De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Data: 4 de novembro de 2017
Assunto: Vivemos em tempos mortos
Vivendo em
tempos mortos?
Em tempo algum houve tanta oportunidade para que
os seres humanos se comunicassem: celulares,
facebook, blogs e tantos outros. O problema é:
que tipo de comunicação? Com exceções, é claro,
aparecem muito fotos de viagem, fotos de pratos
em restaurantes ou preparados em casa para os
mais queridos; mensagens inócuas ou patéticas
falando de atividades corriqueiras. As mensagens
nos celulares a qualquer hora ou lugar, isolando
a pessoa que se encontra ao lado. Há, inclusive,
um total desvendamento da intimidade pessoal.
Casais famosos em cenas de carinho explicito.
Uma invasão de privacidade pelo próprio sujeito
dela.
Qual o objetivo? Aparentemente há um constante:
falar de si: expor a imagem; se tornar
onipotentemente presente de todas as maneiras
possíveis e a todos. Nenhum senso crítico;
nenhuma interrogação; nenhum posicionamento
sobre algo que transcenda este cotidiano que é
exposto, como se todos estivessem por ele
interessados.
Será? Todos estão certos que os amigos de fato
se interessam por isto? Esta unanimidade que não
ouve, somente mostra o que lhe interessa, tem
formado um batalhão de zumbis. Todos obedecem ao
mesmo figurino. Trata-se de uma comunicação
morta ao nascer; voltada para o ter e o ego.
Onde todos se fazem iguais. Algum outro
significado?
E quando se multiplicam inexoravelmente, por
tantos cotidianos sem maior significado,
perde-se a paixão, o interesse que transcende, a
especificidade, a pessoalidade. Não é a
diferença que contará. Não será importante o
invisível, o segredo a desvendar, o campo de luz
e sombras de que pode se constituir o ser
humano. Aquilo que é fascinante na descoberta do
outro. Perde-se o essencial. Sobra o supérfluo.
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
De: Suzana Katzenstein
Data: 5 de novembro de 2017
Acho que a palavra chave desse texto é ZUMBI. E
depois as pessoas se queixam que estão sendo
zoadas. Realmente concordo com o texto e penso
que nunca as pessoas estiveram, na verdade, tão
sozinhas.
Suzana
De: Monaliza Arruda
Data: 6 de novembro de 2017
Muito bom o texto, concordo plenamente.
Monaliza Barbosa Arruda |