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MY WAY – O MITO ALÉM DA
MÚSICA
É extraordinária a atuação do ator belga Jéremie
Renier, como intérprete, no papel do cantor e
compositor Claude François, no filme biográfico,
“My Way, O Mito Além da Música” (Cloclo),
de Florent Emilio-Siri. Grande ídolo da
juventude francesa, nas décadas de 60 e 70, hoje
totalmente esquecido, François foi também o
autor de, entre outras, a canção My Way (Comme
d´habitude), que imortalizou Frank Sinatra e
se tornou uma das músicas mais ouvidas no mundo.
Com uma direção de ritmo frenético a espelhar a
própria vida de Claude François (Jéremie
Renier), Florent Emilo-Siri (O inimigo Íntimo),
também autor do roteiro, em colaboração com Jean
Rappeneau, evoca, com habilidade técnica, as
várias facetas do caráter do artista, do homem
de negócios, do chefe de família autoritário,
antipático, até mesmo odioso, e sedutor, como o
pai, Aimé François ( Marc Barbé). Mas Claude era
, da mesma forma, afetuoso com os dois filhos e
preocupado em se manter saudável, pois pouco
bebia, não fumava, nem muito menos usava droga.
Sua animação nos shows era, portanto, autêntica,
genuína.
A película tem início no Canal de Suez, no
Egito, onde trabalha Aimé, como operador do
mecanismo regulador das comportas. Preocupado
com o futuro do filho, ainda criança (Tom
Dufour) , ele o leva ao trabalho a fim de
motivá-lo a aprender o seu ofício. Ao voltar a
casa, onde a mulher Chouffa (Monica Scattini)
joga pôquer com amigas, ele, exigente, toma
lições de violino de Claude, aluno do
conservatório local. Também não passam
despercebidos os olhares trocados por Aimé com
uma (Marie Legault) das parceiras de jogo da
mulher. Essa situação estável da família,
contudo, sofre forte e definitivo abalo depois
de uma crise político-social no Egito, em
decorrência da qual Aimé perde o emprego.
A família tem de se mudar para Marselha, onde
passa a viver em condições precárias, sem ter
mesmo o que comer. Claude, já rapazola, consegue
ser contratado como baterista de um conjunto
musical. Com o seu salário, ele pensa poder
ajudar a família, mas, ao falar com o pai, sua
ideia é por ele prontamente repelida. Aimé quer
ver o filho trabalhando em um banco. Os dois se
desentendem e Claude é expulso de casa, ganhando
assim a liberdade de trilhar o seu próprio
caminho. Contratado como baterista, ele também
canta e dança, conquistando o público. Enquanto
isso, a irmã de Claude, Josette (Sabina
Seyecou), se casa com um homem de posses e
melhora a vida dos pais.
Incentivado por amigos, Claude grava um disco
com suas canções para mostrá-lo a empresários
parisienses. De um deles recebe o conselho para
ouvir, no Olympia, o tipo de música de que os
jovens gostam, pois a dele, melódica, ao estilo
da canção tradicional francesa, está
ultrapassada. Ele vai a um show de Johnny
Halliday (Arthur Defays). Vê como a moçada se
comporta, animadamente, ao ritmo do rock. E se
convence de que tem condições de criar música
semelhante, ou até melhor, para se lançar ao
sucesso. É isso o que faz.
Depois de ser glorificado pelo público e pela
imprensa por suas aplaudidas audições em toda a
França, François enriquece, restaura um casarão,
leva a mãe a morar com ele – o pai morrera - e
conhece a cantora Janet Woollacott (Maud Jurez),
com quem, apaixonado, se casa. Ela, porém, fica
pouco tempo em sua companhia, pois logo o
abandona para viver com o também cantor e
compositor Gilbert Bécaud (Emmanuel
Rossefelder), autor de Et Maintenant... Foi a
segunda esposa, Isabelle Forêt, quem lhe deu os
dois filhos: Claude Jr. e Marc François. Ele
teve ainda esporádicos casos amorosos com France
Gall (Josephine Japy) e Sophie Mister (Kathalyn
Jones), sua última companheira, a que
testemunhou sua morte, num acidente doméstico,
aos trinta e nove anos.
Foi por sentir saudade da rotina de vida,
que levava com uma delas - possivelmente France
Gall -, que François interrompeu sua fase de
agradar ao público para agradar a si próprio:
retomou o tradicional estilo da canção francesa,
para compor “Comme d´habitude”, que
gravou, logo em seguida. O importante é
confirmar, pelo filme, que Frank Sinatra, embora
tenha conseguido obter, com a canção – a letra,
em inglês, é de Paul Anka - o seu maior sucesso,
ele nunca, em suas várias viagens à França,
mostrou interesse em conhecer o seu autor. E
François, por timidez, mesmo tendo encontrado
Sinatra à porta de um hotel, não conseguiu se
apresentar a ele.
Sem esquecer a excelência da trilha sonora de
Alexandre Desplat, o filme deve ser avaliado
principalmente pela soberba atuação de Jéremie
Renier (Hora de Verão) como o protagonista. Por
sinal, foi depois de conhecer o ator e atestar
sua impressionante semelhança física com
François que os filhos dele autorizaram o início
da rodagem da película, com locações na Bélgica
e no Marrocos. Foi Renier quem indicou Benoît
Magimel (Mon Pote) para interpretar o empresário
Paul Lederman. Irreconhecível pela maquiagem e
pelo sotaque judeu-marrroquino, Magimel tem
também brilhante participação. E, de forma
generalizada, o elenco é muito bom.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasilia, Revista
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FICHA TÉCNICA
MY WAY – O MITO ALÉM DA MÚSICA
CLOCLO
França 2012
Duração – 148 minutos
Direção – Florent Emilio-Siri
Roteiro – Florent Emilio-Siri e Jean Rappeneau
Produção –Cyril Colbeau-Justin, Jean-Baptiste
Dupont, Maya Hariri
Fotografia – Giovanni Fiori Coltellacci
Trilha Sonora – Alexandre Desplat
Edição –Olivier Gajan
Elenco – Jéremie Renier (Claude François),
Benoît Magimel (Paul Lederman), Monica Scattini
(Chouffa, a mãe), Maud Jurez (Janet Moollacott),
Ana Girardot (Isabelle Forêt), Josephine Japy
(France Gall), Kathelyn Jones (Sophie
Mister),Sabina Seyecou (Josette, a irmã), Robert
Knepper (Frank Sinatra),Tom Dufour (Claude
François, criança) , Marc Barbé (Aimé François,
pai), Emmanuel Rossefelder (Gilbert Bécaud),
Arthur Defays (Johnny Halliday), Marie Legault
(amiga de Chouffa) |
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