Theresa Catharina de Góes Campos

  FRAGILIDADE


Na fragilidade individual e realista,
a percepção do mais frágil tesouro:
aqueles a quem dedico meu amor.
Uma fragilidade semelhante vejo
em todos que estimo. Permanece,
soberana, de caráter intransferível,
essa fragilidade maior da vida.


Como, de algum modo, posso aquietar
esta inquietude na qual me encontro,
na minha situação íntima vivenciar
tamanha intranquilidade emocional,
uma fragilidade presente, em mim,
tal como existe, pelo tesouro afetivo
que me segue, acompanha na vida?


Vou caminhando, então, levando
a minha fragilidade maior, a frágil
riqueza maior pela qual zelo, rica
de instantes, momentos impressos
na memória inquieta deste coração,
pastor de uma carga de diamantes,
diáfana, fugaz, de nossos encontros
marcantes, etéreos, tão humanos...


Se todas as perdas na vida me parecem
uma dilapidação percebida em meus bens,
no mais precioso tesouro de meus afetos,
onde encontrar a força necessária, vital?
Com essa fragilidade maior reconhecida,
amorosa e pessoal, como saber conviver?
Qual a receita para aprender a sobreviver?


Tenho consciência de que não posso,
nem quero fugir, de tal situação interior,
enriquecedora de meus dias, por laços
de estima e afetividade. A vida preciosa
se mostra inexorável nas suas limitações.
A beleza maior resplandece nos afetos,
os diamantes que a nossa fragilidade,
de face oculta imensurável, ressaltam.


Para com tantas fragilidades conviver,
no rochedo da Fé busco me apoiar.
Confiante, lanço a âncora da esperança.
Os segundos e minutos, os instantes
a serem vividos como hábil lapidação
de nossa própria vida, enriquecida
por esse tesouro de pedras preciosas.


Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 25 de agosto de 20013
 

Jornalismo com ética e solidariedade.