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REFLEXÕES E TEORIAS
SOBRE COMUNICAÇÃO DE
MASSA E CONFLITOS
INTERNACIONAIS
Sabemos que os conceitos
de macro e microteoria
se referem à maior ou
menor generalidade dos
fenômenos que uma teoria
trata de explicar e
predizer; e tanto uma
como outra são casos
específicos da definição
geral de teoria, que é
um conjunto de
proposições logicamente
articuladas. Essa
organização , num
processo de
desenvolvimento, visa a
uma explicação e
previsão de
comportamentos,
acontecimentos e
atitudes, em uma
determinada área de
fenômenos.
A partir desse
pensamento,
reconhecemos, por
conseguinte, a
importância da teoria do
equilíbrio
internacional, de GEORGE
LISKA, e, igualmente, o
papel da moral nas
relações internacionais,
segundo o pensamento de
ARNOLD WOLFERS.
ARON (1979) assume a
posição de que as
concepções teóricas do
idealismo e do realismo,
ao invés de serem
contraditórias, se
complementam:
“Já antes da ascensão
dos Estados Unidos ao
plano da cena mundial,
os historiadores se
puseram a estudar as
"relações
internacionais.” Mas se
limitaram à descrição e
à narrativa. Além disso,
que benefício poderiam
tirar os estadistas
atuais, ou os
diplomatas, do
conhecimento histórico
dos séculos passados? As
armas de destruição
generalizada, as
técnicas da subversão, a
ubiquidade da força
militar - graças à
aviação e à eletrônica -
introduzem novidades,
materiais e humanas, que
tornam pelo menos
duvidosas as lições dos
séculos passados. A
validade dessas lições
não pode ser mantida se
elas não forem inseridas
numa teoria que abranja
o antigo e o novo,
identificando os
elementos constantes
para elaborar o
inédito."
“(...) quais são os
"elementos racionais" da
política internacional?
Bastará considerar os
elementos racionais para
desenhar um esboço ou
"pintar um retrato”, de
acordo com a essência do
modelo? Se o
especialista teórico
responder negativamente
às duas perguntas,
precisará trilhar um
outro caminho - o da
sociologia. Admitindo-se
o objetivo (fazer um
mapa do cenário
internacional), o
teórico se esforçará por
reter todos os
elementos, em vez de
fixar sua atenção
exclusivamente sobre os
componentes racionais.
A este diálogo entre o
defensor do "esquematismo
racional" e o da
“análise sociológica" –
diálogo cuja natureza e
implicações os
interlocutores nem
sempre percebem -
acrescenta-se muitas
vezes uma outra
controvérsia, de
tradição
norte-americana: a do
idealismo contra o
realismo.
Hoje chamado de
maquiavelismo, o
realismo dos diplomatas
europeus passava, do
outro lado do Atlântico,
por típico do Velho
Mundo, marcado por uma
corrupção da qual se
queria fugir emigrando
para o Novo Mundo, para
o país das
possibilidades
ilimitadas.
Transformados na
potência dominante, pela
desaparição da ordem
européia e pela sua
vitória militar, os
Estados Unidos
descobriam pouco a
pouco, não sem um
problema de consciência,
que a sua diplomacia se
assemelhava cada vez
menos ao antigo ideal, e
cada vez mais à prática
dos seus inimigos e
aliados, até então
julgada com severidade.
(...) As duas concepções
teóricas não são
contraditórias, mas
complementares: o
esquematismo racional e
as proposições
sociológicas constituem
estágios sucessivos da
elaboração conceitual do
universo social."
(...) "Não há dúvida de
que os homens do século
XX são capazes de
crueldades tão horríveis
quanto as do século
quinto, ou do século X
antes da era cristã – ou
mais horríveis ainda. É
o que nos provam os
campos de concentração,
as câmaras de gás e as
bombas atômicas. Não se
pode negar que os
soldados, embriagados
com o ardor do combate,
cometem atrocidades
comparáveis às dos
"selvagens”; sabemos bem
que os policiais e os
inquisidores inventaram
refinamentos de tortura
física e moral.
(...) ... as guerras se
assemelham, sob muitos
pontos de vista, às
sociedades que as
praticam;"
“A contradição das
sociedades que pretendem
ser pacíficas, mas que
praticam a guerra total,
se manifesta na
propaganda desencadeada,
na hipocrisia dos
Estados, no entrechoque
das filosofias de
política externa. (...)
Cada vez mais a guerra
se despoja dos elementos
de paz, inclinando-se
para os objetivos do
extermínio de povos
inteiros e tendendo a
perder toda perspectiva
humana."
PIGNATARI (1977) afirma:
“...... os homens e os
grupos humanos, como os
animais, de resto, só
absorvem a informação
que sentem necessidade
e/ou que lhe seja
inteligível.”
