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VISCONDE DE MAUÁ
Patrono do Ministério dos Transportes
VISCONDE DE MAUÁ (1813-1889) é o patrono do
Ministério dos Transportes.
Em qualquer setor de sua atividade, o
pioneirismo é a característica principal.
De ascendência humilde, Irineu Evangelista de
Sousa nasceu em Arroio Grande, município de
Jaguarão RS, em 28 de dezembro de 1813.
Não é fácil delimitar a área da ação de Mauá,
industrial e banqueiro (feito Barão em 1854 e
Visconde em 1874).
Em 1845, à frente de ousado empreendimento,
levanta os estaleiros da Companhia Ponta de
Areia, Niterói, com que inicia a indústria naval
brasileira. Em 11 anos, o estabelecimento
fabrica 72 navios, a vapor e a vela. Destruído
por incêndio ( 1857) e reconstruído três anos
depois, é derrotado por problema mais sério: a
lei de 1860, isentando de direitos a entrada de
navios construídos no estrangeiro, arruinaram a
empresa, que faliu.
Entusiasta dos meios de transporte,
especialmente das ferrovias, a ele se devem os
primeiros trilhos lançados em terra brasileira e
a primeira locomotiva -a Baronesa-, ligando o
Rio de Janeiro à raiz da serra de Petrópolis. A
estação de onde partiu a composição inaugural
(30 de abril de l854) receberia mais tarde o
nome de Barão de Mauá.
O espírito público de Mauá leva-o a apoiar
financeiramente a Estrada de Ferro Dom Pedro II
(depois Estrada de Ferro Central do Brasil),
mesmo sabendo que, pelo seu traçado, iria
desfechar golpe mortal na chamada Estrada de
Ferro de Petrópolis. Além dessas duas, Mauá
participou direta ou indiretamente na construção
das cinco primeiras ferrovias inauguradas no
Brasil: no norte, a Recife - São Francisco
(Recife and S. Francisco Railway) e a Bahia -
São Francisco (Bahia and S. Francisco Railway
Co.). Obra inteiramente sua, como o foi a
primeira dessas estradas, é a Santos - Jundiaí
(depois S. Paulo Railway), a quinta inaugurada
no Brasil (16 de fevereiro de 1867).
Também no setor bancário desempenha Mauá papel
pioneiro. Em 1851 organiza o Banco do Brasil e,
em 1852, funda a casa bancária Mauá, Mac Gregor
& Cia., com agência em Londres. A ele se deve,
ainda, o primeiro desses estabelecimentos
fundado no Uruguai - o Banco Mauá Y Cia. (1857),
com autorização para emitir papel-moeda. O Banco
Mauá Y Cia. estendeu-se a Buenos Aires. Júlio
Verne, no romance "De la Terre à la Lune" (da
Terra à Lua), escrito em 1873, cita o Banco Mauá
Y Cia. entre as principais casas bancárias da
América do Sul, com capacidade para financiar o
empreendimento de uma viagem espacial.
Ocorre, em 1864, a primeira crise econômica no
Segundo Reinado, em conseqüência de especulação
de investidores estrangeiros e agravada pela
guerra do Paraguai. Cinco bancos vão à falência.
Entres eles, em 1866, o Banco Mauá, Mac Gregor &
Cia., que prospera, no entanto, da mesma forma
que as filiais, do mesmo nome, no Prata.
Segue-se, no Brasil, um período de relativo
progresso, após a guerra do Paraguai. Em 1873,
sobrevém nova e mais séria crise econômica e
Mauá é forçado a pedir moratória, a que se
seguiu longa demanda judicial.
