Chão de Flores
“Com a paleta de cores de
um Volpi extasiado”, mostra fotográfica de
Zuleika de Souza retrata uma Brasília de
estética divergente, bela e humana
De 9 de maio a 29 de junho, o Centro
Cultural Banco do Brasil – Brasília (CCBB-Brasília),
recebe a
mostra fotográfica Chão de Flores, de
Zuleika de Souza. Coletadas ao longo de oito
anos, as imagens retratam muros, paredes,
fachadas e grafites que apresentam uma
Brasília de estética divergente, criada por
pessoas que buscam resgatar suas raízes e
demonstrar resistência ao igual e ao
indiferente. Com curadoria de Paula Simas,
projeto expográfico de Ralph Gehre e textos
de Conceição Freitas, Daniel Mangabeira e
Luiza Venturelli, a exposição terá uma
programação paralela, com oficinas de
fotografia e projeção ao ar livre. A entrada
para a mostra é gratuita e livre para todos
os públicos. A participação nas oficinas é
gratuita, mas sujeita à disponibilidade de
vagas e livre para todos os públicos.
Quanto mais
nos afastamos do centro da cidade, mais
vemos o diverso, o improvisado, a
diversidade, a cor. “Se é arte, não sei, mas
é uma forma totalmente diferente da
estabelecida por arquitetos e designers de
interiores que as pessoas encontraram para
habitar Brasília”, afirma Zuleika de Souza.
A presença da cor, dos padrões e da falta de
ordem criou uma cidade com estética paralela
à de Lucio Costa e Niemeyer, mas ainda assim
reconhecível e habitada. Desde 2008, a
fotógrafa circula por regiões como Recanto
das Emas, Ceilândia, Vila Planalto e não
raro volta para casa com farto material para
se debruçar em busca de espaços que contem
histórias e ofereçam beleza, em lugar
degradado e sem a presença do Estado
divulgado à exaustão pelos meios de
imprensa. “As dificuldades existem ali, mas
também existe beleza, harmonia, leveza de
formas. Só que de uma maneira diferente”.
“Volpi
extasiado”
Para a
curadora da mostra, Paula Simas, Zuleika
realiza, por meio de um recorte
jornalístico, um retrato artístico da cidade
que viu crescer e se desenvolver. Com um
apurado olhar sociológico, Zuleika percebeu
ao longo dos anos a nítida ascensão social
da população que vivia à margem do poder e
da modernidade. Enquanto uns procuram
enxergar apenas buracos e infortúnios,
Zuleika atrai o olhar do espectador para
mostrar beleza e dignidade.
A ideia de
fotografar muros, casas e detalhes internos
das residências surgiu depois que Zuleika
visitou uma das regiões administrativas e
sugeriu a pauta à jornalista Conceição de
Freitas, que assina um dos textos da mostra.
“As casas das cidades-satélites estão
coloridas! Zuleika já vinha fotografando as
fachadas pintadas nas cores das bandeirinhas
de São João. Depois da matéria publicada,
seguiu documentando a arquitetura popular
brasiliense, uma outra arquitetura, que de
moderna restou pouco. As casinhas viraram
sobrado, perderam o telhado, ganharam
puxadinhos e toda a paleta de cores de um
Volpi extasiado”, afirma Conceição.
O mármore
branco e o toque áspero e rude do concreto
aparente ficaram nos palácios monumentais.
“As cidades-satélites são fogosas,
divertidas, singelas, floridas. São escolas
de samba em eterno desfile nas avenidas da
periferia da modernidade”, sentencia.
Para a
fotógrafa e professora do departamento de
comunicação da Universidade de Brasília,
Luiza Venturelli, a obra de Zuleika transita
entre o fotojornalismo e a fotografia de
autor, resultando uma linguagem própria e um
trabalho criativo e original. Tudo acontece
a partir de um olhar revelador e instigante,
fruto de sua vasta experiência em retratar
editorias de moda e, bem antes disso, as
histórias da cidade. “...Que ela nos
apresente essas casas como se vestidas
estivessem para uma noite de gala. Os
petits-pois sobre um fundo vermelho, o
amarelo e verde, o azul pavão, o roxo, o
amarelo-ocre, o rosa e até mesmo o arco-íris
completo, explodem como gritos de
desobediência às normas acadêmicas de uma
arquitetura erudita”, afirma Luiza em seu
texto para a mostra.
Imersão
total
O arquiteto
Daniel Mangabeira, autor de um dos textos
presentes no catálogo da mostra, lembra que
a arquitetura brasileira é, em grande
medida, reconhecida no exterior por
construções monocromáticas. No entanto, a
cultura popular nacional é de forma genérica
associada ao uso excessivo de cores e
texturas. “55 anos após a sua inauguração, a
capital brasileira apresenta contradições
que retratam a nossa complexidade cultural e
a realidade de grande parte das nossas
cidades. Brasília não é apenas o Plano
Piloto. Uma outra Brasília tão ou mais real
do que a planejada é apresentada aqui pela
fotos de Zuleika”.
Chão de
Flores apresenta
ao público 56 fotografias em diversos
tamanhos, formatos e suportes. Seis
plotagens em lona plástica e uma adesivação
recebem o público na Galeria 4. Na parte
interna, 49 impressões em papel fine art e
pigmento mineral apresentam aos brasilienses
sua cidade a partir de uma nova abordagem.
Contígua à sala de exposições, a sala de
Interação traz um totem em que os visitantes
podem clicar em um mapa e ver mais locais
retratados por Zuleika de Souza.
--------------------
Convite para
Abertura:
Favor
confirmar presença pelo telefone 31087630.
Arquivo anexo:
Save The Date_Chao De
Flores.pdf