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A GLÓRIA DA FRANÇA, A SIMPATIA DE PORTUGAL
Passei 18 dias na Europa e tive a oportunidade
de visitar a Suíça, França e Portugal.
Achei Genebra linda: os bosques! o estilo de
casas realmente original! A estrada para
Caux-sur-Montreux vai costeando o Lac Léman.
Quantas flores pelo chão: azuis, amarelas,
vermelhas, brancas! Nas casas, havia gerânios
nas portas e janelas. Algumas pessoas passeavam,
outras tomavam banho. Cisnes nadavam, enquanto
alguns pássaros pousavam na superfície límpida
das águas. Passamos por vários templos
protestantes, porque não estávamos na região do
país com uma população católica. Pudemos ver
também o tão comentado Palácio das Nações e o
Escritório Internacional do Trabalho. São
edifícios imponentes, a contrastar com a
simplicidade da natureza. Em apenas duas horas
aproveitamos para atravessar Lausanne e,
finalmente, Montreux. Há vários hotéis pelo
trajeto e soubemos que, em um deles, se
encontrava a Imperatriz Elizabeth da Áustria,
Sissi, quando foi apunhalada perto do lago.
Subindo pelas montanhas, a paisagem é
deslumbrante. Tive um desejo irresistível de
descer do ônibus e andar, apalpar as flores para
me certificar de que eram realidade. E sorrir
para as crianças, e tocar de leve aquela água
que me atraía. A natureza ali se mostra toda
harmoniosa, toda singeleza. Parece que, assim,
os seres inanimados desejam mostrar a ternura
infinita que sentem pelos que têm uma alma. As
coisas efêmeras, que passam, não permanecem,
demonstram não sentir rancor em relação àqueles
que receberam o dom da imortalidade! Que bela
lição para a humanidade: as frágeis florzinhas
vão cobrindo o pó da estrada, as pedras ásperas
do caminho!
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Eram 7h30 da manhã quando chegamos à estação
ferroviária de Paris. Antes, já experimentara
sentimentos inteiramente diversos e, por que não
dizer?, eletrizantes para o meu coração. Sempre
disse que desejava visitar a França, não só a
capital, tão cosmopolita, mas viver uns três
meses com o povo das diversas cidades, tentando
compreendê-lo, procurando saber o maior número
de informações acerca do seu passado histórico e
da sua vida atual.
A grande verdade: amo a França (Estou sentindo
agora algo atordoante- parece que tenho um
desejo imenso de fazer o mesmo em relação a
todos os países). Ela significa, para mim, em
primeiro lugar, a terra que Saint-Exupéry amou.
E era essa frase que eu repetia interiormente:
quando, da janela do meu quarto na Suíça, olhava
as montanhas e me lembrava que, além delas, está
situado o país cuja civilização é das maiores;
quando, no passeio pelo lago de Genebra (Lac
Léman), o barco tocou margens francesas e eu,
olhando as árvores tão belas, as casas, pensei:
- “Tudo isto já pertenceu a invasores”; quando o
dia amanhecia e, do trem, contemplava as terras
que passavam ligeiras, os extensos campos, as
capelas de estilo rústico, sentindo a alma dos
lugares, que não me pareciam distantes, difíceis
de estimar. Um pensamento martelava o meu
cérebro – por ali estiveram os alemães, na
Segunda Guerra Mundial, cujo terrível regime
nazista foi combatido, na Segunda Guerra Mundial
(1939-1944), pela heroica Resistência. Gostaria
de ter tomado, em minhas mãos de brasileira, um
punhado de areia daquele solo, de andar sem rumo
alguns minutos e tocar os ramos das árvores.
Talvez até me sentasse para escrever tudo que
havia no meu espírito pleno de emoção. Quase não
acreditava! Eu estava na França, na França (Que
som mágico tem essa palavra!).
Percorremos o movimentado comércio de Paris,
vendo suas mulheres elegantíssimas e os homens
de cabelos precisando ser cortados, gente com o
pão debaixo do braço, sem papel; o progresso da
cidade, com seu famoso Metrô, com as Galeries
Lafayette (8 andares), etc. O que nos
maravilhou, porém, foi a história dessa terra,
memória conservada nas praças, igrejas, avenidas
e nos monumentos. Na Place Vendôme, há uma
coluna dedicada a Napoleão por ele mesmo e
construída com os canhões de Austerlitz. A
guilhotina ficava na Place de la Concorde, que
tem ao centro o obelisco Louqsor, com pedras de
três mil anos de idade. A avenida dos Campos
Elíseos, com o Arco do Triunfo, é algo
emocionante! Inteiramente ladeada por árvores
estende-se por kilômetros. No outro lado está a
réplica menor ao Arco, feita por Carrousel e
situada de modo esplêndido entre o Louvre e as
Tulherias. Ambos datam do século XIX , sendo a
distância entre eles de 3 kilômetros.