ANSHEN (1977) explica
assim a sua
interpretação de um
movimento espiritual a
se delinear no cenário
mundial:
"Existe hoje, na
humanidade, uma força
contrária à esterilidade
e ao perigo de uma
cultura quantitativa e
anônima das massas; um
novo, ainda que às vezes
imperceptível, sentido
espiritual de
convergência para a
unidade humana e mundial
baseada na santidade de
cada pessoa humana e no
respeito pela
pluralidade das
culturas. Há uma
consciência cada vez
maior de que a igualdade
talvez não possa ser
avaliada em termos
numéricos, mas que é
proporcional e analógica
em sua realidade, pois
quando a realidade é
equiparada com a
permutabilidade, a
individualidade é negada
e a pessoa humana é
eliminada.
Estamos à beira de uma
era em um mundo no qual
a vida humana avança
impetuosamente para
colocar novas formas em
prática. A falsa
separação entre homem e
natureza, tempo e
espaço, liberdade e
segurança, é
reconhecida, e estamos
diante de uma nova visão
do homem em sua unidade
orgânica e da história
que oferece uma riqueza
e diversidade de
qualidade e excelência
de finalidade até então
sem precedente."
"... embora o atual
período apocalíptico
seja de tensões
excepcionais, também
existe um movimento
excepcional agindo em
prol de uma unidade
compensadora que se
recusa a violar o poder
moral fundamental em
ação no universo, aquele
poder do qual todo
esforço humano deve
finalmente, depender.
Desse modo, podemos vir
a compreender que existe
uma independência
inerente de crescimento
espiritual e mental que,
embora condicionado
pelas circunstâncias,
jamais é por elas
determinada. Assim, a
grande superabundância
de conhecimento humano
pode ser correlacionada
com a compreensão da
natureza humana,
sintonizando-se com o
amplo e profundo alcance
do pensamento e da
experiência humanos."
MENDONÇA (1982):
“... a sociedade
tecnotrônica, ao superar
os limites
espácio-temporais de
relação entre os homens,
diante dos veículos de
comunicação de massa,
cria e testa formas cada
vez mais uniformes de
convivência humana,
transformando o mundo
todo em uma única aldeia
quando antigamente cada
aldeia era um mundo.
A comunicação de massa,
principalmente através
de seu veículo por
excelência, que é a TV,
encontra fundamento
específico no nível e no
universo de
preferências, de
exigências e de valores
do perfil psicosocial do
homem na sociedade
moderna.
Por isso, o processo de
comunicação de massa não
subsiste em sua
experiência de relação
emissor-receptor sem a
permanente consulta da
opinião pública, a
pesquisa das
necessidades do homem
médio e a interpretação
adequada dos impulsos,
desejos, motivações,
necessidades,
frustrações e
satisfações ao público
usuário.
Compreender o perfil
psicossocial do público
usuário de televisão não
é tarefa simples. Com
efeito, para a
televisão, como veículo
de comunicação de massa,
o público é o sujeito
receptor das mensagens
transmitidas. Ora, as
mensagens da televisão
são transmitidas para o
perfil médio do homem da
sociedade de massa.
Portanto, por hipótese,
o público usuário de TV
é o homem médio dessa
sociedade. Como definir
o perfil psicossocial do
homem médio da nova
sociedade?
Na hipótese de ser a
comunicação de massa o
processo de adequação
entre as mensagens
interpretativas do
emissor e as
necessidades e
exigências do receptor,
quanto mais
significativo for o
conhecimento das
necessidades e
exigências do receptor e
quanto mais
participativa sua
resposta às mensagens
emitidas e as
interpretações de suas
necessidades e
exigências, tanto mais
adequada será a eficácia
da comunicação de massa.
O perfil psicossocial do
homem médio da sociedade
de massa não é definido
a priori, mas a partir
da imanência
histórico-cultural do
próprio processo de
comunicação
contemporânea”.
Mais adiante, o mesmo
conferencista relembrou
o ponto de vista do
ex-Ministro Eduardo
Portela, que disse sobre
a TV:
"O veículo é bastante
neutro. Vale o conteúdo
que somos capazes de
colocar nele. Se
colocarmos uma
informação cultural
qualificada, podemos
dizer que esse é um
veículo a serviço da
qualificação da
sociedade brasileira".
BOND (1959):
"Dê ao povo a verdade
que ele precisa ter” é
uma filosofia
jornalística citada por
Fraser BOND.
Implicitamente, está se
referindo, não apenas à
responsabilidade dos
meios de comunicação
social, como também, dos
governantes e líderes.
O filme de
reconstituição histórica
“Bonaparte et Ia
Révolution", por
exemplo, produzido por
Claude Lelouch e Abel
Gance, tem cenas de
muita crueldade e
violência, que
correspondem à realidade
de fatos devidamente
comprovados. Algumas
pessoas no cinema riem,
porém, diante de seus
momentos mais dolorosos.
Quais os efeitos
posteriores sobre a
platéia: belicosos ou
uma melhor compreensão
dos erros cometidos em
movimentos políticos
onde as paixões,
animosidades e reações
de intolerância sem
controle dominam a
situação?
