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O VÔO
Site
oficial:
Comentário de Márcia Rachel em sua página FacineMa.
The
FLIGHT – O VÔO - 2012
Filme brilhantemente dirigido por Robert
Zemeckis ("De Volta para o Futuro"), traz no
elenco um ator de peso como o protagonista,
magnífico no papel de um alcóolatra, Denzel
Washington.
O filme merece ser visto.
Whip Whitaker (Denzel) é um piloto de avião
comercial. Viciado em álcool e outras
drogas,
consegue aterrissar, evitando uma
catástrofe aérea, deixando, dentre os 108
presentes a bordo, 6 mortos, dois
tripulantes e quatro passageiros.
Mesmo sendo considerado um herói, por ter
salvo quase todos os passageiros e a maioria
dos tripulantes, as evidências colhidas de
seu sangue podem colocar Whip como
responsável pela queda do avião,
considerando-o um homicida culposo.
Não se trata aqui de um filme de julgamento.
Mas é um filme que aprofunda o nosso próprio
julgamento diante dos erros que cometemos ao
longo do caminho, intencionais ou não,
culposos ou não, e que buscamos na mentira,
esconder a verdade que nos atormenta.
Whip sabe que somente sua capacidade, pela
experiência alcançada ao longo dos anos, foi
capaz de evitar um acidente muito maior. No
entanto, ele também sabe que o álcool é o
seu maior inimigo e pode colocar toda sua
carreira a perder.
Foi a bebida que o distanciou do seu filho e
de sua mulher. Será que o álcool e as drogas
vão levar Whip para longe do mundo das
nuvens?
Assistam ao filme, pois a resposta final é a
grande chave deste filme sensacional, com
uma atuação brilhante de Denzel Washington,
que encara e encarna neste papel,
confirmando o excelente ator que é.
John Goodman (que brilhou com sua breve
aparição em "Argo"), repete a dose aqui, e
também completa o elenco de peso dos atores
coadjuvantes ( nota 10 para a atriz Kelly
Reilly de "Sherlock Holmes" e Don Cheadlle
de "Hotel Ruanda"). Ele, Goodman é o "amigo"
de Whip, que lhe fornece as drogas e, como
sempre em suas atuações, deixa algumas cenas
leves, nos arrancarem boas risadas.
O roteiro brilhante de John Gatins
("Hardball – O jogo da Vida") envolve o
espectador, nos fixando na tela, para ver
até aonde este vôo é capaz de nos levar. E
nos leva a uma pergunta, sem resposta.
Aterrissar na vida real não é nada fácil. O
filme nos coloca dúvidas e questionamentos
sobre nossa própria existência. E, quem de
nós nunca tirou os pés do chão, além de um
avião?
Filmaço!
Dra. Marcia Rachel Ris Mohrer
Advogada
EM 2001, O PILOTO CANADENSE ROBERT
PICHE salvou 306 PASSAGEIROS
(...)"...inspirado em 2001,
quando o piloto canadense Robert
Piche salvou 306 passageiros de
um Airbus 330. Mas depois de ser
saudado como herói, um
jornalista descobriu seu passado
criminoso e vida privada
conturbada.
Não houve,
porém, o avião viajando de
cabeça para baixo. Ou seja,
pretende contar a vida
conturbada do piloto e não
exatamente o voo. Fizeram
questão de não identificar
nenhuma companhia aérea e as
bebidas que aparecem no filme
não fizeram merchandising. Foi
rodado em Atlanta, por causa da
ajuda que a cidade está dando
para os filmes rodados na
região.
Voo
Air Transat 236
Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Voo
Air Transat 236
Origem:
Wikipédia, a
enciclopédia
livre.
ROBERT PICHÉ: SE
PUDESSE APAGAVA AQUELE DIA
A 23 de Agosto de 2001, este
piloto canadiano salvou a vida a
304 pessoas, das quais 280
portuguesas. O avião que
pilotava, um Airbus 330 da Air
Transact, ficou sem combustível
a dez mil metros de altitude mas
planou durante 18 minutos até
aos Açores, aterrando em
circunstâncias extraordinárias,
sem um morto ou um ferido grave.
Chamaram-lhe “o maior feito da
aviação comercial moderna”.
