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ALÉM DA LIBERDADE
Lançado no último Festival de Cinema
de Toronto, Canadá, “Além da
Liberdade” (The Lady), de Luc
Besson, é um relato dramático, mais
didático do que político, sobre a
atuação de uma mulher
extraordinária, Aung San Suu Kyi,
ganhadora do Prêmio Nobel da Paz
(1991), por sua luta pela
implantação e observância dos
preceitos democráticos em seu país,
a antiga Birmânia, hoje Mianmar,
dominada até a presente data por uma
sanguinária ditadura militar.
O roteiro de Rebecca Frayn, embora
bem estruturado em termos de
narrativa, peca por explorar mais,
como acontece em muitos filmes
biográficos recentes, os reflexos
causados pelo posicionamento
político de Suu Kyi (Michelle Yeoh)
sobre sua vida familiar. Casada com
um professor e pesquisador
universitário inglês, Michael Aris
(Davi Thewlis), ela vive, com o
marido e os dois filhos – Kim Aris
(Jonathan Raggett) e Alexander
(Jonathan Wood) -, em Oxford, quando
recebe a noticia, pelo telefone, de
que sua mãe, Daw Khin Yi (Marian
Yu), sofrera um derrame e se
encontra entre a vida e a morte. Ela
então parte para Rangoon.
No
prólogo, aos dois anos , em 1947,
Suu Kyi ouve seu pai, general Aung
San, a lhe dar explicações de como
ocorreram as lutas pela
independência da então chamada
Birmânia, por ele lideradas. Alguns
meses depois, estando reunido com os
integrantes do seu alto comando, ele
e todos os demais são brutalmente
assassinados por militares
revoltosos, que assumem o poder,
estabelecendo um regime de terror
contra o povo indefeso.
Em
1988, ao retornar a Mianmar, em
visita à mãe moribunda, Suu Kyi se
surpreende com as cenas de
brutalidade dos soldados do governo
a não dar trégua principalmente aos
estudantes. Ela também fica
impressionada com a verdadeira
adoração do povo pela figura de seu
pai, que tem fotos erguidas pelos
participantes de todas as
manifestações de rua. Uma comissão
de universitários a procura a fim de
lhe pedir que lidere um movimento de
oposição ao governo.
Em Londres, Michael Aris, que cuida
da casa e dos filhos , enfrenta
muita dificuldade para obter o visto
e, assim, passarem o Natal com Suu
Kyi, que criara um partido político,
LND (Liga Nacional Democrática). O
entusiasmo inicial de seus
partidários é quebrado pela ação
invasora da sede do partido pela
soldadesca ignorante do regime. Aris
e os filhos têm de regressar à
Inglaterra, pois seus vistos foram
cassados. De volta ao seu país,
embora diagnosticado com câncer,
Aris inicia uma campanha para que
Suu Kyi – então chamada pela
imprensa internacional de “Orquídea
de Aço” – receba o Prêmio Nobel da
Paz. As pressões do governo contra
ela então se intensificam.
É evidente que a narrativa, bem
conduzida por Luc Besson, escritor,
diretor e produtor francês, premiado
com o Cesar (1997) como Melhor
Diretor por seu trabalho em “O
Quinto Elemento”, prende a atenção
do espectador, do começo ao final da
película. Mas, como ele não sabe
escrever com a câmara nada além das
indicações do roteiro, que é fraco,
( ou talvez muito fraco) -
possivelmente de forma intencional
para atingir o maior número de
espectadores, principalmente no
continente asiático, quase todo
dominado por ditaduras semelhantes à
de Mianmar -, a película não ganha a
categoria que mereceria ter não só
pela dimensão humana da personagem
retratada, fiel seguidora dos
ensinamentos de Mahatma Gandhi, como
também pela qualidade das
interpretações de Michelle Yeoh,
como Suu Kyi e David Thewlis, no
papel de Michael Aris.
De
fato, Michelle Yeo, atriz da
Maláysia, excepcional intérprete de
” O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee,
empresta sua beleza, elegância e
postura para personificar Suu Lyi
por quem, segundo disse à imprensa,
sente grande admiração. E talvez
tenha sido esse sentimento em
relação à personagem que encarna o
motivador de alguma inexpressividade
na face em momentos de maior
dramaticidade que Suu Kyi enfrenta.
David Thewlis, ator inglês, que
apareceu em dois filmes da série
Harry Potter – “A Pedra Filosofal”
(2001) e “O Prisioneiro de Azkaban”
(2004) –, foi anteriormente banido
da China por sua participação em “
Sete Anos no Tibet” (1997), de
Jean-Jacques Annaud. Como Michael
Aris, Thewlis está irrepreensível
numa composição admirável de sua
personagem. Ressalte-se ainda a bela
trilha sonora do maestro francês
Eric Serra.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasilia, Revista
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FICHA
TÉCNICA
ALÉM
DA LIBERDADE
THE
LADY
França, Reino Unido/ 2011
Duração – 131 minutos
Direção – Luc Besson
Roteiro – Rebecca Frayn
Produção – Virginie Besson Silla,
Andy Harris, Jean Todt
Fotografia –Thierry Arbogast
Trilha
Sonora –Eric Serra
Edição) – Julien Rey
Elenco
– Michelle Yeoh (Suu Kyi), David
Thewlis ( Michael Aris ), Jonathan
Ragget (Kim Aris), Jonathan Wood
(Alexander Aris), Marian Yu (Daw Kim
Yi). |
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