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										A NEGOCIAÇÃO 
										
										                 
										
										Com uma direção  bem 
										conduzida, ao estilo de um thriller, 
										o escritor e cineasta Nicholas Jarecki 
										defende a ideia, em  A Negociação 
										(Arbitrage), de que os poderosos – 
										principalmente os que lidam no 
										desregrado mercado financeiro – se saem 
										sempre bem dos imbróglios que eles 
										próprios aprontam, na vida particular ou 
										nos negócios. 
										
										
										            Autor também 
										do brilhante roteiro, Jarecki (The 
										Outsider) – irmão de dois 
										documentaristas, Eugene e Andrew 
										Jarecki  - não tem como evitar a 
										conotação política que assume a sua 
										parábola em relação ao que vem 
										acontecendo em seu país depois da bolha 
										imobiliária de 2008.  
										
										
										De fato,  os 
										articuladores da crise hipotecária dos 
										bancos - como mostra o pertinente 
										documentário Trabalho Interno (Inside 
										Job), de Charles Ferguson, premiado 
										com o Oscar - acabaram por ser 
										aquinhoados com altos cargos da 
										administração financeira, no atual 
										governo democrata, e evitaram assim que 
										fosse feita uma regulamentação, como era 
										necessária,  do sistema bancário. 
										
										
										            Realizado 
										pela mesma metodologia do thriller
										da década de setenta  - como 
										Serpico, de Sidney Lumet, - o filme 
										de Jarecki, embora tenha voo próprio, 
										narra a história de um magnata de Wall 
										Street, Robert Miller (Richard Gere), 
										capa da revista Fortune, que, 
										como muitos atualmente, daqui e de lá, 
										ficou milionário vendendo títulos 
										fictícios sobre a exploração de uma mina 
										de minérios na Rússia.  
										 
										
										
										 Para  vender a sua 
										falida empresa, na qual trabalham seus 
										filhos – Peter Miller (Austin Lysi) e 
										Brooke Miller (Brit Marling) –, ele não 
										se constrange em fazer, 
										comprometendo-os, uma série de 
										transferências fraudulentas, com a 
										anuência de um banco estatal, de 
										empréstimos contraídos, no valor de 412 
										milhões de dólares. Mas isso não é tudo. 
										
										
										            Depois de 
										badalada entrevista concedida algures  à 
										imprensa, Miller retorna, no seu avião 
										particular, com os assessores, a Nova 
										York, onde a família, reunida, o aguarda 
										para comemorar o seu aniversário. Ao 
										agradecer a homenagem, ele, enfático, 
										cita Mark Twain, quando afirma que a 
										velhice não importa para quem não se 
										importa com ela.  
										
										
										Em seguida, malgrado o 
										pedido da esposa Ellen (Susan Sarandon) 
										para que fique em casa com os filhos e  
										netos, Miller alega compromissos de 
										negócios  e, azafamado, como um gigolô 
										de luxo, vai para a casa da amante 
										francesa Julie(Laetitia Casta ), dona de 
										uma galeria de artes.  Aspirando pó, ela 
										se despedaça de angústia pela demora 
										dele em comer o bolo que lhe preparou. 
										Chorosa,  muito chorosa, Julie  lhe 
										exige que deixe a família. 
										
										
										Para distraí-la, Miller a 
										convida a dar um passeio, em sua 
										Mercedes, por lugares ermos e aprazíveis 
										da cidade, mas, cansado, dormita ao 
										volante, provocando uma espetacular 
										capotagem. Julie morre. Ele, ferido na 
										cabeça e nas costas, foge do carro, em 
										chamas, para evitar comprometer a sua 
										imagem com o acidente. Entram então na 
										história duas curiosas figuras que vão 
										ficar na cola do poderoso Miller: um 
										motorista de táxi do Harlem, Jimmy (Nate 
										Parker), e um detetive Michael Bryer 
										(Tim Roth). 
										
										
										O estreante diretor tem 
										uma linguagem clara, simples, sem 
										simbologia pré-fabricada, no ritmo e na 
										cadência do suspense. E trabalha com uma 
										ambientação de Carrie Stewart muito 
										apropriada ao desenvolvimento do 
										argumento. Além disso, conta com 
										interpretações primorosas de um elenco a 
										todo o tempo ajustado à sua  concepção 
										da mise-en-scène do drama. 
										
										
										Nesse sentido, vale 
										ressaltar que Richard Gere, como Robert 
										Miller, tem representação discreta, mas 
										eficiente. Susan Sarandon, como Ellen 
										Miller, embora mal servida 
										(intencionalmente?) pelo figurinista, 
										aparece em bons momentos de atuação. Tim 
										Roth personifica  bem o detetive, 
										Michael Bryer, que transita  pelos 
										 meandros da vida de Miller à procura de 
										provas que possam incriminá-lo. E Nate 
										Parker, no papel de Jimmy, oferece 
										justas evidências de seu promissor 
										talento. Note-se ainda a presença de 
										Graydon Carter, editor da revista 
										Vanity Fair, que fez questão de 
										encarnar James Mayfield, o comprador da 
										empresa de Miller. 
										
										
										REYNALDO DOMINGOS 
										FERREIRA 
										
										
										ROTEIRO, Brasilia, 
										Revista 
										
										
										
										
										www.theresacatharinacampos.com 
										
										
										
										
										www.arteculturanews.com 
										
										
										
										
										www.noticiasculturais.com 
										
										
										FICHA TECNICA 
										
										
										A NEGOCIAÇÃO 
										
										
										ARBITRAGE 
										
										
										EUA – 2012 
										
										
										Duração -107 minutos 
										
										
										Direção – Nicholas 
										Jarecki 
										
										
										Roteiro – Nicholas 
										Jarecki 
										
										
										Produção – Laura 
										Bickford, Justin Nappi, Robert Salerno e 
										Kevin Turen 
										
										
										Fotografia – Yorick Le 
										Saux 
										
										
										Trilha Sonora –Cliff 
										Martinez 
										
										
										Edição – Douglas Crise
										 
										
										
										Elenco – Richard Gere 
										(Robert Miller), Susan Sarandon (Ellen 
										Miller), Tim Roth (Michael Bryer), Brit 
										Marling (Brooke Miller), Laetitia Casta 
										(Julie), Nate Parker (Jimmy), Graydon 
										Carter (James Mayfield), Austin Lysi 
										(Peter Miller).  | 
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