O livro “Os Ovos de Fabergé”, de Toby Faber, Editora Record. A pretexto de contar a vida e obra da família de joalheiros Fabergé, ele acaba tecendo o fio da meada da revolução russa de uma maneira inusitada, até seu fatídico final, sem perder de vista a interessante história da casa de jóias mais importante do país e seus preciosos ovos.
Alguns dos 54 “Ovos Imperiais” que Fabergé fez para a família real russa. Sobreviveram 46, espalhados mundo afora. Mas recentemente foi encontrado um outro ovo num antiquário de uma cidadezinha do interior dos EUA e o comprador pagou uma ninharia por ele (menos de 500 dólares). No entanto um amigo dele aventou a possibilidade de ser um “autêntico”. Levaram a um “expert”, descobriu-se que era um verdadeiro Fabergé e um comprador (que preferiu se manter anônimo) pagou 20 milhões de dólares pela jóia! Seria então o ovo nº 47.
Que não por acaso foram inventados pelo tzar Alexandre III, na Páscoa de 1885, quando encomendou o primeiro, o ovo “Galinha”, para presentear sua adorada Maria Feodorovna, transformando em jóia a tradição ancestral da troca de ovos de galinha enfeitados no dia da comemoração da Ressurreição de Cristo, símbolizando a vida renovada pela “esperança da ressurreição”, na festa religiosa mais importante da Igreja Ortodoxa russa.
O ovo “Galinha” : o primeiro dos ovos imperiais, encomendado por Alexandre III na Páscoa de 1885, inaugurando o último sinônimo de esplendor da Rússia tzarina. Aparentemente , a grande surpresa é que o ovo, copiando uma boneca “matrioshka”, continha esta gema acima, feita de ouro e dentro dela uma galinha, idem, idem.
O “Ovo Militar em aço”: o último a ser feito, na Páscoa de 1916, presente de Nicolau II à imperatriz Alexandra. A surpresa do ovo é esta miniatura de quadro sobre cavalete, que mostra uma cena de Nicolau II junto com seu filho e herdeiro Alexei, debruçados sobre mapas com oficiais de alta patente, já que estavam em plena Primeira Guerra Mundial.
O requintado presente acabou se tornando obrigatório, na família imperial, até a forçada abdicação de Nicolau II ao trono da águia bicéfala, em 1916, quando iniciou a revolução comunista e, em 1917, a família imperial foi fuzilada. Um a um, somente os ovos imperiais vão sendo descritos no livro com minúcia de detalhes, uma leitura curiosa e rica.
Este é Peter Carl Fabergé, que comandava a joalheria russa mais emblemática, na época dos “Ovos Imperiais”.
Fabergé produziu, em tese, 69 ovos, sendo 54 os chamados imperiais, isto é, os encomendados pelos tzares Alexandre III, seu idealizador, e Nicolau II, que prosseguiu com o hábito paterno, até sua queda do trono pela revolução comunista. Os temas, para confecção dos ovos, giravam em torno de datas comemorativas do império, referências à vida pessoal da homenageada, ou ainda, tradições russas.
A linda tzarina Maria Feodorovna, a inspiradora do luxo dos luxos, os ovos Fabergé!
A Imperatriz Alexandra Feodorovna, deslumbrante e também musa inspiradora.
As tzarinas Maria Feodorovna e Alexandra Feodorovna foram as únicas inspiradoras e “recebedoras” do presente pascal mais requintado da face da terra, os ovos imperiais de Fabergé. Eles são o último sinônimo de esplendor da Rússia czarista.
ALGUNS OVOS ENCOMENDADOS POR ALEXANDRE III:
O “Ovo Relógio da Serpente Azul”, de 1887, no qual a lingua de uma serpente indica a hora, é lindo em seu trabalho de esmalte espetacular. Este e o ovo “Galinha” foram os únicos que sobreviveram, da década de 80.
O lindo ovo “Memória de Azov”, presente da páscoa de 1891, de Alexandre para Maria… O curioso é que eles sempre traziam uma surpresa em seus interiores. Aqui, é o lindo navio em que viajavam os dois filhos do casal real, na época da Páscoa.
Ovo “Palácios Dinamarqueses”, de 1890, de Alexandre para Maria, relembra a terra natal da tsarina e é feito de liga tonalizada de ouro, coberta por esmalte absolutamente polido:alta tecnologia!
Um lindo minibiombo, com cenas da Dinamarca, era a surpresa do ovo acima. Até hoje nossos ovos de chocolate copiam esta prática de presentes.
ALGUNS OVOS ENCOMENDADOS POR NICOLAU II:
O lindo ovo “Coroação”, que Nicolau deu para a imperatriz Alexandra, em 1897, comemorando a coroação deles, é considerado, por muitos, a obra-prima de Fabergé.
O espetacular ovo de 1900, “Transiberiano”, que trazia como surpresa a réplica miniatura do trem, em ouro maciço: celebra o feito que permitiu à Rússia dominar os mercados da Ásia, “das praias do Pacífico aos pés do Himalaia”.
Em 1901, Nicolau presenteou a mãe, Maria Feodorovna ,com o ovo “Palácio Gatchina”, inspirado na sua casa de veraneio.
E no mesmo 1901, o ovo de Alexandra foi o “Flores Selvagens”. Flores para Alexandra, grávida da sua quarta filha, Anastasia.
O deslumbrante ovo de 1903, “Pedro, o grande”, quem ganhou foi Alexandra, comemorando os 200 anos da fundação de São Petersburgo pelo tsar Pedro, o grande.
O ovo “Kremlin”, de 1906, foi dos mais elaborados, representando a linda catedral Uspenski.
Ovo “Iate”, de 1909, que comemorava o novo barco do casal real.
Para Maria Feodorovna, em 1910, o ovo “Alexandre III Equestre”, para sua Páscoa, pois relembrava seu adorado marido.
O “Ovo Inverno”, da Páscoa de 1913, foi concebido por Alma Pihl, das poucas mulheres que desenharam para a joalheria. Encomendado por Nicolau II para a mãe, Maria Feodorovna: dos mais lindos!