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A CONSPIRAÇÃO AMERICANA
Diante do total
silêncio da lei, que impera
atualmente neste país,
talvez não seja experiência
animadora, pelo contraste,
assistir ao novo filme de
Robert Redford, A
Conspiração Americana,
malgrado suas qualidades
técnicas e artísticas. Pois,
a película exalta a justiça
e trata da luta de um puro,
virtuoso e idealista
advogado – que viria a ser,
mais tarde, o primeiro
editor do Washington Post
– para defender, em estado
de exceção, instaurado após
a Guerra Civil, a única
mulher envolvida, em abril
de 1865, com os oito
acusados pelo assassínio do
presidente Abraham Lincoln.
O roteiro de
James D. Salomon , baseado
em seu livro, escrito em
colaboração com Gregory
Bernstein, narra a história
de Mary Surrat (Robin
Wright), que seria também a
primeira mulher condenada à
pena de morte nos EUA. A sua
colaboração com o movimento
conspiratório para matar o
Presidente da República, o
Vice-Presidente e o
Secretário de Estado,
liderado pelo ator John
Wilkes Booth (Toby Kebbell
), foi a de abrigar em sua
casa, em Washington, as
reuniões dos conspiradores,
promovidas por seu filho
John Surrat Jr. (Johnny
Simmons), com esse objetivo.
Lançada no
último Festival
Internacional de Cinema de
Toronto, Canadá, a película
se inicia por uma cena,
durante a Guerra Civil, em
que o jovem Federick Aiden
(James McAvoy) é retirado,
ferido, do campo de batalha,
após ceder prioridade de
atendimento a um
companheiro, que se
encontrava em estado mais
grave que ele. Algum tempo
depois, herói de guerra,
Aiden, aos vinte e sete
anos, se inicia na
advocacia, recebendo de seu
mentor, ex-advogado, eleito
senador Reverdy Johnson (Tom
Wilkinson), contra sua
vontade, a incumbência de
defender Mary Surrat,
perante o tribunal militar.
A princípio,
Aiden acredita que sua
cliente é culpada. Aos
poucos, porém, após tomar
depoimentos de várias
pessoas e da própria Surrat,
ele acaba por se convencer
de que, na verdade, ela
admite a culpa, na justiça,
para ocultar a participação
do filho, então foragido.
Por mais que Aiden insista,
Surrat nada faz para
colaborar com ele em sua
defesa. Da mesma forma, é o
que acontece com a filha
Anna Surrat (Ewan Rachel
Wood), que, entretanto,
aceita, depois de ser muito
solicitada, comparecer ao
julgamento como testemunha.
Por meio do sacerdote Walter
(David Andrews) – a família
Surrat era católica
praticante -, Aiden manda
recado para John se
apresentar, pois, do
contrário, sua mãe seria
executada, mas não obtém
dele nenhuma resposta.
Com extensa filmografia como
ator e ganhador do Oscar
destinado ao Melhor Diretor
em 1980 – além do Globo de
Ouro e do Bafta, nos dois
anos seguintes) - com
Gente Como a Gente, seu
primeiro trabalho na
direção, Robert Redford é
também o criador do Festival
Sundance, lançador de filmes
de grandes sucessos, feitos
com baixos orçamentos e
rotulados de Independentes.
O seu estilo de narrativa é
do tipo clássico ou
tradicional – à semelhança,
portanto, aos de dois atores
que, da mesma forma, se
tornaram diretores, Clint
Eastwood (Invictus)
e Kevin Costner (Dança
Com Lobos) -, em que a
composição dos planos, a
ambientação e a trilha
sonora ganham destaque
especial.
A diferença, entre os três,
é a propensão de Redford
para explorar o efeito
plástico da natureza e o
lado poético e nostálgico
dos temas por ele
trabalhados, como o fez, de
forma exemplar, em Nada É
Para Sempre (1992), no
qual praticamente lançou
Brad Pitt. Nesse filme de
agora, porém, talvez por
tratar de argumento
histórico, é excessivo o
rigor formal de Redford. Ele
não cede espaço para a
emoção, a não ser quando a
trilha sonora de Mark Isham
impulsiona o espectador nas
situações mais dramáticas.
Os atores, ele os mantém sob
rédeas curtas. E consegue
extrair de Robin Wright,
como Mary Surrat e de James
McAvoy, no papel de
Frederick Aiden, brilhantes
interpretações. Por sinal,
todo o elenco está muito
bem, destacando-se as belas
Evan Rachel Wood, como Anne
Surrat, e Alexis Bledel,
como Sarah Weston, noiva de
Aiden, além de Tom
Wilkinson, como o senador
Reverdy Johnson e Kevin
Kline – irreconhecível –
encarnando Edwin Stanton,
Secretário da Guerra.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
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FICHA TÉCNICA
A CONSPIRAÇÃO AMERICANA
THE CONSPIRATOR
EUA/ 2011
Duração -123 minutos
Direção – Robert Redford
Roteiro – James D. Salomon,
com base em seu livro,
escrito em colaboração com
Gregory Bernstein
Produção – Robert Redford,
Brian Falk, Bill Holderman,
Greg Shapiro e Robert Stone
Fotografia – Newton Thomas
Sigel
Trilha Sonora – Mark Isham
Edição – Craig McKay
Elenco – Robin Wright (Mary
Surrat), James McAvoy
(Frederick Aiden), Evan
Rachel Wood (Anna Surrat),
Alexis Bledel (Sarah
Weston), Johnny Simmons
(John Surrat Jr.), David
Andrews (padre Walter), Toby
Kebbell (John Wilkes Booth),
Tom Wilkinson (senador
Reverdy Johnson), Kevin
Kleine (Secretário da
Guerra), James Badge Dale
(William Hamilton). |
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