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ROBERT
PICHÉ: SE PUDESSE
APAGAVA AQUELE DIA
A 23 de
Agosto de
2001, este
piloto
canadiano
salvou a
vida a 304
pessoas, das
quais 280
portuguesas.
O avião que
pilotava, um
Airbus 330
da Air
Transact,
ficou sem
combustível
a dez mil
metros de
altitude mas
planou
durante 18
minutos até
aos Açores,
aterrando em
circunstâncias
extraordinárias,
sem um morto
ou um ferido
grave.
Chamaram-lhe
“o maior
feito da
aviação
comercial
moderna”.
Alguns
controladores
de tráfego
aéreo
costumam
dizer que a
única forma
de alinhar
tantos
aviões para
a aterragem
é olhar para
o ecrã como
quem olha
para um jogo
de
computador e
nunca pensar
nas pessoas
que estão
lá. Durante
aqueles 18
minutos que
durou a
descida de
emergência
para a
Terceira,
tinha os
passageiros
na cabeça?
Completamente.
Somos
treinados
para sermos
responsáveis
pelos
passageiros.
Pensamos
nisso mesmo
sem pensar
nisso.
Mas disse
uma vez, a
propósito
daquela
noite, que a
certa altura
falou
consigo
próprio
nestes
termos: “Meu
sacana, não
vais morrer
esta noite,
com 48
anos!” Em
nenhum
momento
pensou em si
mais do que
nos
passageiros?
Essa frase
ficou
famosa,
sim... Mas a
questão é
que eu nunca
acreditei
verdadeiramente
que íamos
cair naquela
noite. Já
tinha vivido
muitas
situações
complicadas
e não fazia
sentido para
mim morrer
daquela
maneira,
ficando sem
combustível
no meio do
oceano, a
dez mil
metros de
altitude.
Era
demasiado
estranho.
Tinha visto
as pessoas
na sala de
embarque?
Não. Nunca
as vejo. Já
estou no
avião quando
elas
embarcam.
E no
desembarque:
lembra-se
dos rostos?
Encontrámos
alguns antes
de
embarcarmos
no barco
que, mais
tarde, nos
levou a
Ponta
Delgada.
Mas, nos
momentos a
seguir à
aterragem,
eu não
estava a
raciocinar
bem. A
primeira
coisa em que
pensei foi:
“O meu chefe
não vai
gostar
disto...”
Havia uma
grande
confusão de
sentimentos.
Só disse ao
pessoal de
emergência:
“Tomem conta
dos
passageiros
e da
tripulação,
que eu e o
co-piloto
estamos
bem.”
Diz que estava bem
quando aterrou, que
não precisava de
ajuda. Estava mesmo
bem?
Estava. O problema
não foi ter aterrado
aquele avião no meio
do Atlântico, sem
combustível. A minha
prova de fogo tinha
sido 18 minutos
antes, quando o
segundo motor parara
a dez mil metros de
altitude. Aí é que
eu tivera de
decidir: “Bom, agora
ou aterras ou te
despenhas com estas
pessoas.” Aí é que a
linha entre a vida e
a morte fora muito
fina. Aí é que a
morte olhara para
mim e dissera:
“Estou aqui para te
vir buscar” e eu lhe
respondera: “Ainda
não será esta noite,
grande sacana!”
Quando transpomos
esse muro
tornamo-nos como
super-homens. Eu
tinha sido posto
numa determinada
situação contra a
minha vontade, mas
quando chegámos a
terra já eu tinha
pulado aquele muro
há 18 minutos.
E o seu co-piloto,
Dirk de Jager: como
se sentia após, aos
28 anos, ter vivido
aquela experiência?
O co-piloto tinha
estado sentado ao
meu lado, soubera
tudo o que se
passara e tivera de
pôr a sua vida nas
minhas mãos. Deve
ter-se perguntado
muitas vezes: “Será
que este gajo vai
fazer o trabalho
dele ou iremos
morrer todos?”
