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De: artemis coelho
Data: 19 de julho de 2012 18:11
Assunto: RE: REFLEXÕES SOBRE O FILME "À ESPERA
DE TURISTAS" - Theresa Catharina de Góes Campos
Para: theresa.files
Muito bom, Theresa. Agradeço também as outras
mensagens; sempre pertinentes e informativas.
Continuo 'pegando leve' na internet e, por isso,
um tanto ausente.
Sempre com carinho,
Artemis
Date: Mon, 16
Jul 2012 23:53:34 -0300
Subject: REFLEXÕES SOBRE O FILME " À ESPERA DE
TURISTAS " - Theresa Catharina de Góes Campos
From: theresa.files
To: walter.rf
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REFLEXÕES SOBRE O FILME " À ESPERA DE TURISTAS "
http://www.theresacatharinacampos.com/comp4938.htm
Penso que a maldade perpetrada, sem limites
de crueldade, no campo de concentração em
Auschwitz, na Polônia, assim como em outros
campos similares, além de feridas interiores
abertas para sempre, individuais e coletivas,
também deixou marcas visíveis, mesmo quando se
pretende disfarçá-las. Cicatrizes não devem ser
ignoradas... Na cidade próxima ao campo de
lembranças terríveis, onde agora existe um
museu, para que a memória daquelas atrocidades
se transforme em repúdio e permanente denúncia ,
condições para que jamais venham a se repetir, o
jovem voluntário não recebe um bom acolhimento.
Pessoas nada cordiais não agem ali como se
dispusessem a aceitá-lo. Esse tratamento frio,
muitas vezes provocador, é a reação, inclusive,
do idoso sobrevivente do campo de concentração,
a quem o voluntário está servindo, fazendo para
ele várias tarefas, para lhe facilitar a rotina
de vida.
Os gestos, as posturas de rejeição, essa
"violência menor" (ora, qualquer nível de
violência é violência e, portanto,
abominável!...) da agressividade cotidiana vai
se repetindo e, lamentavelmente, torna-se um
indicador de que poderá se perpetuar... No
mínimo, em se tratando de um jovem que chegou
àquele lugar porque fez uma opção, ao invés de
prestar serviço militar, representa um exemplo
chocante de omissão junto ao indivíduo que ali
se encontra sozinho, fora de seu ambiente e
longe de seu grupo.
Percebe-se um processo negativo , uma
oportunidade preciosa que se perde , de
sensibilizá-lo desde a juventude.... O
recém-chegado enfrenta uma situação de
isolamento, como se estivesse em quarentena,
porque seria um habitante de outro planeta que
ali desembarcara sem convite. Alguém diferente,
que deve ser conservado à distância. Sozinho e
solitário. Sem direito a fazer parte, a se
integrar... De qualquer forma, o que se fala
naquela cidade não diz a verdade. As palavras
significam o contrário da realidade...Ou nada
significam. Não são enigmáticas. São mentirosas.
O ciclo repetitivo de atitudes afigura-se por
demais assustador. O potencial para uma
existência em comunidade, a oportunidade para a
conscientização do protagonista (e de outros
personagens) parecem, de fato, momentos
perdidos. Como aceitar essa ausência de
aprendizado para uma vida em sociedade? Vimos o
passado. conhecemos o presente...já deveríamos
começar a nos amedrontarmos com o que nos
acontecerá no futuro?
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo-SP, 16 de julho de 2012 |
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