|
|
|
|
TESTAMENTO DE CAXIAS
De: REYNALDO
FERREIRA
Data: 31 de maio de 2010 10:29
Assunto: Testamento de Caxias
Para: theresa.files
Repassando
"Em nome de Deus, Amém".
Eu, Luiz Alves de Lima, Duque de Caxias,
achando-me com saúde e meu perfeito juízo,
ordeno o meu testamento, da maneira seguinte:
sou católico romano, tenho nesta fé vivido, e
pretendo morrer.
Sou natural do Rio de Janeiro, batizado na
freguesia de Inhamerim; filho legítimo do
Marechal Francisco de Lima e Silva, e de sua
legítima Mulher, dona Mariana Cândida Bello de
Lima, ambos já falecidos.
Fui casado a face da Igreja com a virtuosa dona
Anna Luiza Carneiro Viana de Lima, Duquesa de
Caxias, já falecida, de cujo matrimônio restam
dois filhos que são Luiza e Anna, as quais se
acham casadas; a primeira com Francisco Nicolas
Carneiro Nogueira da Gama, e a segunda, com
Manoel Carneiro da Silva, as quais são as minhas
legítimas herdeiras.
Declaro que nomeio meus testamenteiros, em 1º
lugar, o meu genro Francisco Nicolas, em 2º meu
genro Manoel Carneiro, em 3º meu irmão e amigo,
o Visconde de Tocantins, e lhes rogo que aceitem
esta testamentária, da qual só darão contas no
fim de dois anos.
Recomendo a estes que quero que meu enterro seja
feito, sem pompa alguma, e só como irmão da Cruz
dos Militares, no grau que ali tenho.
Dispensando o estado da Casa Imperial, que se
costuma a mandar aos que exercem o cargo que
tenho.
Não desejo mesmo, que se façam convites pro meu
enterro, porque os meus amigos que me quizerem
fazer este favor, não precisam dessa formalidade
e muito menos consintam os meus filhos que eu
seja embalsamado.
Logo que eu falecer deve o meu testamenteiro
fazer saber ao Quartel General, e ao ministro da
Guerra que dispenso as honras fúnebres que me
pertencem como Marechal do Exército e que só
desejo que me mandem seis soldados, escolhidos
dos mais antigos, e melhor conduta, dos corpos
da Guarnição, pra pegar as argolas do meu
caixão, a cada um dos quais o meu testamenteiro,
no fim do enterro, dará 30$000 de gratificação.
Declaro que deixo ao meu criado, Luiz Alves,
quatrocentos mil réis e toda a roupa do meu uso.
Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho,
João de Souza da Fonseca Costa, como sinal de
lembrança, todas as minhas armas, inclusive a
espada com que comandei, seis vezes, em
campanha, e o cavalo de minha montaria, arreado
com os arreios melhores que tiver na ocasião da
minha morte.
Deixo à minha irmã, a Baroneza de Suruhi, as
minhas condecorações de brilhantes da ordem de
Pedro I como sinal de lembrança e a meu irmão, o
Visconde de Tocantins, meu candieiro de prata,
que herdei do meu pai.
Deixo meu relógio de ouro com a competente
corrente ao Capitão Salustiano de Barros
Albuquerque, também como lembrança pela lealdade
com que tem me servido como amanuense.
Deixo à minha afilhada Anna Eulália de Noronha,
casada com o Capitão Noronha, dois contos de
réis. Cumpridas estas disposições, que deverão
sair da minha terça, tudo o mais que possuo será
repartido com as minhas duas filhas Anna e
Luiza, acima declaradas.
Mais nada tenho a dispor, dou por findo o meu
testamento, rogando as justiças do país, que o
façam cumprir por ser esta a minha última
vontade escrita por mim e assinada.
Rio de Janeiro, 23 Abr 1874 -
Luis Alves de Lima
Duque de Caxias |
|
|
|