Alguns controladores de tráfego
aéreo costumam dizer que a única
forma de alinhar tantos aviões
para a aterragem é olhar para o
ecrã como quem olha para um jogo
de computador e nunca pensar nas
pessoas que estão lá. Durante
aqueles 18 minutos que durou a
descida de emergência para a
Terceira, tinha os passageiros
na cabeça?
Completamente. Somos treinados
para sermos responsáveis pelos
passageiros. Pensamos nisso
mesmo sem pensar nisso.
Mas disse uma vez, a propósito
daquela noite, que a certa
altura falou consigo próprio
nestes termos: “Meu sacana, não
vais morrer esta noite, com 48
anos!” Em nenhum momento pensou
em si mais do que nos
passageiros?
Essa frase ficou famosa, sim...
Mas a questão é que eu nunca
acreditei verdadeiramente que
íamos cair naquela noite. Já
tinha vivido muitas situações
complicadas e não fazia sentido
para mim morrer daquela maneira,
ficando sem combustível no meio
do oceano, a dez mil metros de
altitude. Era demasiado
estranho.
Tinha visto as pessoas na sala
de embarque?
Não. Nunca as vejo. Já estou no
avião quando elas embarcam.
E no desembarque: lembra-se dos
rostos?
Encontrámos alguns antes de
embarcarmos no barco que, mais
tarde, nos levou a Ponta
Delgada. Mas, nos momentos a
seguir à aterragem, eu não
estava a raciocinar bem. A
primeira coisa em que pensei
foi: “O meu chefe não vai gostar
disto...” Havia uma grande
confusão de sentimentos. Só
disse ao pessoal de emergência:
“Tomem conta dos passageiros e
da tripulação, que eu e o
co-piloto estamos bem.”
Diz que estava bem quando aterrou, que
não precisava de ajuda. Estava mesmo
bem?
Estava. O
problema não foi ter aterrado aquele
avião no meio do Atlântico, sem
combustível. A minha prova de fogo tinha
sido 18 minutos antes, quando o segundo
motor parara a dez mil metros de
altitude. Aí é que eu tivera de decidir:
“Bom, agora ou aterras ou te despenhas
com estas pessoas.” Aí é que a linha
entre a vida e a morte fora muito fina.
Aí é que a morte olhara para mim e
dissera: “Estou aqui para te vir buscar”
e eu lhe respondera: “Ainda não será
esta noite, grande sacana!” Quando
transpomos esse muro tornamo-nos como
super-homens. Eu tinha sido posto numa
determinada situação contra a minha
vontade, mas quando chegámos a terra já
eu tinha pulado aquele muro há 18
minutos.
E o seu co-piloto, Dirk de Jager: como
se sentia após, aos 28 anos, ter vivido
aquela experiência?
O
co-piloto tinha estado sentado ao meu
lado, soubera tudo o que se passara e
tivera de pôr a sua vida nas minhas
mãos. Deve ter-se perguntado muitas
vezes: “Será que este gajo vai fazer o
trabalho dele ou iremos morrer todos?”
Portanto, acho que ele se sentia tal
como eu: confuso, mas com a sensação do
dever cumprido. Para mim, foi muito
importante tê-lo ali: eu não podia
decepcioná-lo, tal como às outras
pessoas.
Era o rosto de todas as 304 pessoas a
bordo.
Sim. E
ajudou-me a estar à altura.
Quando aterrou, tomou logo consciência
da heroicidade do seu feito?
Não.
Aliás, não me vejo como um herói. Quando
olho para trás, um ano e meio depois, só
posso pensar que fui poupado naquela
noite. De alguma maneira, eu fora
escolhido. Fora escolhido para estar ali
naquela noite e salvar aquelas pessoas.
Alguém lá em cima me deu os instrumentos
para aterrar aquele avião. É preciso ver
a quantidade de acasos positivos que se
juntaram: o tempo estava excelente
(tinha estado lixado na noite anterior e
estaria lixado na noite a seguir), a
base da Halifax tinha-nos pedido que nos
desviássemos da rota 60 milhas para sul
(sem isso nunca estaríamos em posição de
chegar à Terceira)...
Sim, e o
aeroporto era enorme e o avião era muito
bem construído e os ventos eram
favoráveis e a tripulação era
profissional... Mas a verdade é que
estava lá Robert Piché.
Fui
escolhido.
Conhece pessoalmente algum outro piloto
que tivesse conseguido o que você
conseguiu?
Não sei.