Portanto, acho que
ele se sentia tal
como eu: confuso,
mas com a sensação
do dever cumprido.
Para mim, foi muito
importante tê-lo
ali: eu não podia
decepcioná-lo, tal
como às outras
pessoas.
Era o rosto de todas
as 304 pessoas a
bordo.
Sim. E ajudou-me a
estar à altura.
Quando aterrou,
tomou logo
consciência da
heroicidade do seu
feito?
Não. Aliás, não me
vejo como um herói.
Quando olho para
trás, um ano e meio
depois, só posso
pensar que fui
poupado naquela
noite. De alguma
maneira, eu fora
escolhido. Fora
escolhido para estar
ali naquela noite e
salvar aquelas
pessoas. Alguém lá
em cima me deu os
instrumentos para
aterrar aquele
avião. É preciso ver
a quantidade de
acasos positivos que
se juntaram: o tempo
estava excelente
(tinha estado lixado
na noite anterior e
estaria lixado na
noite a seguir), a
base da Halifax
tinha-nos pedido que
nos desviássemos da
rota 60 milhas para
sul (sem isso nunca
estaríamos em
posição de chegar à
Terceira)...
Sim, e o aeroporto
era enorme e o avião
era muito bem
construído e os
ventos eram
favoráveis e a
tripulação era
profissional... Mas
a verdade é que
estava lá Robert
Piché.
Fui escolhido.
Conhece pessoalmente
algum outro piloto
que tivesse
conseguido o que
você conseguiu?
Não sei. Às vezes
pomo-nos a fazer
esse exercício, por
brincadeira, e ainda
não chegámos a
nenhum nome. Mas
isso não significa
que eu seja melhor
piloto do que o
próximo. Vi-me numa
situação contra a
minha vontade e fiz
o que tinha a fazer.
Se olhar para o meu
passado, vê que me
aconteceram todas as
coisas que, naquela
noite, me haviam de
ajudar a aterrar o
avião. Às vezes não
basta ser-se um bom
piloto: é preciso
ter experiência de
vida.
(...)
Em que mãos pôs
você a sua vida?
Na verdade, eu
tinha tantas
coisas para
fazer naqueles
minutos que me
era difícil
pensar. Para
mais, tinha de
acalmar o
co-piloto. O
Dirk é um rapaz
de ouro,
inteligente, que
fala quatro
línguas e será
um excelente
capitão um dia,
mas eu tinha de
o acalmar
enquanto fazia
as manobras.
O que lhe dizia?
Dizia-lhe: “Está
tudo sob
controlo.” Mais
nada. Disse-lho
dez ou quinze
vezes. E ele
sentia confiança
na minha voz. É
isso a
liderança. Foi
preciso ser ‘o’
comandante.
Aliás, foi a
primeira vez que
fui
verdadeiramente
um comandante.
Foram 18 minutos
de terror. Teria
aguentado mais?
Sem dúvida.
Mesmo mais cinco
minutos. O tempo
que fosse
preciso. Tinha
os sentidos
todos
apuradíssimos.
Disse uma vez
que, naquele
momento, você
era o avião e o
avião era você —
os dois eram um
só. O aparelho
também teria
aguentado mais?
Só tínhamos uma
oportunidade.
Tinha de ser
perfeito. E foi
perfeito. E só o
foi porque
alguém lá em
cima, tenha que
nome tiver,
permitiu que
fosse perfeito.
Que nome lhe dá
você?
Eu lhe chamo
‘Deus’. Sou
católico romano
e vou à igreja
todos os
domingos. Isso é
muito importante
para mim. Deus é
uma pessoa que
está sempre lá
para me ouvir.
Foi um milagre,
portanto. Até
porque, em
terra, ninguém
esperava que
conseguisse
aterrar...
Penso que sim,
foi um milagre.
