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A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA DENUNCIOU AS
INJUSTIÇAS DO CAPITALISMO
O sistema capitalista, em seus princípios
básicos doutrinários, visa essencialmente ao
lucro; não respeita os interesses e as
necessidades da comunidade; não respeita o
indivíduo como ser humano; não recua ante o fato
de estar explorando pessoas. Ora, no dia em que
o capitalismo se adaptar para atender às
exigências da solidariedade universal, deixará
de ser capitalismo. Porque um sistema que não
coloque o lucro acima do bem comum não pode mais
ser chamado de capitalismo.
Afirma-se que o capitalismo, em si, não foi
condenado pela Igreja Católica, considerando-se
que esta, ao entender o capitalismo em suas
teorias, de modo abstrato, como um sistema
econômico baseado na propriedade privada, o
capital, a livre concorrência e o lucro como
incentivos, chega à conclusão de que esses
conceitos não contrariam a lei natural. Correto.
Na realidade, o problema reside na aplicação do
sistema. E a Igreja foi a primeira e a mais
audaz condenadora do capitalismo histórico e de
seus abusos.
A Igreja não cessou de protestar contra o
sistema, desde o Papa Leão XIII até os nossos
dias, compreendendo o capitalismo um dos
responsáveis pela situação dos assalariados
carentes de bens e serviços.
O capitalismo tradicional apresenta linhas de
ação condenadas pela Igreja e, sendo assim, não
pode ser uma escolha aceitável para os cristãos:
1 - nega toda relação entre moral e economia
(concepção naturalística);
2 - pratica uma injusta distribuição de riquezas
(enriquecimento de alguns e o empobrecimento dos
trabalhadores);
3 - promove injustiças sociais (salários
insuficientes ou de fome; condições de trabalho
prejudiciais à saúde física, à moral e à fé
religiosa; propicia a desintegração da vida
familiar;
4 - causa o mal-estar entre as classes;
5 - é a ditadura econômica;
6 - contribui para o servilismo do Estado;
7 – defende a propriedade privada ilimitada.
Nós, cristãos, temos outras soluções, propostas
solidárias, mais abrangentes e profundas,
fundamentadas na Doutrina Social da Igreja.
Algumas pessoas dizem, confundindo o capital com
o sistema capitalista: “Afinal, mesmo sendo
cristãos, não podemos condenar o capital. Se não
houver capital, se o combatermos, como vamos
progredir? É preciso dinheiro para fazer
estradas, construir hospitais, fundar
universidades, centros de pesquisas científicas,
etc.”
Tal observação não reflete o pensamento cristão.
Ao condenarmos o sistema capitalista, um sistema
sem preocupações sociais, não estamos propondo
uma sociedade sem a presença do capital
(instrumento e recurso).
a) - O capitalismo tem um posicionamento em
relação ao capital;
b) - o comunismo ou o materialismo dialético
adota a sua posição diante do capital (diferente
da posição do capitalismo...);
c) - a Doutrina Social da Igreja também assume
um posicionamento próprio diante do capital (um
posicionamento solidário, diferente das
imposições capitalistas e comunistas).
Theresa Catharina de Góes Campos
Coordenadora do Curso de Formação de Líderes
Católicos
Rio de Janeiro, 1963. |
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