Às vezes pomo-nos a fazer esse
exercício, por brincadeira, e ainda não
chegámos a nenhum nome. Mas isso não
significa que eu seja melhor piloto do
que o próximo. Vi-me numa situação
contra a minha vontade e fiz o que tinha
a fazer. Se olhar para o meu passado, vê
que me aconteceram todas as coisas que,
naquela noite, me haviam de ajudar a
aterrar o avião. Às vezes não basta
ser-se um bom piloto: é preciso ter
experiência de vida.
(...)
Em que mãos pôs você a sua vida?
Na
verdade, eu tinha tantas coisas para
fazer naqueles minutos que me era
difícil pensar. Para mais, tinha de
acalmar o co-piloto. O Dirk é um
rapaz de ouro, inteligente, que fala
quatro línguas e será um excelente
capitão um dia, mas eu tinha de o
acalmar enquanto fazia as manobras.
O que lhe dizia?
Dizia-lhe: “Está tudo sob controlo.”
Mais nada. Disse-lho dez ou quinze
vezes. E ele sentia confiança na
minha voz. É isso a liderança. Foi
preciso ser ‘o’ comandante. Aliás,
foi a primeira vez que fui
verdadeiramente um comandante.
Foram 18 minutos de terror. Teria
aguentado mais?
Sem
dúvida. Mesmo mais cinco minutos. O
tempo que fosse preciso. Tinha os
sentidos todos apuradíssimos.
Disse uma vez que, naquele momento,
você era o avião e o avião era você
— os dois eram um só. O aparelho
também teria aguentado mais?
Só
tínhamos uma oportunidade. Tinha de
ser perfeito. E foi perfeito. E só o
foi porque alguém lá em cima, tenha
que nome tiver, permitiu que fosse
perfeito.
Que nome lhe dá você?
Eu lhe
chamo ‘Deus’. Sou católico romano e
vou à igreja todos os domingos. Isso
é muito importante para mim. Deus é
uma pessoa que está sempre lá para
me ouvir.
Foi um milagre, portanto. Até
porque, em terra, ninguém esperava
que conseguisse aterrar...
Penso
que sim, foi um milagre. E é normal
que não fizesse sentido para quem
estava em terra. Há um avião a dez
mil metros de altitude, sem motor,
pesando quase 200 mil toneladas, e
aquele tipo quer aterrá-lo em voo
planado? Nem pensar!
Tinha apenas cinco instrumentos de
navegação operacionais. Quantos
instrumentos, normalmente, são
precisos para pilotar um A-330?
Não
sei, nunca os contei. Centenas. Mais
do que centenas, se calhar. Mas nem
eram necessários aqueles cinco: eu
estava a ver a pista, com as luzes
acesas.
Foi difícil dar aos passageiros a
ordem para assumirem a posição de
acidente, de cabeça entre os
joelhos, sabendo que ia gerar pânico
a bordo?
Não
foi difícil, porque é obrigatório
dá-la. Mas não houve pânico. Houve
medo, confusão, mas as pessoas
comportaram-se exemplarmente. Elas
também fizeram bem o seu trabalho.
Imagine-se o que seria uma pessoa
enlouquecer e entrar pelo ‘cockpit’
dentro... Aí é que nos
despenhávamos.
Se houvesse amaragem, quantos
sobreviveriam?
Não
sei. Era uma questão de sorte.
Podiam sobreviver dez ou quinze
pessoas, mas também podia não
sobreviver ninguém. É muito difícil
sobreviver a uma amaragem.
Muitas pessoas passaram aqueles
minutos obcecadas com a ideia de
serem comidas por tubarões. Alguma
vez pensou nisso?
Não.
Eu sabia que não íamos cair.
E esperava que ninguém se magoasse
sequer?
Estava convicto de que podia salvar
toda a gente ou,
pelo contrário, apenas queria salvar
tanta gente quanto possível?
Tinha
a certeza que não haveria feridos. E
o resto da tripulação também a
tinha.
Mas houve quem se enervasse. E quem
exultasse quando o trem de aterragem
respondeu.
Talvez. Mas, no essencial, estávamos
todos confiantes. E, aí, acho que
foi uma questão de liderança.
Falei-lhes com a mesma tranquilidade
com que estou a falar agora. E isso
foi decisivo: a tripulação sentiu-se
confiante. Nós também tinhamos medo
de morrer. Mas tínhamos de acreditar
uns nos outros.
