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ACEROLA: PEQUENINA ... SÓ NO TAMANHO!
Na polpa de uma acerola ou cerejeira-das-antilhas, pode-se encontrar, em 100 g, até 4 mil mg de vitamina C, o que significa oitenta vezes mais do que a quantidade igual de suco de laranja ou limão. Consumida ao natural na forma de suco, geleia, compota, etc., a acerola seria um complemento alimentar ideal para o brasileiro e, de modo especial, para o nordestino, devido à sua deficiência em termos de vitaminas. Lactantes, crianças, adolescentes, gestantes e pessoas enfermas em processo de desnutrição e envelhecimento também se beneficiariam com a inclusão desse fruto em sua rotina alimentar.
Com a utilização de frigoríficos, ou seca, a acerola se destaca, pelo seu sabor característico, em receitas diversas de sorvetes, licores e batidas. O suco pode servir ainda para enriquecer o néctar e o suco de outras frutas. Por ter um aroma parecido com o da maçã, em razão de conter ácido málico e apresentar semelhanças na forma e na cor, embora de tamanho menor, a acerola recebe o nome de maçã em algumas regiões do Brasil. Com ramos densos, o arbusto atinge entre 2 m e 3 m de altura; suas folhas variam entre 2 cm e 8 cm; os frutos maiores não chegam a 3 cm de diâmetro, tendo, geralmente, forma ovalada, e seu peso não costuma ser superior a 10 g. Podem ser encontrados frutos bem menores, com peso de apenas 2 g. De cor avermelhada, o suco da cerejeira-das-antilhas representa cerca de 80% do peso da fruta, que normalmente contém três sementes. Em condições adequadas para a cultura, 22 dias decorrem, em média, da fecundação à maturação. De acordo com o seu sabor, recebe as classificações de ácida, subácida e doce; quanto mais ácida, indica maior quantidade de ácido ascórbico e, portanto, é mais rica em vitamina C.
FÃ DE CLIMA QUENTE
Nos climas tropicais e subtropicais, a acerola se desenvolve bem e com rapidez, pois as temperaturas elevadas ajudam. Frio e tempo seco retardam o desenvolvimento das plantas que, em casos extremos, chegam a parar de crescer. Costumam se recuperar, entretanto, com a elevação da temperatura e a chegada das chuvas; esses dois fatores, conjugados, contribuem para que a vegetação e o florescimento ganhem extraordinário vigor.
As temperaturas médias em torno de 26°C e 1.200 mm e 1.600 mm de chuvas proporcionam o ambiente ideal para o cultivo dessa fruta, considerada por professores, técnicos agrícolas e pesquisadores como uma autêntica dádiva da natureza. A boa distribuição das águas durante o ciclo natural também contribui como um fator importante para se obter colheita mais volumosa e com frutos de qualidade superior.
Para o seu cultivo como planta rústica, em clima semi-árido, é preciso fazer a irrigação da lavoura, em virtude da mesma não suportar a estiagem por muito tempo. Da mesma forma, não se recomenda o seu plantio em regiões onde costuma ocorrer frio intenso. Com a temperatura em torno de 0°C, a cerejeira-das-antilhas se ressente bastante e, perdurando tal condição climática, a planta terminará por morrer. Por outro lado, índices pluviométricos superiores a 1.600 mm durante o ciclo da lavoura são prejudiciais: as chuvas excessivas explicam a formação de frutos aguados, com teores menores de vitamina C e açúcares. Em quase todos os tipos de terreno se constata um desenvolvimento satisfatório da planta, mas a melhor produtividade se obtém em solos mais profundos, argilo-arenosos, de boa fertilidade e drenagem adequada.
PROPAGAÇÃO POR SEMENTES
O método mais utilizado (entre outros) na propagação da acerola é por sementes, porque resulta em plantas bastante semelhantes. Sendo autofértil, a cerejeira-das-antilhas tem suas sementes extraídas dos frutos, lavadas e postas para secar à sombra; a seguir, são cultivadas nos canteiros, em sulcos distanciados 20 cm um do outro. Portanto, a propagação por sementes é realizada em sementeiras: canteiros, caixas ou vasilhames individuais. A germinação ocorre entre vinte dias e 25 dias após.
De acordo com a fertilidade do solo, o espaçamento entre plantas no pomar varia de 4 m x 3 m a 5 m / 4 m. Com a altura de 30 cm a 35 cm, as plantinhas devem ser cultivadas no pomar. Necessário se faz proporcionar-lhes proteção adequada contra a insolação e regá-las todos os dias, nos períodos secos. Devido a suas características de rusticidade, a acerola não causa muitos problemas. Constituem práticas recomendáveis: deixar a área livre de mato e irrigá-la nas épocas secas. É preciso ainda retirar os ramos mais agressivos, permitindo o arejamento da parte interna da copa.
No caso de propagação por sementes, ocorre uma demora maior e a acerola dá frutos somente a partir de dois anos e meio.
Em quatro frutificações, o rendimento da cerejeira-das-antilhas atinge de 20 kg a 30 kg anuais/pé.
QUALIDADES NÃO LHE FALTAM...
