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FREI GALVÃO - Místico e Contemplativo -
www.diocesefranca.org.br
Santo Antônio de Sant'Ana Galvão
(São Frei Galvão),
"Post partum, Virgo, inviolata permansisti. Dei
Genitrix, intercede pro nobis"
(Depois do parto, ó Virgem, permaneceste
inviolada. Mãe de Deus, intercede por nós)
(Pílulas de Frei Galvão)
No Boletim do mês passado apresentei alguns
dados biográficos do futuro santo e um pouco de
história (Primeira Parte), agora apresento nesta
edição a segunda parte: "Alguns aspectos da
espiritualidade e apostolado de Frei Galvão".
FREI ANTÔNIO SANT'ANA GALVÃO - 1739 a 1822
Segunda parte: Alguns aspectos da
espiritualidade e apostolado de Frei Galvão
Místico e Contemplativo: Homem de oração e
devoto de Nossa Senhora
Frei Galvão distingui-se, primeiramente, por uma
rica "espiritualidade franciscana e mariana". Um
verdadeiro filho de São Francisco: homem de
oração, de vida simples e penitente. Um devoto
apaixonado de Nossa Senhora: no dia em que
professou na Ordem, fez "juramento de defesa à
Imaculada Conceição" como era costume naquele
tempo. Os Frades eram defensores do privilégio
da Conceição Imaculada, cujo dogma só foi
proclamado em 1854. Mas, 4 anos depois da
ordenação, Frei Galvão aprofundou aquele
compromisso, assinando com o próprio sangue uma
"Cédula irrevogável de filial entrega a Maria
Santíssima, minha Senhora, digna Mãe e
Advogada", pela qual consagrava-se "como filho e
perpétuo escravo" da Mãe de Deus.
Era uma espiritualidade que nasceu e se
alimentava de uma forte experiência de Deus. E
se manifestava em convicções e atitudes muito
claras e firmes: absoluta confiança na
Providência Divina e submissão total à vontade
de Deus.
A partir dessa base, dá para entender bastante
bem de seu comportamento e ações. Era de
obediência irrestrita. Nomeações e
transferências: logo as assumia e se punha a
cumprir. Decisões de autoridades a seu respeito:
obedecia sem pestanejar. Vejam-se, por exemplo,
a nomeação e transferência para o Noviciado de
Macacu, a ordem do Governador quanto ao
fechamento do Mosteiro e quanto a sua expulsão
da cidade, etc. O que entendia ser vontade de
Deus, como as inspirações da Irmã Helena, corria
para pôr em prática. Por traz havia sempre a
serenidade de quem confia em Deus.
Podem ser vistas como expressões fortes da
mística e contemplação de Frei Galvão sua luta e
empenho, por mais de 40 anos, em favor da
fundação do Recolhimento da Luz e da formação e
direção espiritual das Irmãs para a vida
contemplativa, e sua fidelidade, por 60 anos, ao
juramento de servir à causa da Conceição
Imaculada e propagar sua devoção.
A quem lhe pedia uma graça, Frei Galvão
recomendava invocar a Imaculada Mãe de Deus,
engolindo um papelzinho com a invocação a Maria,
sempre Virgem, em sinal de confiança nela e de
proclamação da mensagem da Conceição Imaculada,
escrita no papel. Como é sabido, a pílula por si
mesma não tem nenhum poder miraculoso, ela só
produz efeito se for tomada não como uma forma
de magia, mas como sinal e expressão da fé e
confiança em Deus por Maria. É assim que ainda
hoje as pílulas de Frei Galvão têm ajudado muita
gente.
Pregador e Missionário Itinerante: Apóstolo de
São Paulo
Impulsionado pelo amor de Deus, que trazia no
coração, Frei Galvão foi o grande pregador e
anunciador da Palavra de Deus, tendo como centro
de sua ação evangelizadora a cidade de Paulo.
Logo que terminou os estudos, foi eleito em
Capítulo Provincial "Pregador, Confessor e
Porteiro" no Convento São Francisco. A sua
pregação estava sempre aliada com o contato
direto com o povo: a acolhida no Confessionário
e Portaria, sua bondade e compreensão, seus
conselhos e orientações, seu socorro e ajuda aos
necessitados, enfermos e sofredores. Pouco a
pouco sua fama atravessou fronteiras.
