Theresa Catharina de Góes Campos

  NO CINEMA, TODOS OS DIAS

(Tradução de Heloísa Helena de Castro Guimarães )

É domingo!
Irei ao cinema
após a Missa.

É verdade que segunda,
irei, uma vez mais,
ver um belo filme.

E, no dia seguinte,
no cinema estarei,
como sempre.

No momento, me encontro
já no cinema
e toda feliz.

Dentre as alegrias da vida,
grande felicidade é o cinema,
todos os dias da semana.

Se estou no cinema, eu respiro,
me sinto mais viva, unida, sensível
às dores e alegrias do meu próximo.

. .

Todos os dias da semana,
no cinema me sinto ligada ao mundo:
eu me afirmo solidária, uma pessoa consciente;
sabendo que faço parte deste mundo conturbado.

.
No cinema, todos os dias da semana,
me sinto, quando saio, uma pessoa
mais aberta, sobretudo para os outros.
No cinema aprendo a viver
como cidadã do mundo.

Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo- SP, 24 de novembro de 2011

From: elizabeth barros
Date: 2011/12/1
Subject: Re: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Querida Tia Therezita, gostei muito de receber este e-mail pois a senhora explica bem como veio a sua inspiração para escrever os lindos versos sobre sua grande paixão que é "ir ao cinema". É incrível como as inspirações chegam em momentos únicos na vida da gente e de escritores talentosos como a senhora. Achei realmente muito interessante pois eu ainda ia perguntar para a senhora o porquê dos versos terem sido escritos em francês. Parabéns! Uma obra prima!

Beijos, de sua sobrinha, Elizabeth.


2011/11/30 Theresa Catharina de Goes Campos

Pois é, querida Ana,

meus versos nasceram pretensiosos! quanto ao idioma escolhido, sem que isso fosse minha escolha. Simplesmente chegaram assim, quase prontos. E foram se vestindo, ficando visíveis e audíveis, à medida que eu transcrevia, obediente, disciplinada, as palavras do poema que me eram ditadas... Encontrava-me ocupada, naquele momento, na tarefa da produção dos sites, com inúmeros textos para editar ( resgatados e digitados por minha sobrinha Elizabeth ), quando a poesia me obrigou a deixar os " assuntos sérios " para fazer mais uma poesia !!!! E sobre o tema tão " comum " do cinema, além de me colocar em posição a ser criticada com severidade por gostar de ir ao cinema todos os dias!
Uma atividade que seria " frívola " , " de quem não tem o que fazer ", " apenas um divertimento eventual ", " nada sério " ! , como tantos pensam ou dizem, apesar de estarem se equivocando. Talvez os versos tenham nascido para retrucar, discordar e debater tais opiniões.

Quanto à tradução cuidadosa da amiga Heloísa, já lhe enviei e-mail com os meus agradecimentos pela carinhosa e competente iniciativa.

A você, agradeço seu permanente e generoso incentivo, acolhendo meus escritos em prosa e poesia.

Beijos e a estima de sua amiga
Theresa Catharina
 


From: adfalcao
To: "Heloisa Guimaraes"
Sent: Qua 30/11/11 17:46
Subject: Fwd: Re: Enc: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS


Queridas Theresa Catharina e Heloisa Helena,

Privilégio ter uma amiga sensível e observadora que transformou um fato aparentemente corriqueiro em um texto poético e primoroso , nessa língua tão sonora, o francês.
E o que dizer da novel tradutora que manteve, em nossa língua, o ritmo e a sonoridade originais?
Demais....
Beijos
Ana


From: elizabeth barros
Date: 2011/12/1
Subject: Re: ref. AU CINÉMA , TOUS LES JOURS
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Querida Tia Therezita, gostei muito de receber este e-mail pois a senhora explica bem como veio a sua inspiração para escrever os lindos versos sobre sua grande paixão que é "ir ao cinema". É incrível como as inspirações chegam em momentos únicos na vida da gente e de escritores talentosos como a senhora. Achei realmente muito interessante pois eu ainda ia perguntar para a senhora o porquê dos versos terem sido escritos em francês. Parabéns! Uma obra prima!

Beijos, de sua sobrinha, Elizabeth.


De: vivaldol65
Data: 19 de fevereiro de 2012 22:31
Assunto: Re: NO CINEMA, TODOS OS OS DIAS (Au cinéma, tous les jours) -
Para: Theresa Catharina de Goes Campos


Theresa,

Seu poema tem muito a ver comigo. Sou um habitué de cinema desde criança. Aliás, esse foi um dos bons costumes que eu herdei de meus pais, principalmente de minha mãe. Cinéfila desde menina, em Salvador-Bahia, semanalmente, não perdia uma sessão de cinema no antigo Cine Jandaia, na chamada “matinée do perfume”. Seus artistas preferidos eram os irmãos John, Lionel e Ethel Barrymore; Buster Keaton, Shirley Temple, Lew Ayres, Al Jolson, Jean Harlow, Jackie Coogan, Dorothy Lamour, Batte Davis, Jean Arthur, Adolphe Menjou, Humphrey Bogart, Greta Garbo, Mickey Rooney, Judy Garland, Cary Grant, Marlene Dietrich, Olívia de Havilland, Joan Crawford, Fred Astaire, Ginger Rogers, Clark Gable, Carole Lombard, Charles Boyer, Charles Chaplin entre outros.

