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MAUS COMPORTAMENTOS
Tereza Halliday – Artesã de Textos
Janeiro continua com os malfeitos que esperamos
consertar a partir dele, no rastro das fantasias
de passagem de ano. Metáfora do Brasil é o
calçadão onde caminho regularmente junto ao mar.
Não posso curtir a caminhada e a bela paisagem
porque preciso defender-me dos perigos que não
deviam estar lá. Tenho de enfrentar ciclistas
que não usam a ciclovia bem ao lado e preferem
apropriar-se da pista dos pedestres. Tenho de
enfrentar skates e patins de jovens que fazem
piruetas e tiram fino em caminhantes,
corredores, carrinhos de bebê e cadeiras de
rodas. Não têm espaço destinado a eles, então
resolvem seus direitos roubando-nos o direito de
caminhar com segurança e gosto. Tenho ainda de
desviar-me dos cocôs de cachorros. Alguns donos
ainda esquecem de levar o saco recolhedor de
dejetos.
No calçadão Brasil, mensalões, petrolões,
gestores públicos sem noção, políticos e
empresários que sabem muito bem o que estão
fazendo, continuam a comportar-se mal – com as
sempre honrosas exceções. Maus comportamentos
“os males do Brasil são”. Quantos brasileiros
sabem o que é mau comportamento? Quantos
acreditam na importância de agir bem? Educação,
palavra mágica onde todo mundo diz que está a
solução, mas quase ninguém se importa. Educação
não é somente adquirir habilidades. Abrange
ética e civilidade. Do contrário, o mau
comportamento prevalece no calçadão onde caminho
e nos descaminhos do país.
O lema do segundo governo Dilma é “Pátria
Educadora”. Isto deve incluir educação para
formar mão de obra - a carência notada; e
educação para formar cidadãos decentes -
carência relegada. Este aspecto não compete
somente à escola, mas aos pais e a um todo de
exemplo, cobrança, punição, incentivo ao bom
comportamento. Somente assim chegaremos, um dia,
a ser respeitáveis, a ter um país que preste.
Diário de Pernambuco, 12 de janeiro 2015 |
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