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TUDO PELO
PODER
Não se sabe se é por
idealismo, ou se por ingenuidade, que o
protagonista, de Tudo Pelo Poder,
de George Clooney, jovem assessor de
imprensa de um governador, candidato à
presidência, é levado a se movimentar
pelo maquiavélico e corrupto mundo da
política, no caso, a americana. O que
logo fica previsível, como não poderia
deixar de ser, ante o repentino
surgimento de uma estagiária, é como vai
evoluir a trama, em que ele se envolve.
A película – indicada a
disputar o Globo de Ouro de Melhor Filme
do Ano - é baseada na peça teatral,
estreada em Nova York em 2008,
Farraguth North ( estação de metrô
de Washington), de Beau Willimon. O
autor integrou a campanha do
ex-governador de Vermont, Howard Dean,
nas primárias do Partido Democrático de
2004, das quais saiu vencedor o senador
John Kerry. O argumento autobiográfico,
portanto, narra os fatos, segundo a
ótica de Stephen Meyers (Ryan Gosling),
assessor de imprensa de Mike Morris
(George Clooney), governador da
Pennsylvania, que concorre às primárias
de Ohio, com o senador Ted Pullman
(Michael Mantell).
A vitória de Morris, no
pleito, é importante, mas não lhe
garantirá a indicação. Se Pullman sair
vitorioso, será bom impulso para ele. As
duas campanhas, entretanto, vão depender
do apoio do senador Franklin Thompson
(Jeffrey Wright), Democrata da Carolina
do Norte, que poderia conseguir, para um
ou para outro, um número suficiente de
convencionais a fim de lhe assegurar a
candidatura à presidência. Após o
acirrado debate dos candidatos, Meyers,
que, tão eficiente, traz na memória
algumas das intervenções de Morris,
recebe telefonema do coordenador da
campanha de Pullman, Tom Duffy (Paul
Giamatti), convidando-o para um encontro
sigiloso.
Atordoado, Meyers chama
seu chefe, Paul Zara (Philip Seymour
Hoffman), por diversas vezes, ao
celular, que não lhe responde. Ele deixa
mensagem, na secretária eletrônica,
comunicando que tem algo a lhe dizer. No
encontro, Duffy, para sua surpresa, lhe
oferece tentadora proposta de trabalho
na campanha de Pullman ao argumento de
que Morris vai perder as primárias.
Meyers não só lhe dá as costas,
recusando a proposta, como afirma sua
confiança na vitória de Morris, e
conclui: - Demais, eu sou amigo de
Paul!...
É mais ou menos no
decorrer dessa questão, que Meyers – não
muito motivado, é verdade, pois parece
que tem alguém em mira - inicia um
relacionamento amoroso com Molly Stearns
(Evan Rachel Wood), uma estagiária na
campanha de Morris, filha de Jack
Stearns, figurão da cúpula do Partido
Democrata. Uma noite, lá pelas três da
madrugada, enquanto Molly dormia, Meyers
atende o celular dela e, para seu
espanto, quem estava na linha?... Era
Morris, que logo desliga o telefone.
Molly, indagada, confessa a Meyers que
teve um caso com o governador, no início
da campanha, durante as primárias em
Iowa, e que, em decorrência disso, está
grávida, precisando de dinheiro para
fazer o aborto.
Falta à narrativa de
Clooney, do tipo convencional, mais
ironia talvez para abordar a fábula da
perda da inocência do protagonista no
meio corrupto da política. É difícil
encaixar a figura de Meyers nos moldes
clássicos da personagem que, pura,
idealista, luta contra o meio adverso em
que atua. Pois, de fato, por mais que
Ryan Gosling procure, sob essa
orientação, ser convincente, ele
encontra sempre o óbice da estrutura
dramática em que Meyers está confinado.
Se Clooney não tivesse optado por basear
sua direção na psicologia das
personagens, é possível que esse aspecto
fosse até irrelevante. Mas acontece que
foi isso justo o que ele pretendeu. Como
intérprete de Morris, Clooney retrata
razoavelmente bem o político da
atualidade, que não enxerga limite algum
para o seu poder. Os demais atores,
dentro da linha que lhes foi imposta,
não se comprometem.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA
TÉCNICA
TUDO
PELO PODER
THE
IDES OF MARCH
EUA / 2012
Duração – 101 minutos
Direção – George Clooney
Roteiro – George Clooney, Grant Heslov e
Beau Willimon, com base na peça
Farraguth North, de Willimon
Produção – George
Clooney, Grant Heslov e Brian Oliver
Fotografia – Phedon
Papamichael
Trilha Sonora – Alexandre
Desplat
Edição – Stephen Mirrione
Elenco – Ryan Gosling
(Stephen Meyers), George Clooney (Mike
Morris), Philip Seymour Hoffman (Paul
Zara), Paul Giamatti (Tom Duffy), Evan
Rachel Wood ( Molly Stearns), Marisa
Tomei (Ida Horowicz), Jeffrey Wright
(senador Franklin Thompson), Max
Minghella (Ben Harpen), Jennifer Ehle
(Cindy Morris). |
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