Já tinha testado aquela situação num
simulador?
Não.
Aquela situação não existia.
Mas agora já se faz esse ensaio.
Experimentaram, mas desistiram.
Aquilo acontece uma vez na vida. Não
estávamos a perder combustível ao
ritmo de uma tonelada por hora.
Perdemos tudo de uma vez, a 16
toneladas por hora. A dez mil metros
e no meio do oceano. Não faz
sentido. Agora, o que se pode
aprender é a partir da investigação.
Com o que fizemos bem e não com o
que tenhamos feito mal.
E você fez, ou não, alguma coisa
errada?
Na
minha opinião, não.
Não é estranho que nem o Governo
português nem o governo canadiano o
tenham agraciado?
Não
procuro honras. Eu fui poupado
naquela noite. E ninguém me vai
tirar aquele momento. Vai ficar
comigo para sempre.
Mesmo assim. Acha que o silêncio tem
a ver com o facto de o inquérito
ainda não estar concluído?
Talvez. Mas isso é problema deles,
não meu.
Há uma série de especulações sobre o
que devia ter sido feito e o que não
devia ter sido feito durante a fuga
de combustível. Devia mesmo ter
aberto as condutas de transfega de
combustível?
Não
posso falar nisso. Está sob
inquérito. Só posso pedir que alguém
se sente num avião a dez mil metros
de altitude, durante uma fuga maciça
de combustível, e depois me venha
falar no que fazer.
Antigamente os aviões levavam a
bordo um engenheiro. Hoje é tudo
feito electronicamente. Se naquela
noite houvesse um engenheiro a
bordo, teria sido possível conter a
fuga de combustível?
Se
houvesse mais doze pessoas, havia
mais doze opiniões para cruzar. Mas
estávamos lá só dois, e nós é que
tivemos de decidir. E, aliás, nunca
teria havido grande diferença.
Ficámos sem combustível. Ponto.
O inquérito já devia ser público.
Que se passa?
Não
sei. Devia ter sido divulgado no
Verão, depois no Outono, no Natal,
em Janeiro...
Está ansioso?
Não.
Eu fiz o que tinha a fazer para
salvar os passageiros. O resto é com
eles.
Mas há um processo judicial contra a
Air Trasact, a Roll Royce e os
próprios pilotos. Se houver uma
indemnização, quem devia pagá-la?
Não
faço ideia. A companhia de seguros é
que tem de tratar disso.
Se fosse passageiro, teria
processado alguém?
Penso
que não. Sabe porquê? No Natal
passado levei a minha mulher, que é
francesa, ao aeroporto para ir
passar a quadra com a família. No
regresso a casa, vinha a pensar
nisso: “E se recebo um telefonema a
dizer que o piloto da Air France
teve de aterrar de emergência nos
Açores, sem combustível, salvando a
minha mulher e o meu filho?” Sabe a
minha conclusão? Que ficaria
agradecido àquele piloto para
sempre.
Mas as
pessoas passaram 18 minutos de
terror...
Nós
também. Também somos humanos.
Mas
têm treino especial. Estão
preparados.
Não há
nada que nos prepare para a morte.
Cada um responde de uma maneira
perante a morte. É a natureza
humana.
Quanto tempo após aterrar telefonou
à família?
Cinco,
seis horas.
O que disse à sua mulher?
Bem,
telefonei-lhe às sete da manhã e,
como tinha saído na noite anterior,
ela percebeu logo que se passava
algo de errado. Mas eu disse-lhe
apenas: “Querida, tivemos um pequeno
problema, mas está tudo bem.” Ela,
que já foi hospedeira, disse: “OK,
querido.” Três minutos depois voltei
a telefonar, para dizer-lhe para ter
paciência com os jornalistas, e ela
atendeu-me em pranto. Tinha acabado
de ver a história na TV e percebido
que eu quase morrera.
Ficou orgulhosa de si?
Claro.
É normal. Mas sobretudo contente por
eu continuar vivo.
Hoje, onde se lê o nome Piché, lê-se
sempre sobre o seu passado
alcoólico, o dia em que foi preso
por tráfico de droga... São como
bandeiras. Qual é o objectivo:
vender melhor a biografia?
Não
fui eu que falou nisso. Foram os
jornalistas. E eu tive de passar a
viver com isso. Não podia
esconder-me.