E é normal que
não fizesse
sentido para
quem estava em
terra. Há um
avião a dez mil
metros de
altitude, sem
motor, pesando
quase 200 mil
toneladas, e
aquele tipo quer
aterrá-lo em voo
planado? Nem
pensar!
Tinha apenas
cinco
instrumentos de
navegação
operacionais.
Quantos
instrumentos,
normalmente, são
precisos para
pilotar um
A-330?
Não sei, nunca
os contei.
Centenas. Mais
do que centenas,
se calhar. Mas
nem eram
necessários
aqueles cinco:
eu estava a ver
a pista, com as
luzes acesas.
Foi difícil dar
aos passageiros
a ordem para
assumirem a
posição de
acidente, de
cabeça entre os
joelhos, sabendo
que ia gerar
pânico a bordo?
Não foi difícil,
porque é
obrigatório
dá-la. Mas não
houve pânico.
Houve medo,
confusão, mas as
pessoas
comportaram-se
exemplarmente.
Elas também
fizeram bem o
seu trabalho.
Imagine-se o que
seria uma pessoa
enlouquecer e
entrar pelo
‘cockpit’
dentro... Aí é
que nos
despenhávamos.
Se houvesse
amaragem,
quantos
sobreviveriam?
Não sei. Era uma
questão de
sorte. Podiam
sobreviver dez
ou quinze
pessoas, mas
também podia não
sobreviver
ninguém. É muito
difícil
sobreviver a uma
amaragem.
Muitas pessoas
passaram aqueles
minutos
obcecadas com a
ideia de serem
comidas por
tubarões. Alguma
vez pensou
nisso?
Não. Eu sabia
que não íamos
cair.
E esperava que
ninguém se
magoasse
sequer?
Estava convicto
de que podia
salvar toda a
gente ou,
pelo contrário,
apenas queria
salvar tanta
gente quanto
possível?
Tinha a certeza
que não haveria
feridos. E o
resto da
tripulação
também a tinha.
Mas houve quem
se enervasse. E
quem exultasse
quando o trem de
aterragem
respondeu.
Talvez. Mas, no
essencial,
estávamos todos
confiantes. E,
aí, acho que foi
uma questão de
liderança.
Falei-lhes com a
mesma
tranquilidade
com que estou a
falar agora. E
isso foi
decisivo: a
tripulação
sentiu-se
confiante. Nós
também tinhamos
medo de morrer.
Mas tínhamos de
acreditar uns
nos outros.
Já tinha testado
aquela situação
num simulador?
Não. Aquela
situação não
existia.
Mas agora já se
faz esse ensaio.
Experimentaram,
mas desistiram.
Aquilo acontece
uma vez na vida.
Não estávamos a
perder
combustível ao
ritmo de uma
tonelada por
hora. Perdemos
tudo de uma vez,
a 16 toneladas
por hora. A dez
mil metros e no
meio do oceano.
Não faz sentido.
Agora, o que se
pode aprender é
a partir da
investigação.
Com o que
fizemos bem e
não com o que
tenhamos feito
mal.
E você fez, ou
não, alguma
coisa errada?
Na minha
opinião, não.
Não é estranho
que nem o
Governo
português nem o
governo
canadiano o
tenham
agraciado?
Não procuro
honras. Eu fui
poupado naquela
noite. E ninguém
me vai tirar
aquele momento.
Vai ficar comigo
para sempre.
Mesmo assim.
Acha que o
silêncio tem a
ver com o facto
de o inquérito
ainda não estar
concluído?
Talvez. Mas isso
é problema
deles, não meu.
Há uma série de
especulações
sobre o que
devia ter sido
feito e o que
não devia ter
sido feito
durante a fuga
de combustível.
Devia mesmo ter
aberto as
condutas de
transfega de
combustível?
