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De: Alexandre Heluany
Data: 10 de abril de 2017
Assunto: Feliz Pessach
do Livro: Do Otimismo À Esperança - Coletânea de
pensamentos do dia a dia - Rabino Lord Jonathan
Sacks - Ed Sêfer - Ano 2013.
Há 3.300 anos, um grupo de escravos foi
libertado e começou aquilo que Nelson Mandela
chama de "A Longa Caminhada até a Liberdade". E
desde então, nesta época do ano, nós revivemos a
história deles pelo que chamamos de Pêssach, a
Páscoa, a festa judaica do êxodo, e vamos
comemorá-la em breve, na próxima semana.
Para mim, isso levanta uma questão fascinante.
Imagine se pudéssemos voltar no tempo e conhecer
o grande faraó em pessoa, Ramsés II. Eu sei o
que eu diria: "Ramsés, tenho boas e más
notícias. A boa notícia é que um povo que existe
hoje ainda existirá daqui a milhares de anos. A
má notícia é que não será o seu. Será aquele
grupo de escravos lá fora, trabalhando na
construção de teus grandes templos, o povo que
você chama de habiru ou hebreus, os filhos de
Israel".
Nada poderia soar mais absurdo. O Egito dos
faraós era o maior império do mundo antigo, e os
hebreus não eram nada - faziam trabalho escravo,
eram impotentes, ainda nem eram uma nação. Mas
foram eles, e não os faraós, que sobreviveram e
continuam até hoje.
Como isso aconteceu? Acredito que a resposta
seja esta.
O antigo Egito e a antiga Israel eram dois povos
que fizeram a mais decisiva das perguntas: como,
num curto período de tempo, é possível criar
algo que perdure para sempre? Como é possível
conquistar a imortalidade?
Os egípcios deram uma resposta: construir
grandes monumentos de pedra - templos, pirâmides
- que resistirão aos ventos e areias do tempo. E
assim fizeram. O que eles construíram continua
em pé. Mas apenas os edifícios, e não a
civilização que um dia lhes deu vida.
Os israelitas deram uma resposta diferente.
Vocês não precisam criar monumentos. Tudo o que
precisam fazer é contar a história de geração
após geração. Vocês precisam gravar seus valores
nos corações dos seus filhos e eles nos dos
filhos deles, de modo que vocês vivam dentro
deles, e assim por diante, até o fim dos tempos.
Vocês precisam construir uma civilização
centrada no lar, na escola e na educação, como
uma conversa entre gerações. Vocês precisam
colocar as crianças em primeiro lugar. É isso
que os judeus têm feito por milhões de anos, e é
por isso que estamos aqui hoje.
E se há uma mensagem que eu gostaria de gritar
para todo mundo ouvir seria esta: cuidem do
casamento, da paternidade e da família. Vamos
passar um tempo com os nossos filhos, contando
nossa história, transmitindo a eles nossas
esperanças e sonhos. Nós não fazemos isso o
suficiente hoje em dia, e é isso que faz toda a
diferença. É isso, e somente isso, que mantém
uma civilização viva.
Rabino Lord Jonathan Sacks |
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