A PRÁTICA, AS REVISÕES E A EXPERIÊNCIA: com o
passar do tempo, aprendizado e aperfeiçoamento
dos textos - Theresa Catharina de Góes Campos
(Amiga Theresa, seus escritos, com o passar do
tempo, ficam ainda melhores, mais concisos,
preciosos...lembram Graciliano Ramos sobre a
arte de escrever: “Deve-se escrever da mesma
maneira com que as lavadeiras lá de Alagoas
fazem em seu ofício. Elas começam com uma
primeira lavada, molham a roupa suja na beira da
lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no
novamente, voltam a torcer. Colocam o anil,
ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois
enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando
água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra
limpa, e dão mais uma torcida e mais outra,
torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas
dependuram a roupa lavada na corda ou no varal,
para secar. Pois quem se mete a escrever devia
fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita
para enfeitar, brilhar como ouro falso; a
palavra foi feita para dizer.”
Um abraço fraterno,
João Vianey de Farias)
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Estimado João Vianey:
Agradeço a mensagem de incentivo, inclusive por
ressaltar o conselho do romancista Graciliano
Ramos, que ele próprio seguia. Graciliano Ramos
costumava revisar os textos que escrevia, até se
dar por satisfeito! As restrições dos
jornalistas, porém, no exercício de seu ofício,
incluem a pressão do tempo, o estresse da
urgência. E também, a questão do retorno
financeiro, efetuado só depois da publicação. Ao
contrário dos escritores que conseguem
adiantamentos das editoras para um livro a ser
escrito.
Ao mesmo tempo, quem pretende se aperfeiçoar na
escrita recebe, de especialistas, a orientação
para aprender escrevendo. Enquanto se dedica a
esse aprendizado, nem sempre o escritor consegue
avaliar seus textos com a devida propriedade.
Inúmeras obras foram descartadas devido a uma
avaliação negativa que motivou a sua destruição,
pelo autor ou por outros. O gosto das pessoas é
diversificado, sofrendo alterações de épocas e
contextos que, dinamicamente, seguem mudando. Há
leitores, editores e críticos, com parâmetros
diferentes nos objetivos e na formação cultural.
Cada gênero (jornalístico, literário, dramático)
se expressa por meio de linguagens específicas
(conto, poesia, romance, ensaio, tese, peça de
teatro, roteiro cinematográfico, discurso, aula,
palestra, letra de música...), com propostas,
duração de tempo, número de páginas variáveis.
Inovar as tradicionais regras de gênero pode se
tornar, ainda, um desafio possível de
realização, para os que têm o ofício de
escrever. Mas não há garantias de sucesso. Ou os
bons resultados permanecem inconclusivos, ou
temporários. Talvez agradem a uns poucos,
desagradando à maioria. Sem público nem
leitores, mesmo nesse caso, prefiro aconselhar
que será muito temerário destruir as páginas que
alguém escreveu por acreditar que valia a pena
escrever.
Encerro essas observações reafirmando a amizade
de sempre.
Theresa Catharina de Góes Campos
De: Leman Pechliye
Data: 3 de março de 2017
Theresa,
Estou colocando em dia o atraso!
Já li seus textos, as poesias e os
pensamentos... Concordo plenamente com seu amigo
João Vianey!
(...)
Leman
De: Berê Bahia
Data: 6 de abril de 2017
Querida Theresa, assino embaixo das palavras de
João Vianey.
Adorei a comparação das lavadeiras x escritor,
só uma mente brilhante como a de Graciliano para
engendrar esta metamorfose.
Abração,
Berê |