Theresa Catharina de Góes Campos

     

quarta-feira, 15 de março de 2017

AMOR-PERFEITO
 
Aliris Porto Alegre dos Santos
 
 
 
                                    (Minha jardineira)
 
Que amor de flor, não é mesmo?! Ela nos encanta tanto pela policromia exuberante como pela singeleza de suas flores. O conjunto de algumas, então, deslumbra nossos olhos e enternece nossos corações!
Amores-perfeitos, aqui e ali, estão presentes na minha vida. Meu pai, um apaixonado por flores, todo início de primavera, costumava plantá-los, num canteiro, à esquerda da entrada da nossa casa, e eles floresciam até o início do outono. Nós, as filhas, bem ao estilo “anos dourados”, escolhíamos as que mais nos encantavam e guardávamos entre as páginas de livros grossos para que, mesmo secas, ficássemos com elas por mais tempo. Por muitos anos, vez por outra, ao folhear livros antigos, ainda encontrava uma flor seca que sempre me emocionava. E, acredito, se procurar bem entre os meus “guardados”, ainda encontre alguma.
Com essa vivência tão terna, tão rica, vida afora, sempre que tive oportunidade, parei, com carinho, para admirar essa flor que, além da beleza, fala cheia de intimidade com a minha sensibilidade, a minha saudade...
Por isso, quando minha filha Raquel e o genro, Rodrigo, me disseram que iriam oferecer sementes de amor-perfeito como lembrança do casamento deles, fiquei emocionada. E, mais emocionada ainda fiquei, quando vi as lembrancinhas prontas.

 

 

 

 

 
Após o casamento, no início da primavera, como fazia meu pai, plantei as minhas sementes numa jardineira que, pouco tempo depois, ficou, encantadora, belíssima! Pensei que, exatamente como eles escreveram, “quem planta amor, colhe felicidade”, e não pude deixar de refletir sobre o milagre de uma minúscula semente ou de breve olhar se transformar de maneira tão exuberante.
Admirei meus amores-perfeitos, cuidei deles, mas não com a dedicação necessária. O resultado não poderia ser outro: eles foram ficando mais acanhados, alguns murchos e outros até morreram com flores ainda por abrir.
Há poucos dias, numa manhã ensolarada, resolvi cuidar deles com mais atenção: cortei flores murchas, afofei a terra, pus pequenas estacas em alguns e plantei novas sementes nas falhas para recuperar a beleza exuberante da minha jardineira. Ao fazer essa tarefa, foi inevitável refletir sobre a felicidade que colhe aquele que planta. Sim, revivi a experiência: plantei sementes e elas floriram...
E a analogia foi inevitável! Assim é o amor, ele chega a nossas vidas sem muito explicar e nós o acolhemos com ternura e reservamos para ele lugar especial em nossos corações, tal como a terra fofa e fértil da jardineira em que semeei meus amores-perfeitos. Mas para que a florescência tenha vida longa e seu encanto seja, “eterno enquanto dure”, como disse Vinicius de Moraes, é preciso dedicação diária, “adubação” periódica, limpeza das “ervas daninhas”, atenção para essa ou aquela necessidade, às vezes, como fiz, apoio para que não feneça e possa continuar produzindo seus milagres e, com eles, as novas sementes, a possibilidade única do verdadeiramente eterno.
Enfim, minha manhã foi abençoada: me proporcionou uma saudade gostosa, me fez refletir sobre o simples que muitas e muitas vezes esquecemos. Espero, apenas, que não tenha sido tarde demais e eu possa recuperar toda a beleza da minha jardineira multicolorida de amores-perfeitos. E, principalmente, que aqueles que me lerem possam, como eu, parar, refletir, sentir e, sobretudo, amar, com sensibilidade, dedicação, respeito.

 
Amorosamente, Aliris
18.02.2017
Aliris Porto Alegre dos Santos
 

 
Blog Janelas da minha Alma, da professora Aliris Porto Alegre dos Santos

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Registro amoroso de vivências, fatos, impressões e saudades que insistem em não ser apenas lembranças...

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