FROMM escreveu , em "A
Sobrevivência da
Humanidade" , acreditar
em soluções pacíficas e
na permanência do
humanismo :
(...) não desejamos uma
guerra total destrutiva
e realmente queremos
manter vivas na terra as
noções de dignidade
humana e do
individualismo. Tentarei
mostrar que a paz ainda
é possível e que a
tradição humanista tem,
ainda, um futuro."
KONDRATOV (1972), em "
Sons e Sinais" , não
considerou obstáculo a
diversidade dos idiomas,
citando, entre outros
recursos disponíveis, a
arte da mímica:
"A despeito das
múltiplas barreiras
linguísticas, um homem
sempre pode se fazer
compreender por um outro
homem. Mesmo se não
conhecemos nada de uma
língua, podemos nos
explicar com a ajuda de
gestos, desenhos,
fórmulas ou diagramas.
Quanta coisa nos conta,
sem dizer uma única
palavra, o admirável
Marcel Marceau.”
O engenheiro LENÍLSON
NAVEIRA E SILVA
trabalhava há 18 anos
nas áreas de
Telecomunicações e
Informática. Consultor e
conferencista, no Brasil
e no Exterior, escreveu
numerosos ensaios, além
de participar de
seminários. A Revista
Nacional de
Telecomunicações
publicou dois artigos de
Lenílson Silva, com
grande repercussão,
sendo ele posteriormente
convidado a escrever
sobre a extensão dos
impactos da Telemática
na vida humana. Lenílson
Silva aceitou a
proposta, intitulando
seu novo trabalho: O
impacto da Nova
Sociedade (1982).
Segundo o autor:
“Os últimos avanços
tecnológicos, que
constituem as bases para
a construção da
sociedade Telemática,
estão provocando
impactos significativos
nos indivíduos, na
família, na sociedade,
na organização das
empresas, no perfil da
formação dos
profissionais, no
processo decisório dos
homens de negócios ou do
governo, na estrutura de
poder dos Estados e
mesmo no relacionamento
entre Nações”.
Seus objetivos são:
analisar as tendências
tecnológicas, sucessivas
e simultâneas nos dias
atuais, para obter uma
melhor compreensão dos
impactos sociais (e
desafios!)- em nível
nacional e internacional
- da Telemática.
A coexistência de dois
poderes, igualmente
fantásticos e capazes de
mudar o destino da
humanidade: o poder
fecundo da informação e
das comunicações, com
sua capacidade ilimitada
de transformar os povos
culturalmente; e a
possibilidade aterradora
do holocausto nuclear.
Lenílson Silva oferece
estatísticas muito
significativas, ao mesmo
tempo que nos dá uma
visão bastante
espiritual (e
esperançosa) da
sociedade futura, na
qual a sabedoria
conduzirá o homem "a uma
nova harmonia com o
mundo exterior, liberto
das imposições do
consumo e da utilização
excessiva dos bens
materiais".
"Nessa nova sociedade,
os velhos inimigos da
Humanidade - tais como a
miséria e a guerra
poderão ser extintos.
Utopia? Não.
Simplesmente porque as
guerras serão de tal
forma terríveis e
ameaçadoras à existência
da vida no planeta, que
as nações terão de
alcançar a paz, por
temor da morte
universal".
“(...) No passado, as
preocupações com os
valores éticos e
filosóficos pareciam ser
preocupação quase
exclusivamente da
Igreja. Num futuro
próximo, tais
preocupações deverão ser
questão de sobrevivência
da Humanidade. Por
outras palavras, a Ética
será uma espécie de
questão de Segurança
Universal. Quando isso
acontecer, estaremos
entrando no que se pode
chamar de Sociedade
Filosófica ou da
Sabedoria”.
Empreender um conjunto
de ações eficientes,
contribuindo, nessa
caminhada humanística,
para que aconteça o
melhor para todos nós: a
união de todos esses
esforços para que, com
objetividade, a vida
seja respeitada - eis o
conceito em torno do
qual podemos nos reunir
para, juntos,
apresentarmos propostas
de esperança renovada.
Theresa Catharina de
Góes Campos
São Paulo-SP, 19 de
fevereiro de 2012
De:
elizabeth barros
Data: 21 de fevereiro de
2012 14:56
Assunto: Ficou muito bom
este seu texto
"Comunicação de massa e
conflitos
internacionais"
Para: Theresa Catharina
de Goes Campos
Querida Tia Therezita,
achei que ficou muito
bom este seu texto
"Comunicação de massa e
conflitos
internacionais". Dessa
forma a senhora poderá
divulgar seu precioso
trabalho no curso de
mestrado. É um assunto
que será sempre atual e
a senhora o adequou
muito bem para os novos
tempos, trazendo também
informações históricas
importantes. Fico feliz
mesmo! Parabéns!
Beijos, de sua sobrinha,
Elizabeth |
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