SÉRGIO MORO, um brasileiro de caráter: corajoso,
honrado, ético e competente luta contra a
corrupção e outros crimes.
Theresa Catharina de Góes Campos
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De: Reynaldo Ferreira
Date: qua, 31 de jul de 2019
Repassando: Ótimo, magnífico, esse artigo, do
amigo Aylé Salassié Quintão, que eu assinaria
embaixo!...Mas mudaria o título
para "Seja marginal, que o Brasil lhe agradece"
“Seja marginal, seja herói!”
Aylê-Salasssié F. Quintão*
A menos
que sejamos todos marginais, pergunto: Que
interesse público justifica o cerco ao juiz
Sergio Moro, vagarosamente transformado no maior
vilão da História do Brasil desde que os
colonizadores se foram
?
Por meio de uma
ação transgressora coordenada, a “marginália”
tenta desqualificá-lo, envolvendo inclusive o
Supremo Tribunal Federal. Espera-se com isso
anular sentenças e condenações à prisão,
proferidas contra políticos e
empresários acusados de assaltos aos cofres
públicos . Mas, não é só isso...
A
“marginália” , variável ativa do tropicalismo,
nas décadas de 70 e 80, ganhou forma misturando
a música popular nordestina de raiz com o
espírito irrequieto e crítico de artistas como
Bob Dylan e Jimmi Hendrix. Introduziu
elementos novos para a discussão da carcomida
cultura brasileira. “Seja marginal, seja herói”.
Foi o artista plástico brasileiro Hélio Oiticica
que deu a partida para a sua
institucionalização.
Contudo, a marginália de que se fala agora é
também uma ruptura, mas amparada levianamente em
valores políticos preconizados pelo filósofo
italiano Antonio Gramsci.A perspectiva
revolucionária sofreu profundos
desvios, tornando-se sinônimo de transgressões
em rede entre políticos e empresários, que
passaram a desafiar os costumes e a lei, num
esforço extremo para desmoralizar instituições,
fragilizar o Estado Nacional e apropriar-se
privadamente do bem público.
Sérgio
Moro foi o sujeito , o juiz que apareceu
subitamente no meio do mar de omissos do
Judiciário, encarando corajosamente as práticas
corrosivas, representadas pela corrupção, desvio
de dinheiro público e lavagem de dinheiro. A
reação em cadeia foi imediata, procurando
transformá-lo de herói - mortal divinizado que
desmonta quadrilhas e protege a população - em
criminoso vil, acusando-o de não respeitar as
formalidades dos ritos jurídicos convenientes.
A categoria dos advogados, secundados da OAB,
faz a festa com as situações paradoxais, que ela
mesmo desenha. Cada caso requer, pelo menos,
dois deles. Alguns contratam equipes de
advogados. Em 1.800 casos correndo na Lava Jato
transitam por eles um mínimo de 3.600 advogados.
É bem provável que a remuneração seja gerada dos
recursos públicos desviados, e ainda não
revelados. Só em Brasília existem 30 mil
advogados, a maioria desempregada.
O cenário
é de uma conspiração. A “marginália” pede até a
destituição de Moro do ministério da Justiça. A
imprensa publica notícias sem fonte, e lê na TV
longos libelos, originários do baú da
transgressão, contra o Juiz, os procuradores e a
Polícia Federal. Mídia e agências de lobby
parecem sócias nos saldos do dinheiro podre. A
operação Lava Jato recuperou R$3,5 bilhões, mas
os desvios estimados superam os R$ 100 bilhões.
No meio
jurídico, todos temem a gestão de Moro na
Justiça ou a sua indicação para o Supremo
Tribunal Federal. Os pretensos candidatos à
eleição para Presidente da República em 2022
também temem que a sua aceitação pública ampla o
leve a uma candidatura popular. Nessa raia
correm alguns políticos, entre os quais os
atuais Presidente da República e o da Câmara
Federal. Mesmo sendo um cidadão centrado e
tranquilo, Moro deixou escapar, nos depoimentos
no Congresso, que outros políticos, alguns em
pleno exercício dos mandatos, estariam para
serem julgados na Lava Jato por crimes
similares. Assustou muita gente, inclusive
aliados do Governo.
A pressão
sobre Moro não se estende aos outros ministros,
nem mesmo ao da Fazenda. Já se sabe que Moro é a
chave, até para um imaginário impeachment.
Começa a ficar difícil nas ações contra o
governo distinguir entre o crime político e o
crime comum. Há um esforço profissionalizado no
sentido da desapropriação do Poder,
aproveitando-se da oportunidade de o País ser
governado por um Presidente altamente
dispersivo, centrado nos interesses familiares.
Fala-se em democracia, mas o homem está lá por
eleição direta, e teria de ser digerido, mesmo
querendo nomear o filho embaixador do Brasil em
Washington. Mexer no nepotismo balançaria o
Legislativo e, sobretudo, o Judiciário.
Não foi Bolsonaro também que inaugurou o Febeapa
(Festival de Besteiras). A exaltação exagerada
ou a desqualificação das virtudes nacionais tem
algum tempo, e até ideólogos. Há 40 anos,
Gilberto Gil, em plena “marginália”, assumiu que
éramos todos culpados pelo país que temos:
Eu, brasileiro, confesso
/Minha
culpa, meu pecado/Meu
sonho desesperado/Meu
bem guardado segredo/
Minha aflição[...] Aqui é o fim do mundo.
Mesmo que Gil não mais assuma essas coisas, “scripta
manent”. Moro é um aborto no meio disso
tudo, ao pregar a moralidade e a ética, num País
onde grassa historicamente a transgressão. Moro
é o homem que tem a chave na mão, aquele que
conseguiu quebrar o código de honra (Omertà)
da criminalidade política. Nessa altura, mesmo
que venha a ser transformado em bandido pelos
transgressores que o perseguem, não dá para
ignorar a advertência de Eric Hobsbawn de que
vilões quase sempre tornam-se heróis populares
.Alguns vão parar na cadeia, também é verdade.
*Jornalista
e professor, |