Mas
olha-se para si e você não é um
‘cowboy’: tem um ar ‘cool’, está
barbeado, bem vestido...
É você
que me está a chamar ‘cowboy’. Eu
não me chamei ‘cowboy’... Eu sou um
comandante. O que esperava? Um tipo
bêbedo, barba grande, roupas
rotas... (risos)?
Mas não tem sido um tanto
decepcionante para as pessoas, esse
bom aspecto...?
Acho
que não. Quer dizer: eu sou assim.
Tive momentos bons e maus na vida, e
o grande segredo foi ser capaz de
levantar-me sempre que caía. Nunca
vivi a pensar que, um dia, seria um
herói.
Foi obrigado, recentemente, a fazer
uma cura alcoólica. O que o levou ao
álcool?
Foi
uma fase difícil na minha vida. Não
conseguia ligar o facto de ter feito
o meu trabalho e, de repente, ter-me
transformado num herói nacional. Não
fazia sentido.
Sentiu que tinha atingido o limite e
não havia mais nada a conquistar na
vida?
Não. A
questão foi que, entre morrer e ser
um herói nacional, passaram-se só 18
minutos. Caramba, eu era um tipo que
tinha estado preso no passado e, de
repente, conseguira um feito
extraordinário... E eu não tenho um
interruptor que liga e desliga as
emoções.
Preferia que aquela aterragem
milagrosa nunca tivesse acontecido?
Trocava tudo isto — os holofotes, as
homenagens, um aeroporto com o seu
nome — pela simples oportunidade de
continuar a viver como vivia antes?
Sim.
Preferia que aquela noite nunca
tivesse acontecido. Preferia ter
continuado a ser o velho Robert
Piché.
Como vai agora a sua relação com o
álcool?
Não
bebo há um ano. Ainda tenho um sonho
e preciso de estar sobrio para ele.
Tem um nome para esse sonho?
Tenho,
mas não quero dizer. Tenho sido tão
abnegado ao contar a minha história
que me julgo no direito de guardar
pelo menos uma coisa para mim
próprio.
Tem a ver com a aviação?
Não. A
aviação é parte da minha vida, é um
modo de vida, uma maneira de ser
livre. Não é um sonho.
Ainda se sente um solitário, um
‘lonesome cowboy’, passo mais uma
vez a expressão?
Acho
que sim. Não estou sozinho, pois
tenho família, mas continuo a ser
solitário.
FRASES
SOLTAS
Quando
me perguntam se não sinto falta do
álcool, respondo sempre: “Bebi
trinta anos e já tenho a minha
conta”. Quando morrer também espero
já ter a minha conta da vida.
O
co-piloto continua a sua carreira
normal. Da tripulação, também
ninguém desistiu de voar. Duas
hospedeiras precisaram de tratamento
psicológico, mas por pouco tempo.
Hoje, quando nos encontramos,
falamos sempre do voo 236. Há um elo
entre nós.
No
início dos anos 80, estava numa fase
difícil e alguém me telefonou:
“Queres ir buscar droga à Jamaica?
Não pensei duas vezes, nem sequer na
questão moral. Respondi: “Porque
não?”
Hoje,
nada me assusta. Estive 16 meses na
prisão, com assassinos, ladrões e
traficantes, e aprendi a sobreviver.
Vi a
morte perto muitas vezes na
prisão. (...)
A
minha mãe veio me visitar na prisão,
nos EUA, e começou a chorar. Eu lhe
disse: “Não chores, porque a culpa
não foi tua. Vocês, tu e o pai,
educaram-me bem.” E ela voltou para
casa, à minha espera.
(...)
Entre
a prisão e o regresso à aviação, fiz
de tudo: fotografei casas, vendi
carros, fiz mudanças, fui
camionista, taxista, ‘barman’,
empregado de balcão... E fi-lo
porque não podia cair em depressão.
(...)
Alguém
perguntou à minha filha de 22 anos
se era divertido ter um pai herói.
Ela disse : “Ele não é um herói, é
só o meu pai.” Não sou um herói. Não
me sinto como tal, não falo como
tal, não me comporto como tal... Se
sou o herói dos meus filhos é porque
os pais são sempre os heróis dos
filhos.
