Theresa Catharina de Góes Campos

  MARECHAL RONDON
Museu do Índio
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Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu, em 1865, em Mato Grosso. Fez seus estudos elementares em Cuiabá, onde ingressou no Exército, graduando-se em Ciências Físicas e Naturais pela Escola Militar da Corte em 1890. Ocupou o cargo de professor-substituto de Astronomia e Mecânica, logo abandonado para engajar-se na Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia (1890-1898). A comissão, encarregada de construir 583 quilômetros de linhas de Cuiabá a Registro, na margem esquerda do rio Araguaia, passava pelo território dos índios Bororo que, vítimas de sucessivos massacres, se constituíam no principal obstáculo às comunicações entre Goiás e Mato Grosso. Nessa ocasião, Rondon efetuou suas primeiras ações junto ao grupo indígena, contatando os Bororo do rio Garças, com os quais manteve estreitos vínculos por toda a vida. A carreira do indigenista Rondon foi fortemente marcada pelas concepções positivistas.
A necessidade de proteger militarmente as fronteiras brasileiras e favorecer o progresso econômico resultou na organização da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso (1900-1906) e da Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915), chefiadas por Rondon. Paralelamente aos seus objetivos estratégicos, essas comissões tiveram um papel pioneiro junto às populaçoes indígenas contatadas, demarcando suas terras e assegurando aos índios trabalho nas obras para a instalação das linhas. A segunda, conhecida por Comissão Rondon, destacou-se pelo seu caráter científico, dando origem a uma série de estudos elaborados pelos mais importantes especialistas da época. A Comissão Rondon teve sob seus cuidados o contato com grupos indígenas desconhecidos, permitindo o estabelecimento de um padrão de relacionamento com essas populações. Isso contribuiu para a configuração de um corpo de normas e técnicas de pacificação. Assim, foram "pacificadas" diversas tribos consideradas hostis como os Kepkiriwát, Ariken e Nambikwara. Estes tornaram-se exemplos de modelo rondoniano de indigenismo, sintetizado na legenda "Morrer se preciso for, matar nunca".
Evidenciava-se a necessidade da intervenção do Estado nas relações entre populações indígenas e sociedade nacional, intensificadas com a abertura de diversas frentes de expansão capitalistas. A polêmica envolvendo amplos setores da vida nacional sobre a regulamentação desses contatos levou, em 1910, o governo a criar o Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Para a direção geral, foi convidado Cândido Rondon, que conferiu à instituição as atribuições de assistência e proteção aos grupos indígenas dentro do princípio de respeito à diversidade cultural.
Em 1939, o General Rondon assumiu a presidência do recém-criado Conselho Nacional de Proteção ao Índio, retomando a orientação da política indigenista, a fiscalização da ação assistencial do SPI e a vigilância dos direitos indígenas.
Em 1952, Rondon apresentou ao Presidente Getúlio Vargas o projeto de criação do Parque do Xingu e testemunhou a criação, sob sua inspiração direta, do Museu do Índio, destinado a coletar material sobre as culturas indígenas, produzir conhecimento e repassá-lo à sociedade brasileira como forma de combater os preconceitos existentes contra os indígenas.
Morreu em 1958, deixando como principal contribuição ao indigenismo nacional a formulação de uma política de respeito ao Índio e de responsabilidade histórica da nação brasileira pelos destinos dos povos indígenas que habitam o território nacional.
 

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