Em sua famosa "Exposição aos credores e ao
público" (1878), Mauá faz um relato detalhado
dos empreendimentos em que se lançou, a partir
de 1846. Considerado como sua autobiografia, o
trabalho é escrito em estilo objetivo, mas não
lhe faltam passagens de um certo amargor. A
falência é por Mauá atribuída, principalmente, à
hostilidade dos novos governantes uruguaios e
brasileiros, que não teriam procurado
facilitar-lhe os negócios do difícil transe por
que passava, mas, ao contrário, impuseram-lhe
exigências momentaneamente insuperáveis. Outra
causa, segundo Mauá, foi a decisão do Supremo
Tribunal de Justiça, em 1877, de reconhecer o
foro de Londres como o competente para julgar
sua ação contra a empresa S. Paulo Railway,
devedora de soma considerável, à organização por
ele dirigida. A justiça inglesa considerou
prescrita a dívida.
A simples enumeração dos empreendimentos em que
se lançou Mauá, feita na "Exposição ao
Credores", demonstra sua participação e
influência na vida nacional e, mesmo,
internacional. Além dos já referidos, podem ser
citados: Rebocadores do Rio Grande (1849-1850),
Cia. de Gás do Rio de Janeiro (1851-1855),
Cia.Fluminense de Transportes (1852), Diques
Flutuantes (1852), Luz Esteárica (1854-1864),
Canal do Mangue (1855-1858), Montes Áureos
(1862), Cia.de Curtumes (1860-1869), Cia. de
Carris Jardim Botânico (1861-1868),
Abastecimento de Água (1874-1877), Cia. de Ferro
do Rio Verde (1875), colaborando, assim, de
forma preciosa, para a solução do problema do
abastecimento de água à capital do Império, à
organização de empresa de transportes urbanos,
devendo-se-lhe à criação do serviço de bondes à
tração animal. Destaque especial merece a
instalação do primeiro cabo submarino
(1872-1874), ligando o Brasil ao resto do mundo,
e a Cia. de Navegação do Amazonas (1852-1872).
Sobre esta última, reafirma ainda em 1878, sua
esperança de que o governo "...não recuse dar
àquele mundo de riquezas naturais o impulso que
ele está reclamando".
Foi deputado pelo Rio Grande do Sul, nas
legislaturas de 1856, 1859-60, 1861-64, 1864-66
e 1872-75. Renunciou ao mandato em 1873, para
atender aos seus negócios, ameaçados desde a
crise bancária de 1864.
Doente, minado pelo diabetes, só descansou
depois de pagar o último vintém, vindo a falecer
em 21 de outubro de 1889.
www.transportes.gov.br
MAUÁ - O IMPERADOR E O REI
Drama biográfico sobre
o Barão de Mauá, desde a sua infância, "Mauá - o
Imperador e o Rei" (Brasil, 1999 - de Sergio
Rezende - 132 min. ) conta a trajetória pessoal
e sócio-econômica de Irineu Evangelista de
Souza, capaz de sonhar e realizar com
entusiasmo, ousadia e competência.
Seu maior ideal era o progresso do Brasil.
Nascido em Arroio Grande, no Rio Grande do Sul,
em 1813, demonstrou eficiência comercial,
destacou-se na indústria, nos campos da economia
e da política.
Com muita sensibilidade, ainda jovem se declarou
profundamente contrário à escravidão. Acreditava
nos estudos, no trabalho honesto, em negócios
éticos.
Tornou-se o homem mais rico do Império, dono de
tal poder que provocou conflitos entre os
membros da corte de D. Pedro II e os banqueiros
ingleses. Chegou a perder tudo que obtivera com
o fruto de seu trabalho árduo, inclusive o
registro comercial. Dez anos depois, conseguiu
se reerguer, pagar as suas dívidas e recuperar
a honra de seu nome.
Ao morrer, com 76 anos, era um dos homens mais
ricos do país. Paulo Betti e Malu Mader são os
protagonistas. No elenco, também se destacam
Othon Bastos, Antônio Pitanga e Roberto
Bomtempo, além de atores ingleses, como Michael
Byrne.
O filme foi rodado no Brasil e na Inglaterra.
Destaques: produção, direção, interpretação;
roteiro, direção de arte, reconstituição de
época, figurinos, maquiagem e adereços;
fotografia e trilha sonora.
(Obs. Assisti ao filme no cinema, mas pode ser
encontrado em vídeo Columbia TriStar do Brasil.)
Theresa Catharina de
Góes Campos |
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