Quando eu completei um mês de nascido, minha mãe conseguiu realizar uma façanha, levando-me com mamadeira e tudo ao cinema, para assistir ao filme “A Carga da Brigada Ligeira”, de 1936, estrelado por Errol Flynn e Olivia de Havilland, dirigido por Michael Curtiz. O filme sairia de cartaz no dia seguinte e ela não poderia perder essa oportunidade. Conta ela que eu dormi durante a sessão inteira, mas a cada breve despertar me nutria com água de arroz, evitando possíveis transtornos para os espectadores. Anos mais tarde, já crescidinho, fui assistir ao relançamento do filme que, de uma forma ou de outra, teria sido o primeiro a fazer parte da relação de filmes em minha vida de cinéfilo.

Adorei o seu poema.
Abraços,
Vivaldo


CARTA A UM COLEGA CINÉFILO

Seu depoimento , informativo e comovente, sobre a importância do cinema em nossa vida, mostrou que, ao longo da existência, vamos descobrindo, com o passar dos anos, o cerne da alma, naqueles com os quais convivemos.

O cinema nos dá mais esse presente...abrir os olhos para realidades e sentimentos mais profundos, perceber uma sensibilidade pouco óbvia, uma dimensão humana que está além do visível. Toda a dimensão de uma tomada panorâmica, mas no olhar bem mais próximo de um "close", ainda que nos "travellings " do roteiro, na tela ... e no pulsar, na respiração da vida.

Tão preciosa, a recordação de sua mãe, que levou você, recém-nascido com um mês de idade, para uma sessão de cinema, porque ela estava determinada, como pessoa amante da arte cinematográfica, a não abdicar desse prazer de apreciar um bom filme.

Um belo exemplo! Uma afirmação de personalidade. Uma atitude de quem acredita no valor criativo do registro cinematográfico para renovar as forças necessárias ao viver, no crescimento intelectual que se processa por meio do reconhecimento de emoções.

Nos dias atuais, seria bem mais fácil para ela, porque existe, desde anos recentes, em várias capitais do Brasil, nas principais redes cinematográficas, uma iniciativa de grande sucesso: a chamada "sessão materna " semanal, especialmente para que as mães, acompanhadas de seus bebês, possam assistir a filmes com o máximo de conforto e apoio.

Muito obrigada por me escrever, afirmando ter gostado do meu poema " No Cinema, todos os dias ".

Nos versos simples, penso que resumi a experiência maravilhosa - e repetida - de uma realidade pessoal em que o cotidiano se torna enriquecido graças ao humanismo expresso e refletido na estética da arte cinematográfica.

De fato, ARTE E VIDA SE ENTRELAÇAM - você está coberto de razão, estimado colega Vivaldo.

Pensamos, ambos, exatamente o mesmo, porque vida e cinema se confundem, como se reproduzem e se refletem, todas as manifestações artísticas e a vida, cujas fronteiras praticamente não existem - são abertas, interligadas por uma reciprocidade filosófica e pragmática. Por isso não podemos separar o cinema da vida. Nem por teoria.

Mergulham um no outro, têm rosto duplo, recriando, de forma original, única, o mito do deus Janos (que deu origem ao nome do primeiro mês do ano - um rosto voltado ao passado, o outro, olhando o futuro...).

Arte e vida se confundem e se tornam "uma" no binômio fundamental, transformando-se numa realidade integrada, até no que parece ficcional, lendário, simbólico ou fantasioso, talvez absurdo ( quando seria absurdo, em que momento ou espaço...ou até quando?! ) , inclusive nas metáforas, nas paisagens desconhecidas, nos retratos íntimos, insólitos, nos contextos não-identificados. Como negar essa convivência, os laços afetivos entre as duas realidades, que se moldam ao mesmo tempo que se superam uma à outra nas utopias sonhadas, enquanto se influenciam e se tornam seminais?

É fácil constatarmos, conforme essas reflexões, que vida e cinema têm um casamento verdadeiramente indissolúvel. Porque pretender separar a arte da vida seria provocar uma falsa ruptura, ignorando ecos recíprocos, o que desqualificaria a existência humana em suas múltiplas facetas.

Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo-SP, 20 de fevereiro de 2012


From: adfalcao
To: "Heloisa Guimaraes"
Sent: Qua 30/11/11 17:46
Subject: Fwd: Re: Enc: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS


Queridas Theresa Catharina e Heloisa Helena,

Privilégio ter uma amiga sensível e observadora que transformou um fato aparentemente corriqueiro em um texto poético e primoroso , nessa língua tão sonora, o francês.
E o que dizer da novel tradutora que manteve, em nossa língua, o ritmo e a sonoridade originais.
Demais....
Beijos
Ana

AU CINÉMA, TOUS LES JOURS

C'est dimanche!
J'irai au cinéma
après la Messe.

C'est vrai que lundi,
j'irai, encore une fois,
voir un beau film.

Et le jour suivant,
au cinéma je serai,
comme toujours.

Maintenant, je me trouve
déjà au cinéma...
et je suis très heureuse.

Parmi les joies de la vie,
un grand bonheur c'est le cinéma,
tous les jours de la semaine.

Si je suis au cinéma, je respire,
je suis plus vivante, unie, sensible
aux douleurs et joies de mon prochain.

Tous les jours de la semaine,
au cinéma je me sens liée au monde;
je me déclare solidaire, une personne consciente;
je sais que je fais partie de ce monde troublé.

Au cinéma, tous les jours de la semaine,
je me trouve, quand je sors, une personne
plus ouverte, surtout pour les autres.
Au cinéma j'apprends à vivre
comme une citoyenne du monde.


Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo- SP, le 24 novembre 2011


From: Débora Maroja
Date: 2011/11/26
Subject: Re: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS

Querida Theresa,

Adorei sua poesia, principalmente porque compactuo com tudo que você diz com relação ao cinema, com o prazer de ir ao cinema, de estar dentro de um cinema, que jamais será comparável a assistir um filme num DVD em uma sala ou num quarto.
Gostei mais ainda de ter sido em francês. Por falta de praticar, confesso estar esquecendo um pouco a língua.

Um abraço carinhoso,
Débora


From: Theresa Catharina de Goes Campos
Date: 2011/11/26
Subject: Fwd: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS
To: Débora Maroja

Querida Débora:

Esta poesia simplesmente veio para mim em francês. Quase toda pronta. E por mais que eu tentasse, para torná-la mais acessível, considerando que um número reduzido de pessoas lê o belo idioma , um tanto difícil devido à gramática, chegou, como outros poemas que são de minha autoria, esnobando nossa língua portuguesa, já me apresentando, sem outra vestimenta aceitar, os versos com roupas estrangeiras. E me vejo parecendo elitista, como se fosse tão esnobe quanto eles. Quando eu tiver um tempinho extra, farei a tradução.

Devido ao tema , tão compreensível para nós, e considerando o seu conhecimento do idioma francês, logo pensei em lhe enviar, numa atitude de exceção, pois somente remeto, aos familiares, amigos e conhecidos, e-mails que teriam algum interesse a eles, destinatários que escolho de forma individual. Às vezes erro, com certeza, com certeza, a intenção foi acertar...

Assim, raramente lhe apresento uma poesia.

Obrigada por ter acolhido tão bem o poema " Au cinéma, tous les jours ".

Sobre o problema de não praticar o que aprendemos, sou bastante apreensiva quanto a isso. Ficaria desanimada, se esquecesse conhecimentos para cujo aprendizado tanto me esforcei, dediquei empenho e tempo. Para evitar me encontrar em tal situação, eu me antecipo à chegada do problema, procurando incluir uma prática informal, porém constante e pragmática, utilizando os mais diversos meios disponíveis, na minha rotina de vida. Um exemplo, além da leitura ( livros, revistas e jornais) : escrevo até as anotações diárias na agenda em mais de um idioma. Esse esforço disciplinado, consciente vale a pena! Até cinco minutos, todos os dias, são extremamente eficazes para o aprendizado que se renova e se multiplica. Funciona em qualquer área.

Espero que você e sua filha Isabela estejam bem de saúde, numa vida com alegria, de união e entendimento afetivo.

Abraços carinhosos da amiga,
Theresa Catharina


From: Luci Tiho Ikari
Date: 2011/11/27
Subject: Re: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS
To: Theresa Catharina de Goes Campos

Olá, Theresa Catharina
Em poucas palavras, por meio do uso de vocabulário bem escolhido, demostra o que o cinema representa para você. Parabéns! Luci


From: elizabeth barros
Date: 2011/11/29
Subject: Re: AU CINÉMA , TOUS LES JOURS
To: Theresa Catharina de Goes Campos

Querida Tia Therezita, adorei esta poema que a senhora escreveu em francês sobre a importância do cinema em sua vida. É incrível como a senhora escreve bem em francês e como a senhora soube exprimir de forma tão clara a sua paixão pelo cinema. Parabéns!

De sua sobrinha, Elizabeth.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.