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REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A COMUNICAÇÃO
DE MASSA NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
Analisemos a atuação dos meios de
comunicação social. Atuam como
geradores de conflitos
internacionais ou exercem papel
mediador/pacifista?
Promovem maior tolerância e
compreensão entre os povos, entre as
nacionalidades diversas, ou provocam
guerras e conflitos, levando
autoridades e grupos a tomar
posições belicistas?
Precisamos efetuar uma reflexão
crítica sobre a maneira como atuam,
analisar seus efeitos e
contradições.
O Correio Braziliense publicou, por
exemplo, no dia 10 de agosto de
1985, a seguinte matéria:
“JAPONESES FAZEM FESTA PELA PAZ”
Nagasaki - Sirenes de alerta de
ataque aéreo soaram e os sinos
repicaram ontem em Nagasaki nas
comemorações, marcando o
quadragésimo aniversário do ataque
nuclear norte-americano contra esta
cidade japonesa e contou com a
presença recorde de 24 mil pessoas.
Fogos de artifício espoucaram pela
cidade às 11:02 h, o momento exato
em que a bomba foi lançada, a 9 de
agosto de 1945, e provocou a morte
de cerca de 70 mil pessoas.
Enquanto um organista tocava uma
música de ninar japonesa e padres
budistas xintoístas queimavam
incensos e cantavam temas
religiosos, os mais velhos seguravam
rosários católicos ou budistas e
portavam cartazes onde se lia "possa
a paz prevalecer sobre a terra."
Todos estavam reunidos no Parque da
Paz e ficaram em silêncio durante um
minuto.
Efetuando estudos sobre a
sensibilidade dos americanos à
opinião pública, McCLELLAND (1961)
chegou à conclusão de que, mais do
que os alemães, eles concordam em
itens tais como “a opinião negativa
de outras pessoas me impede
freqüentemente de assistir a um
filme ou uma peça de teatro que eu
tencionava ver, ou "minha opinião
política é facilmente abalada pelos
editoriais que leio."
Consideremos o ensinamento de LERNER
(1958):
“A empatia é a capacidade de uma
pessoa ver-se na situação de outra.
Trata-se de uma qualidade
indispensável para as pessoas que
abandonam as estruturas
tradicionais.... Numa sociedade
moderna, o número de indivíduos que
exibem uma capacidade empática
superior é maior do que em qualquer
sociedade anterior."
Ora, os meios de comunicação de
massa conseguem aproximar o público
de outras pessoas, seus atos, idéias
e problemas. Os estranhos e
distantes transformam-se em
próximos, em vizinhos. As guerras
que, para muitos, aconteciam somente
nos "fronts" de outras nações,
passaram a ser acompanhadas
visualmente, todos os dias, por
telespectadores de todo o mundo,
além de retratadas no cinema.
Aprendamos a refletir sobre a
atuação da imprensa, falada e
audiovisual, bem como do teatro e do
cinema, com referência a conflitos e
tensões entre povos e nações,
situações de guerra, interesses e
políticas divergentes, tempos de
paz.
Interessemo-nos em conhecer textos
sobre os meios de comunicação de
massa dentro do contexto das
relações internacionais e das
preocupações atuais com a paz
universal. Exijamos a utilização dos
meios de comunicação social como
instrumentos pacifistas e promotores
do diálogo entre povos, raças e
nações, bem como da conscientização
e reflexão crítica sobre
acontecimentos e informações
pertinentes, inseridos nos relatos
envolvendo temas de relações
internacionais, no esforço comum
para se evitar uma catástrofe
nuclear.
HIPÓTESES SOBRE A COMUNICAÇÃO DE
MASSA E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
Voltamos à pergunta: Os meios de
comunicação de massa, no contexto
das relações internacionais, são
geradores de conflitos ou
pacifistas?
O público está sendo bem informado
no campo da política internacional
ou manobrado por grupos políticos
autoritários?
Os temas de preocupação universal
são considerados em seus aspectos
nacionais, regionais e locais?
O teor de tratados e convenções
internacionais é divulgado apenas em
linhas gerais ou a comunicação
impressa e não-impressa tem
procurado apresentar uma reflexão
crítica em nível de profundidade,
inclusive enfocando as causas e os
efeitos das situações relatadas?
Existe uma divulgação, aberta ou
disfarçada, de preconceitos
ideológicos, religiosos, políticos e
raciais?
