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O TURISMO A DESENVOLVER
No Brasil, as autoridades governamentais têm
relegado o turismo a um lugar de pouca
importância, sendo isso um grande erro. Ocorre
que, num país em processo de desenvolvimento e
se considerando a crise econômica mundial da
atualidade, os problemas financeiros mais
facilmente reconhecidos parecem canalizar a
nossa atenção. Nas discussões políticas, por
exemplo, são temas comuns: inflação, desemprego,
miséria. Apenas os representantes da indústria
hoteleira e de companhias de turismo parecem
dispostos a incrementar o setor e debater suas
características. Esquecemo-nos, sobretudo, de
que falamos de uma riqueza inesgotável, ao
contrário do que se encontra no fundo das minas
e de outros tipos de reservas financeiras,
econômicas e minerais. “Sem chaminés,” a
indústria turística não polui o ar que
respiramos; entretanto, como a sua presença se
integra a uma paisagem natural, muitas vezes a
ignoramos, como se fosse invisível.
Nossa dívida externa exige uma solução que
objetive o estabelecimento de uma balança
comercial positiva. Precisamos de divisas – com
urgência – e uma das maiores fontes de criação
de divisas tão necessárias pode ser uma política
inteligente de turismo interno. Há nações que
alcançam a sua prosperidade exclusivamente do
turismo (o Principado de Mônaco), enquanto
outros países obtêm, do fluxo constante de
turistas nacionais e estrangeiros, recursos
consideráveis, depois aplicados em áreas as mais
diversas (Estados Unidos, França, Espanha,
etc.). Em beleza natural, vantagens climáticas e
variedade de opções, não somos inferiores a
nenhum país. A tais vantagens, podemos
acrescentar: a hospitalidade de nosso povo, a
atração exercida por nossos costumes e nossas
manifestações culturais e artísticas da mais
alta criatividade e qualidade.
O que nos faltam são incentivos fiscais e
promoções adequadas, bem como o estabelecimento
de uma estrutura básica, de apoio ao turista, em
todos os pontos do território brasileiro.
Nas nações consideradas como as mais adiantadas,
o planejamento turístico se fez como parte
integrante e essencial do orçamento total do
país. Meta governamental, valorizada pelos
recursos de que necessita o turismo. Atualmente,
é o setor que mais cresce, na economia das
nações industrializadas.
No Brasil, o potencial turístico pode oferecer
uma nova esperança aos milhões de desempregados.
Organizações de ensino como o SENAC e o SENAI,
assim como os cursos de Turismo de nível
superior, devem receber mais apoio e maior
divulgação, inclusive entre os que ainda estão
escolhendo a sua área de atuação profissional.
Na formação do civismo indispensável ao
fortalecimento da nacionalidade, o turismo
representa igualmente um campo a ser considerado
em todos os seus aspectos.
Assim, de qualquer ângulo, sempre parecem
louváveis todas as iniciativas que visem a um
plano de desenvolvimento turístico conveniente a
este momento histórico e de acordo com os
interesses nacionais.
De grande valor também seria desenvolver aqui
uma campanha educativa, de conscientização das
massas, de maneira que a população se colocasse
no papel de guia informal, conscientizando os
cidadãos sobre o dever de proteger e divulgar
nossas belezas naturais. A essas, o engenho, a
criatividade do brasileiro acrescenta – com
sucesso – obras que bem expressam os frutos de
seu trabalho e de sua capacidade, além de
manifestações culturais que são motivo de
orgulho para sucessivas gerações.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 28 de janeiro de 1984
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