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E AGORA, AONDE VAMOS?
http://blogdocleo.com.br/o-bem-como-noticia/filme-e-agora-para-onde-vamos
Um filme que é um hino à paz e à harmonia entre
as religiões ROMA, sábado, 04 de Fevereiro de
2012 (ZENIT.org) -. Num vilarejo libanês,
cristãos e muçulmanos convivem pacificamente,
isolados do resto do mundo, graças ao colapso
providencial de uma ponte. Mas de vez em quando
os ecos da guerra, que recomeçou no país, chegam
a eles, por meio de uma televisão improvisada, e
as mulheres se reúnem em segredo para encontrar
um modo de dissuadir os homens do revoltar-se
novamente uns contra os outros…
O filme E agora para onde vamos? é um hino à paz
e à harmonia entre as religiões sem qualquer
retórica, porque é baseado na realidade de
muitas comunidades multiétnicas do Oriente
próximo.
Algumas linguagens são um pouco explícitas entre
as mulheres, em algumas cenas sensuais.
Grande habilidade da diretora (também
protagonista) no saber dirigir grande
diversidade de características e conseguir
dar-nos a imagem de uma comunidade viva,
apaixonada e cheia de humanidade.
O filme, se não prestarmos atenção a algumas
perdoáveis arritmias, é uma obra-prima.
A ambientação num pequeno vilarejo isolado do
resto do mundo por causa da guerra, em um tempo
não especificado, dá ao filme características de
uma história que pode nos falar sobre um tema
universal, a paz.
Misturando comédia, fábula, drama e musical, com
uma capacidade de fazer-nos sorrir com coisas
muito sérias, de uma forma que não se via desde
os tempos de La Vita è Bella (1997) de Roberto
Benigni.
Nesta pequena comunidade vivem juntos cristãos e
muçulmanos que se conhecem desde crianças e
gerenciam pacificamente seus negócios na sombra
de uma mesquita e de uma igreja; porém mais para
além de uma ponte, que foi providencialmente
destruída, há a guerra que de vez em quando, por
meio de imagens de uma TV improvisada, derrama a
carga de ódio. O pequeno cemitério do vilarejo,
dividido inexoravelmente em dois setores, já
está repleto de sepulturas de maridos, filhos e
pais que as mulheres de ambos os lados já estão
cansadas de ir visitar para renovar as flores e
limpar as fotos de lembrança.
Desde os tempos da Lisístrata de Aristófanes é a
mulher que sempre demonstrou uma vocação firme
para a paz; agora também Nadine Labaki, diretora
e ao mesmo tempo atriz (como no seu anterior
Caramel), juntamente com outras mulheres do
vilarejo inventam de tudo e de todos os
encantamentos que podem para distrair os seus
homens e evitar que se matem uns aos outros pelo
ódio religioso, pela vingança ou simplesmente
para defender seu orgulho.
O filme entretém e nos diverte ao mostrar a
imaginação dessas mulheres, que conhecendo seus
bebezões, procuram distraí-los com um grupo de
bailarinas russas que estavam na cidadezinha,
sem dúvida não por acaso, ou tentam fazê-los
acreditar nas mensagens de uma pessoa falecida,
muito informada sobre todas fofocas do vilarejo…
Mas a comédia não é o único registro do filme:
quando a tragédia chega inesperada e uma mãe se
depara com seu filho morto por uma bala perdida,
a tonalidade torna-se heróica e a mulher sabe
sufocar seu ressentimento enterrando
secretamente a criança para evitar que se torne
um pretexto para começar uma cadeia de
vinganças.
Poderíamos ficar perplexos, diante da
complexidade das problemáticas do mundo meio
oriental, pela forma simples e direta com que as
mulheres, apesar das várias provocações, são
capazes de manter a coerência de pensar sempre e
em todos os momentos em como manter com vida os
seus maridos (usando às vezes métodos pouco
ortodoxos), considerando-se satisfeitas só
quando conseguem enterrar as armas fornecidas
para o vilarejo. E talvez este seja o modo de
afirmar o absurdo de todas as guerras: como é
fácil pensar na paz e como se torna estúpido e
irracional aqueles que vêem na guerra uma
solução para seus problemas.
Muito bonitas são as cenas do imame e do pároco
da cidade, unidos primeiramente na harmonia das
duas comunidades… e quando se unem com as
mulheres na implementação dos subterfúgios
destinados a pacificar os ânimos, não se sentem
muito confiantes de terem cumprido atos
agradáveis às suas respectivas Divindades
Celestes.
Nadine Labaki esteve muito boa ao caracterizar
todos os personagens: poucas cenas são
suficientes e alguns toques para fazer-nos
entrar na vida desta simpática comunidade. É
verdade que se trata de uma comunidade de
fábula, mas poderia perfeitamente ser o modelo
para tantas realidades multiétnicas.
Se tivéssemos que reprovar algo à autora, não é
possível negar que o seu ponto de vista seja
exclusivamente feminino: enquanto as mulheres
são sábias e controladas, os homens são vítimas
dos seus instintos, sejam esses de natureza
bélica ou simplesmente os de perder a cabeça
diante da primeira mini-saia que passa na sua
frente.
*
Título Original: Et maintenant on va où?
País: França, Líbano, Itália, Egito
Ano: 2011
Direção: Nadine Labaki
Encenação: Nadine Labaki, Jihad Hojeily, Rodney
El-Haddad
Produção: LES FILMS DES TOURNELLES, PATHÉ, LES
FILMS DE BEYROUTH, UNITED ARTISTIC GROUP,
CHAOCORP, FRANCE 2 CINÉMA, PRIMA TV CON LA
PARTECIPAZIONE DI CANAL +, CINECINEMA, FRANCE 2
Duração: 100 minutos
Elenco: Nadine Labaki, Claude Baz Moussawbaa,
Layla Hakim, Yvonne Maalouf
Para saber mais: http://www.familycinematv.it/
Franco Olearo
[Tradução Thácio Siqueira]
(Revisão/Editoração de Theresa Catharina
G.Campos) |
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