Theresa Catharina de Góes Campos

 
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA DENUNCIOU AS INJUSTIÇAS DO CAPITALISMO

O sistema capitalista, em seus princípios básicos doutrinários, visa essencialmente ao lucro; não respeita os interesses e as necessidades da comunidade; não respeita o indivíduo como ser humano; não recua ante o fato de estar explorando pessoas. Ora, no dia em que o capitalismo se adaptar para atender às exigências da solidariedade universal, deixará de ser capitalismo. Porque um sistema que não coloque o lucro acima do bem comum não pode mais ser chamado de capitalismo.

Afirma-se que o capitalismo, em si, não foi condenado pela Igreja Católica, considerando-se que esta, ao entender o capitalismo em suas teorias, de modo abstrato, como um sistema econômico baseado na propriedade privada, o capital, a livre concorrência e o lucro como incentivos, chega à conclusão de que esses conceitos não contrariam a lei natural. Correto. Na realidade, o problema reside na aplicação do sistema. E a Igreja foi a primeira e a mais audaz condenadora do capitalismo histórico e de seus abusos.

A Igreja não cessou de protestar contra o sistema, desde o Papa Leão XIII até os nossos dias, compreendendo o capitalismo um dos responsáveis pela situação dos assalariados carentes de bens e serviços.

O capitalismo tradicional apresenta linhas de ação condenadas pela Igreja e, sendo assim, não pode ser uma escolha aceitável para os cristãos:

1 - nega toda relação entre moral e economia (concepção naturalística);
2 - pratica uma injusta distribuição de riquezas (enriquecimento de alguns e o empobrecimento dos trabalhadores);
3 - promove injustiças sociais (salários insuficientes ou de fome; condições de trabalho prejudiciais à saúde física, à moral e à fé religiosa; propicia a desintegração da vida familiar;
4 - causa o mal-estar entre as classes;
5 - é a ditadura econômica;
6 - contribui para o servilismo do Estado;
7 – defende a propriedade privada ilimitada.

Nós, cristãos, temos outras soluções, propostas solidárias, mais abrangentes e profundas, fundamentadas na Doutrina Social da Igreja.

Algumas pessoas dizem, confundindo o capital com o sistema capitalista: “Afinal, mesmo sendo cristãos, não podemos condenar o capital. Se não houver capital, se o combatermos, como vamos progredir? É preciso dinheiro para fazer estradas, construir hospitais, fundar universidades, centros de pesquisas científicas, etc.”

Tal observação não reflete o pensamento cristão. Ao condenarmos o sistema capitalista, um sistema sem preocupações sociais, não estamos propondo uma sociedade sem a presença do capital (instrumento e recurso).

a) - O capitalismo tem um posicionamento em relação ao capital;
b) - o comunismo ou o materialismo dialético adota a sua posição diante do capital (diferente da posição do capitalismo...);
c) - a Doutrina Social da Igreja também assume um posicionamento próprio diante do capital (um posicionamento solidário, diferente das imposições capitalistas e comunistas).

Theresa Catharina de Góes Campos
Coordenadora do Curso de Formação de Líderes Católicos
Rio de Janeiro, 1963.
 

Jornalismo com ética e solidariedade.