SETOR AÉREO
Como as companhias aéreas devem tratar passageiros obesos?
Empresas aéreas decidem à revelia como acomodar -- ou não -- passageiros obesos
15 de novembro, 2012
Uma viagem tem tudo para ser relaxante e divertida, correto? Não para todos. Viajantes obesos muitas vezes enfrentam momentos de estresse e humilhação. Diversas companhias aéreas norte-americanas solicitam a passageiros obesos que comprem assentos extras ou esperem pelos próximos voos, caso não consigam ser acomodados com segurança e o mínimo de conforto. Solicitar extensões de cintos de segurança também pode ser constrangedor, e sentar em assento estreito ao lado de alguém acima do peso certamente é desconfortável para ambas as partes.
A companhia Air Canadá tem uma abordagem interessante para lidar com as necessidades especiais de viajantes obesos. Por considerar a obesidade uma condição médica, a companhia oferece aos passageiros obesos um assento extra sem custo adicional, desde que apresentem um atestado médico.
Essa abordagem é surpreendente e demonstra uma diferença fascinante entre as atitudes dos norte-americanos e da comunidade internacional diante da obesidade. A doença é endêmica nos EUA; mais de um terço dos norte-americanos sofrem do mal, e o problema custa aos cofres públicos do país US$147 bilhões anualmente em despesas médicas. A Air Canadá e outras empresas aéreas com políticas que caracterizam a obesidade como uma condição médica estão absorvendo um prejuízo toda vez que oferecem um assento extra a passageiros obesos. Esse prejuízo provavelmente é transferido para os outros passageiros na tarifa das passagens.
Talvez isso seja justo. O preço de passagens aéreas já inclui custos de desfibriladores para pacientes que sofrem de eventos cardíacos em aviões, por exemplo. Faria sentido colaborar também para absorver o custo das necessidades especiais de pessoas obesas. Porém, nos EUA, muitos norte-americanos resistiriam em pagar passagens mais caras para acomodar passageiros obesos em dois assentos. A cultura dos EUA é muito tolerante à humilhação e à zombaria, assim como tolera a obesidade, uma combinação que, alimentada por políticas de transferência de custos, pode ser explosiva.
Até agora, as companhias aéreas decidem por si mesmas como tratar os passageiros obesos. Isso é um fato positivo. Se o governo tentasse legislar para forçar as linhas aéreas a oferecer assentos extras a passageiros obesos, certamente provocaria protestos de parte da população.
Pessoas obesas compõem uma parcela enorme da população norte-americana. Elas deveriam boicotar as companhias aéreas que não as tratem bem e reclamar publicamente quando o serviço é ruim ou quando sofrem constrangimento. Talvez desta maneira aqueles desconfortáveis assentos da classe econômica se tornarão um pouco mais confortáveis para todos nós também.