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TELEMARKETING: INVASÃO DE DOMICÍLIO
Tereza Halliday – Artesã de Textos
Estava eu “posta em sossego”, como a
famosa Inês de Castro, quando me
estragaram o merecido cochilo
terapêutico, após horas de trabalho
no computador. Muitas pessoas
jurídicas se apossaram do meu número
de telefone residencial a fim de
perpetrar o assédio comercial que
atende pelo nome de telemarketing.
Meu descanso, refeições, leituras,
horas de trabalho em casa sofrem
ruptura por parte de uns “sem
noção”, que sabem muito bem o que
estão fazendo. Como a Inês do poema
de Camões, também sou inditosa,
porque vítima dessa invasão de
domicílio travestida de
legitimidade: o telemarketing.
Se e quando eu estiver interessada,
buscarei a informação. Oferta
comercial por telefone residencial é
desrespeito ao “sagrado recesso do
lar”. Entre os assediadores mais
importunos estão os Bancos.
Antigamente, banco prestava
serviços. Hoje, empréstimo, abertura
de conta, investimento, poupança não
sei das quantas, é tudo chamado de
“produtos”, oferecidos ao telefone
como se fossem dádivas dos deuses. E
o meu sossego é afanado. Em tempo de
campanha eleitoral, piorou, graças
aos marqueteiros políticos, que
também desrespeitam a privacidade
dos telefones residenciais. Atendo
ao toque e uma voz gravada emite:
“Sou Fulano e peço um minuto da sua
atenção”. Não dei. Se estivesse
considerando votar nele, não votaria
mais. Horas depois, outro aspirante
ao emprego de vereador tentou
seduzir-me como eleitora. Mas a
gravação estava toda enrolada,
truncada, incompreensível. Bem
feito! Quem manda invadir o
domicílio alheio abusando da
tecnologia telefônica?
Se atendo ao telefone da minha casa
é, unicamente, na expectativa de
assunto pessoal: necessidades de uma
mãe idosa, confirmação de consulta
médica, parente pedindo informação,
voz de amigo a temperar meu dia com
uma pitada de carinho. Respeito os
telefonistas propagandistas, pobres
assalariados num emprego muito
estressante. Renego o campo que lhes
dá emprego – o tal do telemarketing
- por desrespeitar a privacidade do
espaço onde se situa um telefone
residencial. Deveria haver um
cadastro de cidadãos que não queiram
contatos via telemarketing. Quem
constasse dele, estaria protegido de
ser infernizado por papo de vendedor
ao pé do ouvido. Outro dia, recebi
mensagem escrita em meu celular:
“Por determinação da Anatel, se não
quiser receber mensagens desta
operadora, envie SMS indicando
“Sair”. Taí uma determinação
sensata! Coloquem-na em prática nos
telefones fixos residenciais,
valendo para qualquer empresa.
(Diário de Pernambuco, 09/10/2012)
De:
guilherme jose campos barros
Data: 10 de outubro de 2012 08:04
Assunto: RE: TELEMARKETING : INVASÃO
DE DOMICÍLIO - Tereza Halliday
Para: Therezita Campos
Excelente matéria!!
Eu e Adriana, praticamente, não
atendemos mais o nosso telefone
residencial !
Beijos!! Guilherme |
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