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De: Tereza Lúcia Halliday
Data: 13 de janeiro de 2012 23:02
Assunto: DR. MERALDO ZISMAN - ABUSO DE
MEDICAÇÃO
Dr. Meraldo, atualmente psicoterapeuta
de jovens, foi por muitos anos, também
médico pediatra.
Eis um alerta para pais, professores,
avós, educadores médicos...
ABUSO DE MEDICAÇÃO
Meraldo Zisman
PSICOTERAPEUTA
É inegável que a geração de crianças
nascidas nesta era, a da tecnologia, é
diferente das anteriores, e as escolas
precisam se adequar ao novo perfil do
alunato. Pais, mestres e/ou responsáveis
necessitam repensar como devemos olhar
as crianças e os adolescentes, na
contemporaneidade. Adianto que sou do
tempo em que se respeitavam os jovens
como pessoas e, não os deixavam ao léu,
largados, sem lhes impor limites e/ou
regras. Por outro lado, as expectativas
em relação às crianças e aos
adolescentes aumentaram, sobremaneira,
na tradicional classe média urbana
brasileira.
O que está ocorrendo é uma inversão de
atributos. Todos se consideram capazes
de educar, mas, na verdade, quando todos
acreditam que educam ou ensinam, ninguém
educa ou ensina.
Por motivos diversos, os pais e/ou
responsáveis exigem, dos educandários, o
que não conseguem realizar no interior
dos lares. Acredito que, na maior parte
das vezes, a capacidade de vencer na
vida, é um desígnio dos pais, dentro dos
lares. Atribuir essa tarefa aos
professores representa uma fonte de
insegurança. Os professores não estão
capacitados, tampouco foram preparados,
para desempenhar tal papel.
Pais ausentes, que não podem dar a
devida atenção aos seus filhos, procuram
viabilizar, através de sua descendência,
aquilo que desejavam ter alcançado.
Sendo assim, terceirizam seus planos e
sonhos para as escolas. Sob pressão
constante, as escolas e os profissionais
das áreas psicológica, psiquiátrica e/ou
psicopedagógica, passam a atribuir aos
alunos, não poucas vezes, o diagnóstico
de portadores de TDAH (Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade ou
DDA/TDA - Distúrbio/Transtorno de
Déficit de Atenção com ou sem
hiperatividade (salvo as exceções de
praxe). Sendo assim, os jovens são
medicados, desnecessariamente.
Uma matéria recente, publicada no jornal
New York Times (dezembro de 2011),
ressalta a escassez de medicamentos
psicoativos. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1981) cabe
relembrar: os medicamentos psicoativos
"são aqueles que alteram o
comportamento, o humor e a cognição".
Isto significa, portanto, que tais
drogas agem, preferencialmente, nos
neurônios, afetando o sistema nervoso
central, ou seja, a mente humana.
O tratamento para o TDAH ou DDA/TDA
leva, muitas vezes, à depressão, ao
pânico, à ansiedade, aos distúrbios de
linguagem, e outros mal estares
psiquiátricos. Os fabricantes das drogas
Ritalina® Concerta® (medicamentos que
possuem o mesmo nome, no Brasil),
reclamam da falta de previsão, por parte
da Food and Drug Administration (FDA), a
Agência controladora da produção e
distribuição dos medicamentos, nos
Estados Unidos. Neste sentido, a
produção de drogas similares e
genéricas, naquele país, como entre nós,
apresenta-se bem menos dispendiosa,
porém, não tem sido capaz de suprir a
demanda do mercado norte americano.
Não compete a mim, como médico ou
professor titular aposentado de
Pediatria, discutir o poder da indústria
farmacêutica, ou os abusos de
diagnósticos. No entanto, confesso que
me causou espanto, o fato de a medicação
ter passado a ser receitada para
melhorar o desempenho escolar de jovens
que, em verdade, são completamente
normais. Isto é um fato gravíssimo!
Essas medicações estimulantes são, no
presente, as drogas psiquiátricas mais
receitadas para crianças e adolescentes.
Daí, para o abuso de outras medicações
assemelhadas, basta um pequeno passo. |
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