Bastante cultivada no Sul dos Estados Unidos, assim como em Porto Rico, no Havaí, em Cuba e no México, a acerola tem qualidades de sobra, numa comparação com diversas outras frutas: contém tiamina, riboflavina e niacina em pequenas quantidades, constituindo-se em boa fonte de ferro e cálcio. Em relação aos açúcares, o seu suco apresenta sacarose, dextrose e levulose. Eis a sua composição, por 100 g de polpa: umidade, 91,10; proteína, 0,68; extrato etéreo, 0,19; fibra, 0,60; cinzas, 0,045; carboidratos, 6,98. Minerais: cálcio, 8,7 g; fósforo, 16,2 g; ferro, 0,7 g. Vitaminas: caroteno, 0,408 (408 U.I.); tiamina, 0,028 mg; riboflavina, 0,079 mg; niacina, 0,34 mg; ácido ascórbico, 2.329 mg.
O mais notável está na constatação de que, em 100 g de polpa de acerola encontram-se teores de vitamina C variáveis entre 1.000 mg e 4 mil mg, enquanto o teor de ácido ascórbico em mg/100 g em diferentes frutas é muito inferior: maçã, 5; banana, 10; goiaba, 300; limão, 50; manga, 70; suco de laranja enlatado, 49; pêssego, 8; abacate, 15; caju, 275.
Recomenda-se o consumo da acerola nos casos de escorbuto, como curativo, coadjuvante e preventivo contra perda de apetite, restrições impostas por dietas prolongadas, infecções, gripes, resfriados, lesões hepáticas, afecções pancreáticas, dispepsia, vômitos, úlceras, alterações do mecanismo da coagulação sanguínea, hemorragias, intoxicações e outros.
DELÍCIAS DE ACEROLA
Como delicioso complemento alimentar, além de ser comida “in natura”, a cerejeira-das-antilhas pode ser utilizada na forma de suco, licor, calda, geleia ou pasta, em receitas de preparo simples que fornecem os teores adequados de vitamina C na dieta familiar.
Para fazer o suco, numa quantidade de água a gosto do consumidor, coloca-se a acerola no liquidificador, até o desprendimento das sementes; depois de coar, adiciona-se açúcar, também a gosto; em seguida, bater novamente. Servir com gelo parece agradar mais ao paladar médio.
Para o licor, são necessários 1 kg de frutos maduros, bem com 800 g de açúcar, 1 litro de álcool e 1 litro de água. Obtém-se o xarope pela dissolução do açúcar em água morna, que é depois fervida, durante vinte minutos. Adiciona-se a acerola, fervendo-se por mais três minutos. Terminado o esfriamento, passar tudo numa peneira de malha grossa e acrescentar o álcool (aguardente e rum podem ser substitutos do álcool). Armazena-se o licor durante quinze ou vinte dias, usando-se, de preferência, um recipiente escuro e isento de sais de ferro ou cobre. Posteriormente, recomenda-se passar todo o conteúdo do recipiente numa peneira bem limpa e, também, num filtro de papel. O engarrafamento é a etapa seguinte. Serve-se o licor à temperatura ambiente.
Como sobremesa rica em vitamina C, a compota de acerola pode ser feita com 1 kg de cereja, 500 g de açúcar e meio litro de água. Preparando-se a calda, dissolve-se o açúcar em água morna, que se ferve depois, durante trinta minutos. As acerolas são acrescentadas e ficam em fervura por cinco minutos. Após o esfriamento da calda, colocá-la num vidro de boca larga, previamente escaldado. Caso a calda fique rala demais, depois de fria, colocar apenas as frutas no recipiente de vidro e repor a calda no fogo, até que chegue ao ponto desejado. Quando isso ocorrer, esperar a calda esfriar por completo, juntando-a às frutas no vidro, que deve ser tampado e conservado na geladeira.
Para as geleias, utilizar 1Kg de frutos e cobrir com água, que deverá ferver por meia hora, até que a película dos frutos se rompa. Passar em peneira de malha grossa e juntar o açúcar. A proporção é de três partes de suco, já coado, para uma parte de açúcar. Bem misturados, os ingredientes devem ser cozidos em fogo brando, durante oitenta minutos; em seguida, guarda-se o líquido em vidro de boca larga, até o esfriamento completo, quando se tampa e guarda na geladeira. A forma como se prepara a geleia de acerola permite o aproveitamento da massa remanescente para se fazer a PASTA: o material retido na peneira deve ser bem amassado, até o desprendimento total das sementes. Acrescenta-se, depois, uma medida de açúcar para cada medida de massa, levando-se ao fogo a mistura obtida, e mexendo-se continuamente com uma colher de pau. Atinge-se o ponto de pasta quando a massa, após algum tempo de fervura e agitação com a colher, se desprende do fundo da panela. Guarda-se a pasta em vidro de boca larga já escaldado. Depois do esfriamento completo, tampar o vidro e colocar no refrigerador. A pasta da acerola pode servir para recheio de tortas e panquecas ou consumo com pães, bolachas, queijos, etc.
No preparo dessas receitas com a cerejeira-das-antilhas, recomenda-se o uso exclusivo de colheres de pau e peneiras com malha de náilon, devido à oxidação da vitamina C, quando em contato com sais de ferro ou cobre. Para armazenar os produtos durante um período longo, aconselha-se esterilizar os vasilhames, colheres, peneiras e panelas que serão utilizados na preparação.
Theresa Catharina de Góes Campos
28 de março de 1989 |
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