Theresa Catharina de Góes Campos

  PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM

É realmente uma boa surpresa Planeta dos Macacos – A Origem, do
britânico Rupert Wyatt. Embora seja ficção científica, seu argumento,
que reinicia a série – lançada em 1968 -, mas prometedora ainda de
grandes lucros, se baseia na assimilação da insanidade humana por um
animal inteligente, capaz de impor sua liderança entre os de sua
espécie em busca da formação de uma sociedade própria.

Por sinal, um dos temas subsidiários à ideia principal, tratada pelo
roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver, com base no livro de Pierre
Boulle, destaca a por assim dizer arrogância do ser humano em
pretender violar as leis da natureza sem vislumbrar que possa vir a
sofrer as consequências de seu ato. A história é a de um jovem
cientista, Will (James Franco), que trabalha num grande laboratório
da indústria farmacêutica, o Gen-Sys, procurando encontrar a cura do
mal de Alzheimer, que afeta seu pai, Charles (John Lithgow).

Quando o projeto que vem sendo desenvolvido por Will – um vírus
benigno que se pretende seja regenerador do tecido cerebral afetado –
é abandonado pelo laboratório, pois não deu os resultados esperados,
ele se vê forçado a não só cuidar do pai doente, em casa, como também
de um filhote de chimpanzé, órfão da cobaia mais promissora de suas
experiências. Assim, ele assume, de vez, a responsabilidade de ser
como um pai para o próprio pai e para o animal, que recebe o nome de
Ceasar (Andy Serkis).

Sob esse aspecto, é interessante observar como James Franco –
indicado ao Oscar por sua atuação anterior - compõe a personagem de
Will, dando-lhe a característica de um homem frágil, solitário, que,
de repente, se vê assoberbado por uma nova situação com que se
defronta. A dedicação de Will a ambas as criaturas que dele dependem é
de tal ordem, de acordo com a expressividade do ator, que boa parte da
película parece ser focada na questão do amor paternal. É por causa de
Ceasar, por exemplo, que Will se enamora de Caroline (Freida Pinto),
primatóloga, que atua como veterinária do animal.

Caroline, que consagra seu tempo aos macacos, se impressiona pela
maneira com que Will se enternece em relação a Ceasar, que trata como
se fora seu próprio filho. Ceasar, por sua vez, demonstra ter
inacreditável intelecto e capacidade cognitiva graças ao medicamento
(ALZ-112) descoberto por Will, o qual também acaba por curar a doença
de seu pai, Charles. É por não ter, entretanto, a suficiente
compreensão de que, como ser humano, os seus poderes são limitados,
que Will começa a perder, a partir de então, o controle da situação.

Ruppert Wyatt conduz a narrativa, dando-lhe a acertada tonalidade de
um thriller de suspense, mais ou menos como o fizera em seu trabalho
inicial O Escapista (2001). Ele dinamiza sua linguagem por meio de
cortes hitchcockianos bem elaborados, que se justapõem à continuidade
musical da trilha sonora de Patrick Doyle, rica em metais, a qual
ganha maior destaque na sequência do conflito por demais impactante
que se estabelece entre humanos e macacos na ponte Golden Gate de San Francisco, na Califórnia, captada sob efeitos especiais pelos técnicos
(Joe Letteri e Dan Lemmon) da Weta Digital, responsável por Avatar, de
James Cameron. Foram esses técnicos também que criaram a tecnologia
(desenho gráfico) usada pelo ator Andy Sarkis para compor, de maneira
soberba, pela primeira vez no cinema, um animal como personagem de
qualidades humanas. É um fato, sem dúvida, histórico.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM
RISE OF THE PLANET OF THE APES

EUA/ 2011
Duração – 105 minutos
Direção – Rupert Whyatt
Roteiro – Rick Jaffa e Amanda Silver, com base no livro de Pierre
Boulle, La Planète des Singes.
Produção – Peter Chernin, Dylan Clark, Rick Jaffa, Amanda Silver
Fotografia – Andrew Lesne
Trilha Sonora – Patrick Doyle
Edição – Conrad Buff e Mark Goldblatt
Elenco – James Franco (Will), Freida Pinto (Caroline), John Lithgow
(Charles), Brian Cox (John Landon), Tom Felton (Dodge), Andy Serkis
(Ceasar).
 

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