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PINA
Como o nome
indica, Pina, de Wim
Wenders, é um magnífico
documentário, exibido fora
da competição no 61º
Festival de Berlim, que se
inspira na obra da
coreógrafa alemã Pina
Bausch, diretora do
legendário Tanztheater
(teatro de dança) Wuppertal,
falecida, de forma
inesperada, na fase de
preparação das filmagens, em
junho de 2009.
A ideia de
transpor para o cinema a
obra de Bausch surgiu em
1985, quando Wenders viu,
pela primeira vez, numa
retrospectiva em Veneza,
uma de suas coreografias
mais famosas, Café Müller,
que o impressionou muito.
Desde então, o cineasta de
Paris Texas, conforme
esclarece, vinha buscando –
o que retardou a execução de
seu projeto - uma fórmula
de registrar em imagens o
estilo, muito próprio, de
dança contemporânea por ela
criado.
Isso se tornou
possível , quando Wenders
viu, em Cannes, a exibição
de U2-3D,
documentário sobre um
show da famosa banda de
rock irlandesa. Ele
compreendeu que, pelo uso da
nova tecnologia, com a
incorporação de outra
dimensão de espaço, seria
possível dar uma linguagem
adequada, cinematográfica,
para a criação artística de
Bausch no Tanztheater. E o
resultado, pode-se dizer,
foi prodigioso.
Trabalhando
junto com Wenders, Bausch
selecionou as coreografias
que deveriam compor o
documentário: Café Müller,
A Sagração da Primavera,
Vollmond e
Kontakthof. Iniciada a
rodagem, ela própria
aparece, em cena, durante
ensaios de seus dançarinos,
quando lhes explica
elementos de sua teoria
sobre a dança: Há
situações – diz ela –
em que as palavras perdem
totalmente o significado. É
esse espaço que deve ser
preenchido pela dança!....
Após um ano de
intensos trabalhos, tanto
para Wenders como para
Bausch, ela desaparece,
deixando um vazio impossível
de ser preenchido pelos
planos do cineasta, que
chega a desistir de dar
prosseguimento às filmagens.
Instado pelos integrantes
do Tanztheater a continuar,
Wenders decide, depois de
algum tempo, reproduzir o
pensamento da genial
coreógrafa por meio do
método inquisitivo, que ela
empregava para orientar os
que, sob sua direção,
dançavam.
Uma de suas
bailarinas, em seu
depoimento, se lembra de
que, preocupada com sua
atuação, indagou a Bausch o
que deveria fazer para se
aprimorar. E obteve dela
pronta resposta: -
Enlouqueça!... Você precisa
enlouquecer um pouco
mais!... E isso se
explica, como é fácil
observar, pela natureza de
sua coreografia, muito
centrada na insanidade
humana. A um bailarino que
cresceu frequentando, com os
pais, os ensaios no
Tanztheater, ela
aconselhou: - Expresse
mais amor à sua dança.
Mas o amor, para ela, é um
sentimento extremamente
conflitante. Outro bailarino
cita, em sua dança, Kazuo
Ohno, mestre do teatro butô,
que esteve três vezes no
Brasil (1986, 1992 e 1997),
falecido em 2010. De acordo
com a sua opinião, Ohno deve
ter-se reunido com Bausch,
no céu, já que eram muito
amigos, para ambos dançar em
meio às nuvens.
O que há
de notável, na
mise-en-scène de
Wenders, é ele saber
destacar, em primeiro lugar,
o sentido de universalidade
na concepção artística de
Bausch não só pelo
aproveitamento de música de
várias procedências como na
composição de seu elenco de
dançantes de diversas
nacionalidades e, sumamente
importante, de todas as
idades. Sim, porque o
envelhecimento deles não
impedia que ela os usasse em
suas novas criações. Jamais.
Em segundo lugar, Wenders
sabe tirar a dança de Bausch
da solitária clausura do
palco para lhe dar soberbas
locações externas, algumas
das quais realizadas no
perímetro urbano de
Wuppertal, que chegam a ser
surreais para nós,
brasileiros, ante a
indecência do nosso
transporte público e a
crescente deterioração das
estradas e das vias públicas
de nossas cidades,
principalmente as da
relegada capital da
República.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
PINA 3D
Alemanha – 2011
Duração – 106 minutos
Direção – Wim Wenders
Roteiro – Wim Wenders
Produção – Jeremy Thomas
Fotografia – Hélène Louvart
Trilha Sonora – Thom
Edição – Wim Wenders.
Elenco – Pina Bausch e seu
elenco de bailarinos do
Tanztheater Wuppertal. |
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