A comunicação social consegue mudar
atitudes individuais e coletivas
diante de problemas complexos, como:
delimitação de fronteiras
terrestres, aéreas e marítimas;
assinatura de tratado de cooperação
técnica entre países desenvolvidos e
em vias de desenvolvimento; sanções
político-econômicas?
Os Meios de Comunicação de Massa
estão promovendo uma aproximação
(comunicação) maior entre as pessoas
e as nações?
Com o desenvolvimento tecnológico,
alguns fatos revelaram-se
instantaneamente ao público, em mais
de um país, devido à cobertura da
televisão. Quando Jack Ruby matou
Lee Oswald, em frente às câmeras de
uma rede de TV norte-americana, as
notícias transmitidas ao povo, mal
refeito do choque com a morte do
Presidente John Kennedy (22 de
novembro de 1963 -também documentada
em tempo real por um cinegrafista
amador), foram determinadas, de
certo modo, por um fator de extrema
importância: o assassínio aconteceu
sob o olhar dos telespectadores nos
Estados Unidos. Se eles não tivessem
sido testemunhas do crime, todos os
detalhes sobre o acontecimento
seriam de domínio público?
"E o que dizer da comunicação da
massa? Será que ela bloqueará a
difusão de novas idéias?” (FROMM:
1975).
A 22 de janeiro de 1969, durante a
recepção que as autoridades
soviéticas organizaram para os
cosmonautas das naves espaciais "Soyuz-4"
e "Soyuz-5", ocorreu um atentado. As
versões oficiais, atrasadas e
contraditórias, afirmavam que o ato
de violência fora dirigido contra os
astronautas. Entretanto, esta versão
não pode ser sustentada, devido a
uma testemunha ocular da História,
presente ao cortejo e que registrara
a cena, transmitindo-a para toda a
Europa: a televisão. Os
telespectadores puderam ver
claramente o automóvel dos
dirigentes soviéticos, colocado
imediatamente atrás dos cosmonautas,
desaparecer do campo de visão na
hora exata do atentado. Os
astronautas surgiram, então, na
tela, olhando para trás com ar de
curiosidade. Isso obrigou as
autoridades da União Soviética a
divulgar uma segunda versão do
acontecimento, de acordo com a qual
os disparos haviam sido feitos
contra um veículo que conduzia
“outros cosmonautas.”
A contradição aumentou quando a
agência TASS, uma noite após o
atentado, portanto, a 23 de janeiro
de 1969, divulgou sua informação,
sob o título “Ato de provocação" e
não mais chamando o autor dos tiros
de "psicopata".
Círculos oficiosos de Moscou
disseram que foi um jovem de 20 anos
quem descarregou duas pistolas
contra os carros que participavam da
recepção aos astronautas.
Reflitamos, por conseguinte, no
poder político da televisão em
qualquer tipo de sociedade, seja
capitalista ou socialista; se a TV
não estivesse presente, teria sido
muito fácil para as autoridades
soviéticas apresentarem urna versão
aceitável do atentado, ainda que não
verdadeira.
Como se mostrou incômoda, para os
poderosos do Kremlin, a presença da
televisão!
Outro exemplo a não ser esquecido é
o fato de que a guerra do Vietnam
foi documentada e transmitida pelos
meios de comunicação social
diariamente, em som e imagem,
contribuindo essa divulgação para a
formação de grupos pacifistas
norte-americanos e manifestações
organizadas em outros países.
Fiquemos atentos, portanto,
analisando o que vemos, ouvimos e
lemos, sem nos omitirmos, sem
negligenciar o exercício de nossa
cidadania.
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo- SP, 12 de fevereiro de
2012
De:
artemis coelho
Data: 13 de fevereiro de 2012 16:24
Assunto: RE: REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE
A MÍDIA NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
Para: theresa.files
Muito bom, Theresa. Gostei muito.
Artemis
De: Chieko Aoki
Data: 20 de fevereiro de 2012 22:41
Assunto: RES: REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE
A MÍDIA NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
Para: Theresa Catharina de Goes
Campos
Prezada Sra. Theresa Campos,
Muito obrigada pelo texto e parabéns
pelo conteúdo valioso para todas as
pessoas, de todo o mundo.
Se as pessoas fossem menos egoístas
e centradas nas próprias opiniões e
valores conseguiriam enxergar um
mundo maior e bem interessante.
Muito obrigada pela reflexão.
abs
Chieko Aoki
Presidente
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