Theresa Catharina de Góes Campos

  NO CINEMA, RECORDANDO MEU PRIMEIRO LIVRO...

Assisti à pré-estréia de "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, em São Paulo, numa excelente sala de cinema, uma confortável, enorme sala quase lotada, com projeção em 3-D, onde os espectadores se mantiveram em silêncio durante toda a sessão. O público aplaudiu, entusiasmado, quando os créditos finais começaram a passar, ao mesmo tempo em que várias pessoas se manifestavam em voz alta, exclamando: " lindo!".
 
Não esqueço o fato de que Scorsese se dedica, juntamente com outros diretores famosos, à recuperação de filmes antigos, agora homenageados numa produção que pode ser vista com interesse por crianças e adultos.
 
Uma emoção especial para mim, enquanto apreciava "A Invenção de Hugo Cabret ": recordei o conteúdo de meu primeiro livro - "O progresso das comunicações diminui a solidão humana? Uma interpretação histórica das comunicações gráficas e áudiovisuais...." (1970),  no qual escrevi sobre os primeiros cineastas e suas obras (ver o cap.11: sob os títulos - Antecedentes do Cinema, O cinematógrafo e os Irmãos Lumière, Georges Méliès, "o mágico da tela"):

http://www.theresacatharinacampos.com/O%20progresso%20das%20comunicações.pdf

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 "Antecedentes do cinema
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 A História do Cinema, um dos mais notáveis instrumentos de comunicação,
 iniciou-se há sete mil anos. A análise do movimento foi tentada nas  pinturas das grutas pré-históricas de Altamira, na Espanha. E a projeção de  sombras numa parede já era praticada pelos chineses há cinco mil anos antes  de Cristo. Por isso dizemos que a História do Cinema começou há sete mil anos.
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 O cinematógrafo e os irmãos Lumière
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 Os irmãos Lumiêre iniciaram a comunicação através do cinema. Para que  chegassem ao primeiro aparelho, o cinematógrafo, foi preciso que  resolvessem três dificuldades: a análise do movimento, a fixação dêste  movimento num recipiente qualquer e a sua projeção fora do aparelho. Louis Lumière mostrou a sua invenção ao público na histórica sessão de 28 de dezembro de 1895, em Paris, realizando os primeiros espetáculos regulares de Cinema.

 Os irmãos Lumiêre, apresentando o seu cinematógrafo, tinham mais uma preocupação científica do que um interêsse artístico ou comercial. As cenas filmadas eram as da vida diária, sem nenhum artifício, uma espécie de "álbum de família" animado. Pelos títulos dos filmes podemos ter uma idéia: "A Saída das Usinas", "A Chegada do Trem" — filmes de 16 milímetros, com duração de 2 minutos. Aos poucos, entretanto, as perspectivas vão se ampliando. Lumiêre passa a filmar acontecimentos fora de casa: um congresso, um jubileu, uma exposição — uma espécie de atualidades cinematográficas de hoje! Envia seus auxiliares, os "caçadores de imagens", para o exterior, a fim de filmar acontecimentos históricos. Eis que os filmes vão aumentando de duração e passaram a contar histórias e a transmitir idéias. Lurniêre realizou ainda o primeiro filme de enrêdo, com os seguintes elementos: exposição do ambiente, motivos, personagens, intriga, clímax e desenlace.

 Na origem do cinema, já encontramos duas tendências documentarista (informação) e composição de espetáculos (diversão). Nesse período, aliás,
 a maior tendência é para o teatro filmado.
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 George Mélies, o mágico da tela
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 George Méliês foi chamado "o mágico da tela." Diretor de uma casa de espetáculos, prestidigitador e ilusionista, viu logo as enormes possibilidades da câmera. Seguiu no princípio o exemplo de Lumière, mas começou a filmar todo o repertório do grande ilusionista Houdini, e se voltou definitivamente para o teatro, principalmente o gênero fantástico, o que hoje chamamos "ficção científica". Descobriu muitos truques cinematográficos. Seus filmes: "Viagem Através do Impossível", "Vinte Mil Léguas Submarinas", "Viagem à Lua", "A Conquista do Polo", destacaram-se entre mais de 4 mil que realizou. Em 1908, porém, estava superado.

 O cinema deve muito a George Méliês. Foi êle quem introduziu o sonho, o feérico, partes integrantes da arte. Deu um impulso decisivo à arte cinematográfica, como criador de filmes de enrêdo; construiu o primeiro estúdio cinematográfico; foi o primeiro distribuidor de filmes.
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 James Williamson
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 Poucas pessoas sabem que o precursor dos filmes norte-americanos no gênero "Western" ou "cow-boy" foi o cineasta inglês James Williamson, autor do primeiro filme com montagem alternada. Até aquela data, a câmera filmava uma ação contínua representada num palco ou uma ação qualquer no exterior. Os inglêses gostavam de filmar ao ar livre, o que os obrigou a interromper a ação. A montagem alternada apareceu pela primeira vez em "Ataque a uma Missão", quando vemos a ação em dois lugares diferentes, montadas alternadamente, para aumentar o "suspense" da história; a película inclui igualmente perseguições, correrias e galopadas, ações dotadas de conteúdo
 rítmico.
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 Alfred Collins
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 Alfred Collins, no seu filme "Casamento num Automóvel", usou pela primeira vez a "elípse", quer dizer, substituiu uma ação por um símbolo, ou o efeito de uma ação não filmada. Suprimiu tôda uma cena de casamento na igreja, focalizando, apenas, a aliança no dedo dos nubentes. Êsse fato nos mostra o quanto a imagem economiza cenas e palavras. Devemos valorizar, portanto, o próprio cinema mudo, que não consistia simplesmente de filmes desprovidos de som, como aconteceria se assistíssemos a um filme atual com o alto falante desligado. O cinema mudo tinha uma técnica própria, estando muitas vêzes mais perto da verdadeira arte cinematográfica do que algumas produções de hoje, que não sabem mais contar em imagens, baseando-se por demais na ajuda das palavras.
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 A primeira atriz cinematográfica

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 Foi na Dinamarca que surgiu a primeira atriz cinematográfica do mundo, estrêla autêntica, e não uma atriz teatral fazendo cinema. Em 1911 fundou-se naquele país a "Nordisk", cujo diretor, Urban Gad, compreendeu que a interpretação de um ator teatral apresentava características bem diversas da interpretação exigida de um ator cinematográfico. Sua espôsa, Asta Nielsen, apoiava-se nos efeitos visuais da interpretação; com uma expressão mímica extraordinária, sabia alcançar um grau de expressividade única, nessa época do cinema mudo."

Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo - SP, 11 de fevereiro de 2012

 

Jornalismo com ética e solidariedade.