Não posso falar
nisso. Está sob
inquérito. Só
posso pedir que
alguém se sente
num avião a dez
mil metros de
altitude,
durante uma fuga
maciça de
combustível, e
depois me venha
falar no que
fazer.
Antigamente os
aviões levavam a
bordo um
engenheiro. Hoje
é tudo feito
electronicamente.
Se naquela noite
houvesse um
engenheiro a
bordo, teria
sido possível
conter a fuga de
combustível?
Se houvesse mais
doze pessoas,
havia mais doze
opiniões para
cruzar. Mas
estávamos lá só
dois, e nós é
que tivemos de
decidir. E,
aliás, nunca
teria havido
grande
diferença.
Ficámos sem
combustível.
Ponto.
O inquérito já
devia ser
público. Que se
passa?
Não sei. Devia
ter sido
divulgado no
Verão, depois no
Outono, no
Natal, em
Janeiro...
Está ansioso?
Não. Eu fiz o
que tinha a
fazer para
salvar os
passageiros. O
resto é com
eles.
Mas há um
processo
judicial contra
a Air Trasact, a
Roll Royce e os
próprios
pilotos. Se
houver uma
indemnização,
quem devia
pagá-la?
Não faço ideia.
A companhia de
seguros é que
tem de tratar
disso.
Se fosse
passageiro,
teria processado
alguém?
Penso que não.
Sabe porquê? No
Natal passado
levei a minha
mulher, que é
francesa, ao
aeroporto para
ir passar a
quadra com a
família. No
regresso a casa,
vinha a pensar
nisso: “E se
recebo um
telefonema a
dizer que o
piloto da Air
France teve de
aterrar de
emergência nos
Açores, sem
combustível,
salvando a minha
mulher e o meu
filho?” Sabe a
minha conclusão?
Que ficaria
agradecido
àquele piloto
para sempre.
Mas as pessoas
passaram 18
minutos de
terror...
Nós também.
Também somos
humanos.
Mas têm treino
especial. Estão
preparados.
Não há nada que
nos prepare para
a morte. Cada um
responde de uma
maneira perante
a morte. É a
natureza humana.
Quanto tempo
após aterrar
telefonou à
família?
Cinco, seis
horas.
O que disse à
sua mulher?
Bem,
telefonei-lhe às
sete da manhã e,
como tinha saído
na noite
anterior, ela
percebeu logo
que se passava
algo de errado.
Mas eu disse-lhe
apenas:
“Querida,
tivemos um
pequeno
problema, mas
está tudo bem.”
Ela, que já foi
hospedeira,
disse: “OK,
querido.” Três
minutos depois
voltei a
telefonar, para
dizer-lhe para
ter paciência
com os
jornalistas, e
ela atendeu-me
em pranto. Tinha
acabado de ver a
história na TV e
percebido que eu
quase morrera.
Ficou orgulhosa
de si?
Claro. É normal.
Mas sobretudo
contente por eu
continuar vivo.
Hoje, onde se lê
o nome Piché,
lê-se sempre
sobre o seu
passado
alcoólico, o dia
em que foi preso
por tráfico de
droga... São
como bandeiras.
Qual é o
objectivo:
vender melhor a
biografia?
Não fui eu que
falou nisso.
Foram os
jornalistas. E
eu tive de
passar a viver
com isso. Não
podia
esconder-me.
Mas olha-se para
si e você não é
um ‘cowboy’: tem
um ar ‘cool’,
está barbeado,
bem vestido...
É você que me
está a chamar
‘cowboy’. Eu não
me chamei
‘cowboy’... Eu
sou um
comandante. O
que esperava? Um
tipo bêbedo,
barba grande,
roupas rotas...
(risos)?
Mas não tem sido
um tanto
decepcionante
para as pessoas,
esse bom
aspecto...?
Acho que não.
Quer dizer: eu
sou assim. Tive
momentos bons e
maus na vida, e
o grande segredo
foi ser capaz de
levantar-me
sempre que caía.