PREVENÇÃO DO ALCOOLISMO E USO DE
DROGAS NA AVIAÇÃO
---------------
O uso de drogas no local de
trabalho é um problema
mundial de saúde
pública, exigindo esforços e
ações de toda ordem para
diminuir o impacto na
saúde, na segurança e na
economia. E, portanto, deve
ser tratado sem
discriminação, recomenda a
Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Pensar em
programas prevenção é estar,
acima de tudo, voltado para
a
saúde, para segurança, para
um estilo de vida onde se
quer mais qualidade de
vida.
Rio de Janeiro, 29 de
setembro de 2011.
Selene Franco Barreto
Psicóloga e Consultora
Vice Presidente da ABEAD
Fontes:
1. ANAC – Agência Nacional
de Aviação Civil -
Regulamento Brasileiro de
Aviação Civil-120
(RBAC-120)., Brasil, 2011.
2. Ministério da Previdência
Social – Brasil, 2009.
3. Organização Internacional
do Trabalho (OIT) –
Relatório sobre “ Consumo
de drogas, álcool e
medicamentos no trabalho” -
Academia de Ciências
Médicas de Bilbao, Espanha,
2009.
4. Lima, JMB, Alcoologia – O
Alcoolismo na Perspectiva da
Saúde Pública –
Editora MedBook, RJ, 2008
5. Jornal da Tarde –
Antidoping nas Empresas
quase dobra desde 2005 –
Publicado em 13/04/2009.
http://www.abead.com.br/boletim/arquivos/boletim174/artigo.pdf
Pilot
Rehabilitation
Airline
pilots have one of the
most stressful jobs on
the planet: they are
responsible for the
lives and safety of
hundreds of passengers
on each flight they make
– and they fly day in
and day out. As with
other stressful careers,
this can lead many
individuals to use drugs
or alcohol as a coping
mechanism.
Unfortunately, this can
often lead airline
pilots down the path of
alcohol and drug
addiction. And, when the
lives of thousands of
people every week are in
your hands – drug and
alcohol abuse can lead
to disastrous
consequences. That is
why pilot rehabilitation
from drugs and alcohol
is especially important
to start at the first
sign of a problem.
Pilots
have difficulty
admitting they have a
drug or alcohol problem
Unfortunately, the
nature of the job also
increases the likelihood
that individuals will
deny that they have a
problem with drugs or
alcohol. No one wants to
admit that they are
endangering not only
their own lives, but
those of all their
passengers with their
self-destructive
behavior. In addition,
the airplane pilot
profession also tends to
attract the type of
“type-A” personalities
that have difficulty
asking for help or
showing weakness. This
tendency can make
seeking help even more
difficult for pilots.
Seaside Palm Beach
understands these issues
and has designed a pilot
rehabilitation program
that consciously takes
them into account,
vastly increasing the
chances of a successful
outcome.
Most
programs are not
designed specifically
for pilot rehabilitation
The
Federal Aviation
Administration and
individual airlines also
understand how the
myriad of issues that
pilots face can lead
them into alcohol and
drug dependence. That is
why they have designed
strict alcohol
consumption and testing
policies – and often
provide pilot
rehabilitation through
their employee
assistance programs.
These programs are a
great resource, but
unfortunately do not
work for everyone. Some
pilots do not trust the
confidentiality of a
program that is
administered by their
employers or unions;
others find that these
programs do not work for
them, because they are
not specifically
designed around the
issues that pilots face
everyday or staffed with
individuals who have an
aviation background.
Seaside’s
pilot rehabilitation
program is world-class
At
Seaside Palm Beach – a
leading, nationally
recognized executive
alcohol and drug rehab
treatment center – our
pilot rehabilitation
program is designed to
specifically address the
difficulties faced by
airline pilots in their
recovery from drug
and/or alcohol
addiction. We follow the
12-step model for
alcohol and/or drug
treatment and recovery –
and provide complete
medically supervised and
monitored detoxification
services as well. We are
JCAHO certified and
licensed by the State of
Florida, and our support
groups are led by
addiction counselors
with extensive
experience in the
aviation industry.
We invite you to contact
us today and begin your
journey to freedom with
the executive pilot
rehabilitation program
at Seaside Palm Beach. Call
us anytime 24/7 at (888)
515-7706 to
find out more about
taking back what your
drug or alcohol
addiction has stolen
from you, your family,
and your career.
http://www.executivealcoholdrugrehab.com/pilot-rehabilitation
http://www.nytimes.com/2012/02/10/business/global/indonesia-confronts-drug-use-among-pilots.html
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