Sempre a pé, andou a pregar por muitas
localidades fora da cidade: Sorocaba, Porto
Feliz, Itu, Taubaté, Parnaíba, Indaiatuba, Mogi
das Cruzes, Paraitinga, Pindamonhangaba,
Guaratinguetá. A serviço da Província, viajou
para mais longe: ao Rio de Janeiro, mais de uma
vez, e chegou até Castro, Paraná, como Visitador
da Ordem. As viagens, feitas a pé, se
transformavam em roteiros missionários de
pregação às diversas localidades. Em todos os
lugares anunciava o Evangelho e a devoção à
Imaculada. Ao passar por Piraí do Sul, indo para
Castro, deixou a estampa de Nossa Senhora das
Brotas, que lá se encontra na Capela das Brotas,
e é venerada até os dias de hoje. Não seria
exagerado dizer que a devoção à Nossa Senhora da
Imaculada Conceição de Aparecida, a partir de
seu Santuário na pequena cidade do Vale do
Paraíba e ao lado de Guaratinguetá, tivesse sido
alimentada pelo trabalho de difusão desta
devoção por parte de Frei Galvão.
Frei Galvão foi chamado "Apóstolo de São Paulo".
Sua pregação tocava as pessoas e era acolhida
pelo povo de todos os lugares, que para ouvi-lo
se reunia em multidão.
Como Comissário da Ordem Terceira de São
Francisco, eleito por duas vezes, cuidou de
formar os Irmãos na vivência do ideal
franciscano como caminho de santificação e de
verdadeiro apostolado leigo.
Confessor e Conselheiro: Missionário da paz e da
caridade
O maior bem que Frei Galvão trazia no coração
era Deus. Este bem ele distribuía a quem o
procurava. As pessoas da cidade e de longe
vinham a procura de Frei Galvão para se
confessar, para buscar seu conselho e orientação
de vida. Ele se destacou como confessor e
conselheiro do povo. Portador da bênção e do
perdão de Deus, só podia mesmo trazer a paz: a
paz da reconciliação com Deus, a paz da pessoa
com outra pessoa, a paz na família, a paz na
sociedade. Em Itu, deu-se o caso de pacificação
de uma família que se costuma contar. Ele era um
conselheiro sábio, prudente, maduro, mais do que
isso, cheio de Deus. Por isso mesmo era
considerado "Homem virtuosíssimo" e foi chamado
"Homem da paz".
Além de Confessor do povo, dedicou parte
importante de sua vida, primeiro como Confessor
e Atendente das Irmãs Carmelitas, no
Recolhimento Santa Teresa, depois, até o fim da
vida, como Confessor e Diretor espiritual das
Irmãs Concepcionistas do Recolhimento da Luz.
Para o Recolhimento da Luz foi tudo: co-fundador
com a Irmã Helena, construtor, arquiteto,
pedreiro, esmoler, sustentador, Confessor,
Capelão e Orientador espiritual.
Embora sendo pacífico e pacificador, era
defensor da justiça. Basta lembrar o caso da
condenação à morte do soldado conhecido pelo
nome de "Caetaninho". Frei Galvão não hesitou em
pôr-se declaradamente em sua defesa, não
obstante o confronto inevitável com o Governador
da Capitania que ordenara a condenação, uma
condenação injusta e arbitrária.
Se era todo amor para Deus, era-o também para os
necessitados. Aprendera em família dar esmolas.
Conta-se que, em criança, dera uma toalha de
crivo e bordado da mãe a um pobre que pedia
esmolas. Acostumara a ser generoso, sobretudo
com os pobres e necessitados. Fala-se também que
ao tempo da construção do Mosteiro da Luz
passava toda semana pelos bares das proximidades
e pagava as dívidas dos serventes da obra, que
eram negros escravos.
O povo o amava e o defendia. Assim aconteceu
quando o Governador por vingança decretara o
desterro de Frei Galvão. O povo cercou a casa do
Governador que se viu obrigado a revogar a
sentença. Com razão o povo distinguiu-o com o
nome de "Homem da caridade".
Por todos estes títulos, o povo considerava Frei
Galvão um santo e sendo assim, ainda em vida,
todos o chamavam "Padre Santo". Fama esta que
não se extinguiu depois da morte, mas perdurou
por todo o tempo e o levou primeiramente à
Beatificação no Vaticano, em 1998, e agora à
Canonização em São Paulo, no dia 11 de maio de
2007.
Para a glória da Santíssima Trindade, o louvor
da Imaculada Conceição, a honra de São Francisco
e o bem de todos nós brasileiros e de todo o
santo povo de Deus. Assim Seja!.
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