Theresa Catharina de Góes Campos

  A BIBLIOTECA E O ENSINO UNIVERSITÁRIO

Vencido o obstáculo do vestibular, o estudante de qualquer Faculdade encontra-se face a face com um desafio ainda mais sério porque permanente, contínuo, inegável: fazer um estudo realmente sério que valorize o diploma que pretende obter para oferecer ao mercado de trabalho. Ora, não se trata apenas de maturidade acadêmica, visar a seu aperfeiçoamento integral para que a sociedade como um todo venha também a se beneficiar com a conclusão de seu curso universitário; deveria ser uma questão de honra, num país em vias de desenvolvimento, o recém-formado apresentar-se conscientemente, para lutar, na sua área profissional, devidamente habilitado, para que a nossa pátria ofereça condições dignas de vida a todas as camadas da população, inclusive e sobretudo, as mais carentes.

Mas competência não se obtém a não ser que estejamos dispostos a nos esforçarmos; numa Faculdade, o empenho intelectual supõe uma CONVIVÊNCIA DIÁRIA COM A BIBLIOTECA, pois os livros e periódicos são, de certa forma, os “professores amigos” sempre disponíveis quando os procuramos... O estudante que não procura a biblioteca com regularidade está agindo como alguém que passasse diante de um profissional experiente, disposto a ajudá-lo e, sem mais nem menos, recusasse tal ajuda, apesar de estar bem necessitado desse auxílio.

Como ocorre em qualquer tipo de convivência, as condições nem sempre são as ideais: há situações de precariedade, com deficiências específicas, que criam obstáculos e dificuldades, causadas por carências. Todavia, ninguém poderá jamais afirmar que “perdeu seu tempo” em uma biblioteca – eis um local onde, para o leitor, existe sempre uma informação a ser lida, um comentário esperando ser analisado, uma pesquisa a ser estudada. Alguns estudantes limitam-se a criticar o acervo da biblioteca simplesmente porque não encontram algumas obras específicas; numa postura irrealista, desistem de consultar o material disponível, perdendo, assim, uma valiosa oportunidade de conhecer outros livros e periódicos os mais variados.

O segredo de uma excelente relação do universitário com a biblioteca consiste, sobretudo, na atitude de valorizar a leitura regular, diária e prazerosa. Às vezes, é preciso até que deixemos de ser preconceituosos, para rever conceitos que há muito deveríamos ter abandonado. Como a televisão, o cinema e o teatro, a biblioteca também pode ser, para cada um de nós, uma oportunidade valiosa de estudo, trabalho e lazer. A formação equilibrada de uma mentalidade autenticamente universitária exige um contato íntimo e constante com a biblioteca.

SE VOCÊ NÃO É UM FREQUENTADOR ASSÍDUO DA BIBLIOTECA, TEM O DIREITO DE SE APRESENTAR COMO UNIVERSITÁRIO?

Brasília - DF, 13 de outubro de 1988
Theresa Catharina de Góes Campos
Professora da Faculdade de Ciências Sociais
Departamento de Fundamentos das Ciências Sociais
Faculdades Integradas da Católica de Brasília
 

Jornalismo com ética e solidariedade.