revista 
								
								
								www.theresacatharinacampos.com 
								
								
								www.arteculturanews.com 
								
								
								www.noticiasculturais.com 
								
								
								www.politicaparapoliticos.com.br 
								
								
								www.cafenapolitica.com.br 
  
										
										FICHA TÉCNICA 
										UM LUGAR QUALQUER 
										
										SOMEWHERE 
										 
										EUA/2010 
										 
										Duração – 97 minutos 
										Direção – Sofia Coppola 
										Roteiro – Sofia Coppola 
										Produção – G. Mac Brown, 
										Roman Coppola, Sofia Coppola e Francis 
										Ford Coppola 
										Fotografia – Harris 
										Savides 
										Trilha Sonora – Phoenix 
										Edição – Sarah Flack 
										
										Elenco 
										– Stephen Dorff (Johnny Marco), Elle 
										Fanning ( (Cleo), Michelle Monaghan 
										(Rebecca), Christopher James Taylor (Fotógrafo), 
										Benício Del Toro (Celebridade), Laura 
										Chiati (Sylvia), Paul Greene (Massagista).  | 
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