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CAVERNA DOS SONHOS
ESQUECIDOS
(Cave of Forgotten
Dreams, 2010),
documentário dirigido
pelo mestre Werner
Herzog, merece ser
assistido, para que o
sonho não fique
adormecido.
Esta caverna - a Chauvet
Cave, em homenagem ao
seu descobridor, Jean
Marie Chauvet, nos é
apresentada pelo filme.
É como flecha congelante
de um momento no tempo,
numa aura de melodrama,
dentro desse cenário
visual imperdível que
sua câmera e voz
conduzem com uma
autonomia verdadeira.
O cineasta alemão de 70
anos disse, durante uma
aula magna que ministrou
no Centro Cultural Banco
do Brasil, em sua visita
a São Paulo, em 2011: “
o segredo é capturar o
público no início do
filme e deixá-lo ir ao
final....”.
E ele consegue fazer
isso com maestria, como
já fez anteriormente em
outros trabalhos, como
“Fitzcarraldo" e
“Nosferatu”, além dos
documentários “O Homem-
Urso” e “Into the Abyss”
, que também devem ser
vistos.
Sua mão na direção
domina a câmera por
dentro dessa viagem
fantástica que foi
visitar e explorar a
Caverna, nos trazendo
relatos de antropólogos,
historiadores,
paleontologistas,
geologistas e
arqueólogos.
A Chauvet Cave, situada
no sul da França, foi
descoberta em 1994 por
Jean Marie Chauvet,
Eliette Brunel e
Cristian Hillaire, a
quem a fita é dedicada,
numa jornada de
expedição particular,
onde Herzog, que dirige,
roteiriza e narra sua
obra, consegue trazer ao
espectador o direito de
também visitar,
enxergar, respirar os
detalhes desse espaço
que é protegido de
visitantes comuns, como
se junto com ele,
estivéssemos nessa
travessia, sem sair da
cadeira que nos conduz a
entrar na tela, através
de nossos olhos.
O acesso a esta
filmagem, que já tinha
sido negada a outros
cineastas, foi alcançado
por Herzog que, de forma
sublime, eternizou o
espírito dos animais ali
retratados, pintados e
registrados por humanos,
há mais de 20 mil anos ,
sem que o homem tenha a
capacidade e o poder de
desvendar o verdadeiro
sonho ali adormecido,
mas restaurado, de
alguma forma, pela
natureza do homem
reinventar a sua
história, mesmo que essa
verdade nunca seja
absoluta.
Herzog narra aquilo que
vê, e aquilo que sua
câmera conseguiu
registrar em filmagem
3D, e nós, espectadores,
vamos tirar nossas
próprias conclusões
sobre o mistério que
emana das almas ocultas
que ali passaram e que o
tempo imortalizou das
mãos de nossos
antepassados, cuja
técnica utilizada para
pintar os arcos
rochosos, que revestem o
interior das cavernas,
restaram incólumes para
o nosso presente, numa
fotografia de impacto
emocionante.
Vemos um conjunto de
pinturas rupestres que
permanecem vivas há mais
de 32 mil anos: cavalos,
mamutes, leões, bois,
que respiram o ar gelado
de seu interior, fazendo
bombear corações ali
esquecidos.
O talento do mestre
Herzog é inegável e ele
alcança seu propósito,
ao tornar real, um sonho
que seus descobridores
não deixaram que fosse
esquecido.
Um belo registro.
Disponível para quem tem
Apple TV, o filme foi
exibido na 35ª Mostra de
Cinema em São Paulo,
quando houve o
comparecimento do
diretor. Parabéns,
mestre Herzog!
Dra. Marcia Rachel Ris
Mohrer
Advogada |
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