Theresa Catharina de Góes Campos

  LINCOLN

“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln.

Se esta frase é verdadeira, Lincoln, sem a menor sombra de dúvida, tinha caráter. Pena que caráter não seja o exemplo da grande maioria dos políticos.
 
"Lincoln", um dos favoritos ao Oscar deste ano, o novo filme de Spielberg, conta com nada mais nada menos que 12 indicações, dentre elas, para melhor filme, direção, roteiro adaptado, ator e atriz coadjuvante, uma performance que Spielberg já alcançou anteriormente, com seu inesquecível "A lista de Schindler", há 20 anos.

Esta sua mais recente obra, que teve um orçamento de US$ 65 milhões, já arrecadou mais que o dobro, com poucos meses de lançamento mundial.
Não se pode negar que este é mais um grande filme do seu idealizador, e Spielberg corrobora novamente todo o seu irretorquível talento.

Trata-se aqui de um drama biográfico, embora não seja uma cinebiografia, que registra um momento histórico da vida do 16º presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865), cujo roteiro é adaptado do terço final do best-seller “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Keams Goodwin (lançado em janeiro deste ano, aqui no Brasil). Abrange os últimos 4 meses de vida do presidente responsável pelo fim da escravatura nos EUA, além de ser um dos mais celebrados até os dias de hoje, sendo considerado por muitos, o maior presidente da história americana.

"Lincoln" é um filme politico, e pode até incomodar nesse sentido, os que não têm muito interesse pela história politica americana.

E um filme que cativa, não apenas pela inegável competência do diretor, que escolheu brilhantemente um dos mais impressionantes atores para encarnar o papel, DANIEL DAY LEWIS, que deve levar certamente outra estatueta para casa, pela arrasadora atuação habilidosa de Daniel, que nos emociona em cada cena, cada palavra lançada, outorgada num compasso firme e forte, nesta mega produção de altíssimo nível, que pelas mãos precisas de Spielberg, conseguiu, através da arte, nos fazer retroceder no tempo e reviver a passagem histórica, como se ela fosse atual, presente e viva.

Sally Field faz com aptidão o papel da esposa de Lincoln, Mary Todd Lincoln.

O roteiro cinematográfico mostra também o sofrimento com os distúrbios depressivos na vida do casal, uma situação agravada com a perda de um dos filhos.

Spielberg, com o seu belíssimo trabalho na direção, foi ainda o grande responsável pela certeira escolha do elenco de primeira, sobretudo, pela exemplar escolha de Daniel Day Lewis que, com a sua competência de intérprete, conseguiu magistralmente ressuscitar o Presidente Lincoln, tão carismático e sentimental, nos possibilitando vê-lo VIVO, tão presente e real, como ele de fato foi.

Certamente Lincoln deve estar aplaudindo lá de cima e nós aqui embaixo.
“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa, sem o seu consentimento.” A.L.

Lincoln um visionário de seu tempo, cujo nome a história americana não apagou, e que o cinema de Spielberg imortalizou em celuloide, de forma impecável.

Lincoln disse:

“O ser humano que não tem dúvidas está se enganando.”

Mais uma verdade a ser debatida. Posso até estar enganada, mas seu legado não deixa dúvidas de que ele contribuiu para o lugar de potência mundial que os EUA alcançou.

Mesmo que a crítica dos espectadores não seja unânime , apesar de longo (153 minutos), é sem dúvida, e sem engano, um dos filmes mais imponentes do ano.

Vale cada minuto!

Eu aplaudo, em pé!

Márcia Rachel - FacineMa.

Dra. Marcia Rachel Ris Mohrer
Advogada
São Paulo-SP. 13 de fevereiro de 2013
 

Jornalismo com ética e solidariedade.