Nunca vivi a
pensar que, um
dia, seria um
herói.
Foi obrigado,
recentemente, a
fazer uma cura
alcoólica. O que
o levou ao
álcool?
Foi uma fase
difícil na minha
vida. Não
conseguia ligar
o facto de ter
feito o meu
trabalho e, de
repente, ter-me
transformado num
herói nacional.
Não fazia
sentido.
Sentiu que tinha
atingido o
limite e não
havia mais nada
a conquistar na
vida?
Não. A questão
foi que, entre
morrer e ser um
herói nacional,
passaram-se só
18 minutos.
Caramba, eu era
um tipo que
tinha estado
preso no passado
e, de repente,
conseguira um
feito
extraordinário...
E eu não tenho
um interruptor
que liga e
desliga as
emoções.
Preferia que
aquela aterragem
milagrosa nunca
tivesse
acontecido?
Trocava tudo
isto — os
holofotes, as
homenagens, um
aeroporto com o
seu nome — pela
simples
oportunidade de
continuar a
viver como vivia
antes?
Sim. Preferia
que aquela noite
nunca tivesse
acontecido.
Preferia ter
continuado a ser
o velho Robert
Piché.
Como vai agora a
sua relação com
o álcool?
Não bebo há um
ano. Ainda tenho
um sonho e
preciso de estar
sobrio para ele.
Tem um nome para
esse sonho?
Tenho, mas não
quero dizer.
Tenho sido tão
abnegado ao
contar a minha
história que me
julgo no direito
de guardar pelo
menos uma coisa
para mim
próprio.
Tem a ver com a
aviação?
Não. A aviação é
parte da minha
vida, é um modo
de vida, uma
maneira de ser
livre. Não é um
sonho.
Ainda se sente
um solitário, um
‘lonesome
cowboy’, passo
mais uma vez a
expressão?
Acho que sim.
Não estou
sozinho, pois
tenho família,
mas continuo a
ser solitário.
FRASES SOLTAS
Quando me
perguntam se não
sinto falta do
álcool, respondo
sempre: “Bebi
trinta anos e já
tenho a minha
conta”. Quando
morrer também
espero já ter a
minha conta da
vida.
O co-piloto
continua a sua
carreira normal.
Da tripulação,
também ninguém
desistiu de
voar. Duas
hospedeiras
precisaram de
tratamento
psicológico, mas
por pouco tempo.
Hoje, quando nos
encontramos,
falamos sempre
do voo 236. Há
um elo entre
nós.
No início dos
anos 80, estava
numa fase
difícil e alguém
me telefonou:
“Queres ir
buscar droga à
Jamaica? Não
pensei duas
vezes, nem
sequer na
questão moral.
Respondi:
“Porque não?”
Hoje, nada me
assusta. Estive
16 meses na
prisão, com
assassinos,
ladrões e
traficantes, e
aprendi a
sobreviver.
Vi a morte perto
muitas vezes na
prisão. (...)
A minha mãe veio
me visitar na
prisão, nos EUA,
e começou a
chorar. Eu lhe
disse: “Não
chores, porque a
culpa não foi
tua. Vocês, tu e
o pai,
educaram-me
bem.” E ela
voltou para
casa, à minha
espera.
(...)
Entre a prisão e
o regresso à
aviação, fiz de
tudo: fotografei
casas, vendi
carros, fiz
mudanças, fui
camionista,
taxista,
‘barman’,
empregado de
balcão... E
fi-lo porque não
podia cair em
depressão.
(...)
Alguém perguntou
à minha filha de
22 anos se era
divertido ter um
pai herói. Ela
disse : “Ele não
é um herói, é só
o meu pai.” Não
sou um herói.
Não me sinto
como tal, não
falo como tal,
não me comporto
como tal... Se
sou o herói dos
meus filhos é
porque os pais
são sempre os
heróis dos
filhos.
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