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INSENSATEZ NO TRÂNSITO
Tereza Halliday – Artesã de Textos
A convivência nas ruas torna-se muito mais
perigosa e estressante por causa da falta de
noção, imprudência, arrogância, distração de
motoristas e pedestres que desconhecem as regras
de comportamento no trânsito, ou as conhecem e
não estão nem aí para sua própria segurança e a
dos outros. A “inguinorança”, nos dois sentidos,
torna o trânsito pior.
Insensatez n. 1 – Distorção do significado da
luz amarela nos semáforos. Segundo o Código
Nacional de Trânsito, significa, realmente,
“diminua a velocidade e pare”. Porque o sinal
vermelho aparecerá imediatamente depois do
amarelo. Os motoristas traduzem por “acelere e
passe”, frequentemente furando o sinal vermelho.
Uma engenheira de tráfego me explicou que a luz
amarela nos semáforos acontece unicamente para
permitir que o motorista que já estiver no
cruzamento, complete a travessia antes do sinal
vermelho. Quem vem se aproximando do cruzamento
é para cumprir a determinação “diminua a
velocidade e pare”. Não é para comer pelas
beiras, levando um ridículo segundo de vantagem
e gerando perigos.
Insensatez n. 2 – O motorista não sinalizar se
vai mudar de pista, virar à esquerda ou à
direita. Chamadas luzes de cortesia, as luzes
pisca-pisca na traseira do veículo são mais que
isto – são necessárias para evitar acidentes.
Mas a amnésia está aumentando entre motoristas
quanto ao uso desse recurso de segurança do
tráfego. Os desligados da vida real simplesmente
não as usam.
Insensatez n. 3 – comportamento arriscadíssimo,
por ignorância, afoiteza ou bobeira dos
pedestres. A regra “o pedestre na faixa tem
prioridade” é interpretada por muitos como
licença para atravessar a rua em qualquer lugar.
Na faixa, mesmo que o sinal esteja fechado para
pedestres. Fora da faixa, em qualquer ponto da
pista, atravessam na maciota, sem apressar o
passo, como se estivessem passeando.
Desconhecedores da elementar lei da Física:
mesmo dentro da velocidade permitida, há um
certo tempo para conseguir parar o veículo.
Muitos atropelamentos não são por loucura do
motorista, mas porque o pedestre não está
consciente dessas questões de velocidade e
inércia de um corpo pesado em movimento. Pensa
que “vai dar para atravessar” e joga no
motorista a responsabilidade completa pela
segurança da travessia.
Por falta de espaço, não incluo aqui as faltas
de noção, audácias deletérias e complexos de
superioridade de muitos motoqueiros e ciclistas.
Seus desmandos e desmantelos, contravenções e
crimes de trânsito merecem reportagens de página
inteira.
Comportar-se com prudência e consideração pelos
outros, em todos os espaços da vida, deve ser
aprendido muito cedo e ser objeto de educação
continuada. Mas a educação permanente, para o
trânsito e para outras interações, não é
prioridade entre nós. Nem prever consequências
está entre as virtudes brasileiras. Lascamo-nos
todos por este traço do caráter nacional.
(Diário de Pernambuco, 24/3/2014)
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