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PARCIALIDADE
Imaginem o que não seria revelado, se os
personagens envolvidos nos diálogos gravados
ilicitamente, fossem os corrompidos e os
corruptores! Imaginem o que seriam entre a turma
que se organiza para derrubar a Lava Jato.
Enquanto isto, até hoje, os diálogos da equipe
da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro, revelam
um cuidado com as provas, um interesse em
dirimir dúvidas, um questionamento quanto a
estratégias que poderiam funcionar melhor na
obtenção de resultados. Envolvendo, como é
normal no judiciário brasileiro, uma ação mais
ativa do juiz.
Todavia, vale lembrar: com que lidavam estes
profissionais da Lava Jato? Com a montagem
estratégica, sistêmica, estruturada de um amplo
trabalho de corrupção nos subterrâneos do
Estado, espoliando os recursos públicos para
enriquecimento pessoal. Envolvendo quase todas
as empresas estatais e Ministérios. Tratava-se
de enfrentar a elite da sociedade brasileira. Os
maiores grupos de poder do país: grandes
empresários, principais figuras do governo,
parlamentares, entre outros.
E de que parcialidade estamos falando? De
sentimentos, frustrações, interpretações e
iniciativas dos profissionais envolvidos na Lava
Jato? Em que momento os curtos diálogos,
travados sem a menor preocupação, falsearam
provas e fatos, induziram depoimentos,
mascararam situações? Levando-se em conta que,
após tantos recursos, tantos julgamentos em
diversas instâncias, os envolvidos foram presos.
Assim como retornaram ao Tesouro, somas de
dinheiro inacreditáveis, até de pessoas físicas.
E os casos não foram questionados. Somente a
defesa do ex presidente Lula insiste. Até para
justificar seus ganhos. E, apesar de todas as
instâncias, não conseguiu provar sua inocência.
Impossível, por outro lado, ao questionar o juiz
Sérgio Moro, não questionar também todas as
outras instâncias condenatórias que compactuaram
com seu julgamento.
É inacreditável a soma de recursos que um réu
pode impetrar na justiça brasileira. O que a
torna um joguete de manipulação. Enquanto isto,
a Controladoria - Geral da União (CGU), a
Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério
Público Federal (MPF) e o Departamento de
Justiça Norte americano, anunciaram o final da
primeira negociação global no âmbito da Operação
Lava Jato. O total envolve um acordo de
leniência no valor de R$ 1.13 bilhão, a ser pago
pelas empresas Technip Brasil e Flexibras, por
contratos fraudulentos que utilizaram verbas
públicas para concessão de vantagens indevidas.
Desse total, R$ 819 milhões serão destinados a
Petrobrás.
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
28 de jun de 2019 |
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