Theresa Catharina de Góes Campos

     
BONECO MÁGICO

Com fantasia na minha cabeça,
mágica invisível nas minhas mãos,
desenhei no papel um boneco mágico,
poeta fantástico, um amigo irmão
bastante diferente das bonecas
que brincavam com minhas primas.

Ele tem três olhos: o sol de um lado,
a lua no outro lado - assim ficam juntos,
como as margens paralelas dos rios
peregrinos e viajantes, com roteiros
próprios, mas ambíguos e sinuosos.
Jamais separados, sempre juntos,
o que não aconteceria ao sol e à lua,
nem de noite, nem à luz do dia.

Acima desses dois olhos, há um terceiro olho,
com a visão misteriosa para o invisível,
uma sabedoria representada por um beija-flor,
exibindo asas bem mais velozes que o som
do pensamento a voar, ou versos sem rima.

Nas pernas do boneco desenhei cometas.
Os braços são espigas de milho e trigo.
O que eu não mudei, ficou igualzinho
ao que se vê, sem esforço, todos os dias.
Para o meu toque final, pintei de múltiplas
cores os cabelos irregulares do boneco.
Vestido de fantasia, estrelas, magia poética.

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Quem representei? Que pessoa reproduzi?
Talvez um sonho, um desejo mal explicado?
Um ser existente? As ilusões de miragens?
Ilustração dos versos de poema não escrito?

Repito que não sei, falando com sinceridade.
Em nossa vida, nem todas as perguntas
- mesmo sendo importantes - conseguimos
um dia responder. Nem todas as questões
chegaremos, sem dúvida, a compreender.

Porque os enigmas de nossa caminhada -
estrelas distantes, astros desconhecidos -
são como as utopias, os faróis da existência
que escolhemos percorrer até o recomeço.

Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 04 de setembro de 2015


De: Elizabeth Barros
Data: 13 de setembro de 2015

Tia, muito bonito e profundo, parabéns!

Beijos, de sua sobrinha,
Elizabeth

 

Jornalismo com ética e solidariedade.