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De: Dra. Márcia
Data: 17 de fevereiro de 2013 06:11
Assunto: o amante da rainha
“O Amante da Rainha” ( A Royal
Affair- 2012) – este é o filme
dinamarquês que concorre ao Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro, disputando
a estatueta com “No” (chileno), com
“Amour” (austríaco), com “Expedição
Kon Tiki” (norueguês), “War Witch”
(canadense).
Já venceu os prêmios Urso de Prata
como melhor roteiro e melhor ator
para Folsgaard, que faz o papel do
Monarca Christian, no Festival de
Berlim, além da indicação de melhor
filme no Globo de Ouro.
Dirigido de forma contundente... e
impecável por Nikolaj Arcel, que
também assina o roteiro em conjunto
com Rasmus Heisterberg, o filme se
baseia numa história real e de
realeza, pois trata da monarquia no
fim do século XVIII, quando a jovem
britânica Caroline Mathilde (Alicia
Vikander)se torna rainha da
Dinamarca ao se casar com o insano
rei Christian VII (Mikkel Boe
Folsgaard), e vai envolver-se com o
médico alemão Johann Struensse (Mads
Mikkelsen), contestador da nobreza
real, que é enviado à corte para
cuidar da saúde do monarca, quando
sua perturbação mental se evidencia.
Johann compreende a fragilidade
monárquica, conquistando a confiança
do rei, para alcançar o poder,
inspirando a era iluminista, assim
colocando em prática as idéias da
elite de intelectuais do século
XVIII, que procuraram mobilizar o
poder racional, a fim de reformar a
sociedade contra os abusos da igreja
e do Estado.
O filósofo Rousseau escreveu:
“O homem nasceu livre, e por toda a
parte vive acorrentado."
O que vemos de real nesta história é
exatamente isso. Pessoas
acorrentadas em suas próprias mentes
e pelas mentes alheias. O tempo não
modifica a liberdade humana e, por
mais que o mundo avance, por mais
que as cabeças modifiquem seus
pensamentos, sempre haverá a
ganância pelo poder, a traição, a
culpa, a mentira e a loucura humana,
mas nada disso evitou que este
romance proibido e revelado,
trouxesse o avanço que a Dinamarca
alcançou.
A beleza cenográfica e o figurino
são minuciosamente retratados, na
excelente fotografia de Rasmus
Fidebaek, que é mostrada em cada
cena, de forma plena nos trazendo de
volta, na tela, a realeza, tal qual
ela foi.
O ator Folsgaard está esplêndido no
papel do louco monarca que encarna;
e o mérito do amante da rainha,
Mads, assim como foi a de seu
derradeiro algoz, é também de se
louvar.
Um filme que apresenta um episódio
importante para o relato da história
e que possui, no seu íntimo, uma dor
feminina, por não ter podido viver o
impossível, o que é um tormento.
Se houve algo de podre no reino da
Dinamarca, disso ninguém duvida. Mas
qual é o reino em que não há?
Filme que merece a indicação de
melhor filme, ainda que não venha a
levar a estatueta.
Pra ver e gostar.
Dra. Marcia Rachel Ris
Mohrer
Advogada |
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