Não há realmente palavras para descrever
perfeitamente o que é o Arco do Triunfo (Arc de
Triomphe de l’Étoile). Construído à glória dos
exércitos napoleônicos, tem 50 metros de altura.
O terraço proporciona uma vista belíssima da
cidade. Há dois altos-relevos: o da esquerda,
representa o esplendor de Napoleão I, enquanto,
à direita, o outro fala dos soldados que partem
para a luta. Embaixo do monumento se encontra o
túmulo do Soldado Desconhecido (1914 – 1918),
cujas flores são mudadas diariamente às 18h15,
em tocante cerimônia. Senti muito não ter podido
visitar o local. Gostaria de rezar ali por todos
aqueles que deram a sua vida, humilde e anônima,
pela França. No ônibus, sem descer, fiquei
arrepiada, de tão emocionada. Não pensava no
famoso general e imperador, não. Vinham-me à
mente os sacrifícios do povo, dominado pelos
nazistas durante a Ocupação; seus sofrimentos, a
revolta que experimentou quando Hitler fez
questão de passar sob o Arco. Amei o povo
francês ainda mais, chorei... França – bendita
terra de grandes homens! França – país que foi
amado acima de tudo por seus gloriosos filhos.
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Portugal, com os encantos de Lisboa, Fátima,
Nazaré, tomou de mansinho o meu coração. Que
povo bom, simples, trabalhador! Devemos nos
orgulhar de nossa origem! Há um desejo constante
de agradar aos visitantes, aos brasileiros,
principalmente:
“- Não queremos que se sintam aqui como
estrangeiros. Vocês são brasileiros, estão em
casa”.
O ambiente familiar, com pessoas educadas,
bonitas e bem vestidas. Não vi ninguém lendo
revistas em quadrinhos, ao contrário, os
cabineiros (ascensoristas) do nosso hotel,
garotos de 11 a 13 anos, traziam sempre às mãos
um exemplar de Seleções ou um livro qualquer. A
capital é limpa, bem cuidada, arborizada. Não há
favelas. E o mais importante: conservam as
tradições com carinho. O turismo, além de
organizado, se distingue do francês porque
promove o patriotismo. Enquanto o parisiense
demonstra pouco entusiasmo e só trabalhar na
tarefa pela qual recebe pagamento e, por
exemplo, atravessa quase toda a cidade de Paris
sem dizer nada porque a programação do passeio é
Versalhes, o português parece declarar a todo
momento, mesmo em silêncio: "Eu amo a minha
pátria."
Com muita razão, falou um turista argentino:
“Quem não viu Lisboa não viu coisa boa”. A Praça
da Restauração está situada na Avenida da
Liberdade, que é bonita e de proporções
modernas, não demonstrando ser do tempo do
Marquês de Pombal, chamado por isso mesmo de
“louco” naquela época. O largo do Roscio, no
centro comercial, tem um monumento a D. Pedro
IV, nosso D. Pedro I, aliás, um dos soberanos
mais queridos em Portugal, por ter livrado o
país de seu irmão absolutista, D. Miguel e ter
governado liberalmente. O Museu Nacional dos
Coches (carruagens), o Museu de Arte Antiga e o
de Arte Moderna possuem patrimônios valiosos.
Quanto ao Castelo de S. Jorge, confesso: eis o
meu preferido, inesquecível para mim. Essa
fortaleza, cercada de canhões e jardins, ostenta
a imagem do santo como cruzado, sem cavalo e sem
dragão; à noite, iluminada, parece um sonho.
Sorridente, eu me detive junto ao poço do
castelo, rodeado por árvores, encantada por me
encontrar abaixo do seu arco abençoado por uma
cruz - uma fonte bem especial, de tão singela!
Acho que não faltarei à verdade se disser que me
enamorei de Portugal.
Theresa Catharina de Góes Campos
Recife - PE, Jornal "O Farol", novembro de 1961.
De: Tereza Halliday
Data: 1 de outubro de 2014
Pensei que era viagem recente. Só notei a fonte
e data ao fim da leitura.
Beijo, Tereza Lúcia
De: Liman Pechliye
Data: 29 de setembro de 2014
Querida Theresa, espero que tudo esteja bem!
Que descrição linda e poética!
Sabia que há um lago em Genebra com meu nome,
Lac Léman, eu li a respeito, tive vontade de
conhecer, mas ainda não consegui esse
privilégio.
Beijos e abraços saudosos.
Leman
De: Joao Vianey de Farias
Data: 29 de setembro de 2014 08:12
Theresa, bom dia!
Que bela descrição de sua presença no Velho
Mundo.
Um "banho" de história, cultura, emoção...
Você escreve muito bem. Tem uma sensibilidade e
uma percepção admiráveis.
Agora me deu até vontade de visitar (conhecer) a
Europa; especialmente Portugal.
Joao Vianey de Farias
De: Suzana Katzenstein
Data: 29 de setembro de 2014
Que descrição mais gostosa de uma viagem!
Suzana
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