Theresa Catharina de Góes Campos

     
AINDA A PARCIALIDADE

Na última reunião da Comissão de Direitos Humanos do dia 25 de junho, parlamentares disseram que o Presidente do Senado afirmara que Moro deveria se afastar e ser levado a julgamento. Seria para rir se não fosse trágico, se não estivéssemos diante de um Congresso no qual quase 50% de seus parlamentares está envolvido com a Justiça. E mais, o que é bem pior, parlamentares julgados, presos em prisão ou condenados à prisão domiciliar, comparecem à Casa, permanecendo com salário, gabinete etc. Sem que, absolutamente, nenhuma autoridade parlamentar tome alguma providência. Colocando por terra a Lei da Ficha Limpa e acobertando criminosos.

Sem falar na falta de autoridade moral que o Congresso continua a cultivar, quando não elimina todos os privilégios e mordomias. E invade o espaço do Executivo nos diversos níveis, com as emendas parlamentares. Ou seja, a utilização de recursos públicos para propaganda pessoal. E, por favor, não subestimem a nossa inteligência. Não se trata de vocês terem maior conhecimento da realidade de suas terras. Trata-se de vocês criarem o maior sistema de apoio a suas candidaturas: o Fundo Partidário, sempre objeto de corrupção; um número patético de Partidos Políticos aprofundando o processo de comercialização das relações políticas institucionais; as emendas; a troca de favores por votação de medidas do Governo. Ou, em nível individual, um número ilimitado de contratações nos gabinetes; a verba indenizatória; apartamentos; carros etc. O que faz o Congresso brasileiro o segundo mais caro do mundo.

Mordomias, privilégios, acobertamento de criminosos julgados, um sistema amplo de medidas protetivas à reeleição e manutenção dos Partidos sem nenhum esforço de seus dirigentes. A bem da verdade, retirada a contribuição obrigatória dos trabalhadores, o que fez a riqueza e a boa vida de sindicalistas, vocês deveriam abdicar do Fundo Partidário. Tal como os sindicatos, deveriam assumir as responsabilidades pela vida partidária e as eleições. É uma vergonha usufruírem de tanto em uma sociedade na qual um professor de ensino médio ganha cerca de R$3.800,00 e não há estímulo na carreira.

É evidente que a oposição manterá o discurso de julgamento do Juiz Moro e da turma da Lava Jato. E todas as verdades deverão vir à tona. Inclusive as provas da inocência do Lula que não apareceram até agora. Como no sitio Atibaia, no qual era totalmente impossível não enxergar as reformas feitas. E não pagas. Enfim, verdade dita, verdade aceita. Mas não podemos aceitar julgamentos de um Congresso que ainda não encontrou o caminho da ética.

LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
28 de jun de 2019

 

Jornalismo com ética e solidariedade.