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Jornalista: só com diploma!
*Gerson Luiz Martins
A importância da formação universitária
específica nas diferentes profissões é sintoma
de uma sociedade desenvolvida, com uma educação
de qualidade e, fundamentalmente, democrática. É
certo que um diploma não é sinônimo de qualidade
e tampouco de profissionais éticos e
competentes. Contudo, a formação universitária,
principalmente nas áreas profissionais
estratégicas para o desenvolvimento social, é
condição muito importante, pode-se dizer,
imprescindível, para a consolidação democrática
e o desenvolvimento social. Neste mundo
globalizado e complexo, o gerenciamento da
informação se tornou importante demais para
ficar sob controle das empresas de comunicação
ou da classe política.
A jornalista do O Globo, Miriam Leitão, em
recente vídeo sobre a nova página web do jornal
foi muito clara ao afirmar que os jornalistas
são “profissionais da informação”. Esta
afirmação pode se apresentar muito antiga e até
mesmo um jargão largamente usado. No entanto, é
preciso refletir sobre o significado de cada
palavra, ou seja, “profissionais” se entende
aquelas pessoas que tem competência,
qualificação para atuar em determinada
atividade, não se discute a qualificação de um
profissional da saúde, da construção, do
trânsito; e “informação” palavra tão
significativa, de compreensão ampla e
entendimento profundo. O jornalista como
profissional da informação tem que estar
qualificado para isso. Precisa compreender as
ciências, a política, a sociologia, a história,
a geografia. Não basta procurar informações em
páginas web de notícias ou tampouco levantar
alguns dados oferecidos, via de regra por meio
de boletins (relises), pelas autoridades
públicas.
Nesse mesmo vídeo, em que aparece o depoimento
de Miriam Leitão, o editor executivo de O Globo,
Luis Antonio Novais, é maduro, perspicaz e
sensato em afirmar que a “notícia precisa ter
muito mais reflexão”. Ou seja, a produção da
notícia não pode ser realizada por qualquer
pessoa, por profissionais não qualificados. E a
qualificação acontece, como para qualquer
profissional estratégico para a sociedade, por
meio do curso universitário específico, neste
caso, de jornalismo.
De outro lado, o senador pelo estado de Minas
Gerais, Clesio Andrade, em recente artigo
publicado na página web na Federação Nacional
dos Jornalistas (FENAJ), destacou que é
imperativo para uma sociedade democrática a
liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa é
um elemento estratégico para que uma sociedade
cresça, se desenvolva e para que os mecanismos
políticos e, portanto, democráticos possam se
consolidar e serem garantidos ao longo dos
tempos. Andrade afirma que a liberdade de
imprensa é “um dos pilares básicos de qualquer
regime democrático”. E que, portanto, “nada mais
coerente que se exija formação adequada dos
jornalistas para que exerçam esse poder e que a
imprensa livre, ética e responsável assegure a
democracia”.
A importância da formação universitária do
jornalista também foi objeto de debate no último
Congresso Internacional de Ciberjornalismo de
Bilbao na Espanha. Com o advento das redes
sociais, há um senso comum de que qualquer
pessoa pode ser um jornalista. O fato de que
muitos podem disseminar, distribuir informações,
seja pelo Twitter, seja pelo Facebook ou outro
mecanismo na internet qualificado como rede
social, não significa que esta pessoa seja um
jornalista. Uma coisa é a distribuição da
informação, coletar dados e repassar aos outros;
outra coisa é a produção da informação, ou seja,
editar e difundir informações para a sociedade.
É certo que hoje se vive sufocado por uma
quantidade imensurável de informações, mas nem
todas são verdadeiras ou confiáveis. As pessoas
não tem tempo para ficar na internet e absorver
toda a quantidade de informação disponível. Por
isso, as pessoas assistem ao telejornal todas as
noites, ouvem o radiojornal todas as manhãs e
ainda, quando necessitam de mais informações,
acessam as dezenas de ciberjornais a cada
momento. É preciso profissionais da informação
que possam configurar melhor aquilo que se quer
saber, aquelas informações que interessam às
pessoas. E mais ainda, quantas vezes o leitor,
receptor, ficou satisfeito em termos de
informação com um comentário de um jornalista
especializado em economia ou política?
Com a infinidade de informações que circulam no
mundo na era da internet é fundamental o
trabalho de um profissional que possa auxiliar,
facilitar, administrar as informações que as
pessoas necessitam diariamente. E somente um
jornalista qualificado num curso universitário
de jornalismo tem habilidade para realizar esse
trabalho.
* Jornalista, pesquisador do Mestrado em
Comunicação da UFMS e membro da Comissão
Nacional de Ética dos Jornalistas
(www.gersonmartins.jor.br)
(Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ) |
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